sábado, 30 de outubro de 2010

A menina

Vou só falar dela, dessa menina que acabo de conhecer. Diz sempre não.

- É tão pequenina!
Não sei se é velha ou criança. Não sei!
Tem sempre a mão na barriga e uma lágrima lenta na face.
Sempre a tive por dentro, sem corpo nem rosto. Quando seu coração apertava, doía-me o corpo todo.
Assim, uma pontada que se espalha como se eu fosse sua seara.
Sempre a tive por dentro, descompassada sem espaço nem tempo
Agora que a vejo fora de mim, é tão pequenina!
Diz o menino que acaba de nascer que a embale em meu colo, limpe a lágrima que persiste em sua face.
Diz-me o menino, agora homem que abrace a pequena
até que volte a crescer-me por dentro
com um sorriso na face.

Mesmo que seja de noite!

Conheço a fonte que mana e se espalha,
Mesmo que seja de noite!

Esta fonte eterna está escondida,
Mas como sei bem onde está,
Mesmo que seja de noite!

Nesta noite escura desta vida,
Como a conheço bem, pela fé, a fonte,
Mesmo que seja de noite!

A sua origem, ignoro-a: não a tem,
Mas sei que todos os seres tiram dela a sua origem
Mesmo que seja de noite!

Sei que não pode haver coisa mais bela,
Que a terra e os céus aí se vão dessedentar,
Mesmo que seja de noite!

Sei bem que é um abismo sem fundo
E que ninguém aí pode passar a vau,
Mesmo que seja de noite!

A sua claridade nunca é obscurecida
E sei que toda a luz vem dela,
Mesmo que seja noite!

- São João da Cruz

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

TÃO PERTO, PARTO



tão perto de mim
confundo o espaço
assim quase eu
confundo o tempo
Depois
Sou dois de novo

Neve tão branca, que se confunde na cor

Quando abre os braços
Veleja
Quando adormece
Viaja
Por cada poro uma gota transparente
convida-me
inspira-me em cada beijo 
que dou

tão perto
parto 
sem dor

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

VERDE

Verde te sinto/suado, molhado em mim
Terra húmida que acolhe a semente/esperança de vida
Verde, tão verde te sinto/molhada, suada em ti
Molhada, suada /Verde, tão verde que sou
Pulsa a vida sem corpo/tão verde somos

Amor

Bandos de outros pássaros

«todos estes pássaros intrépidos»
«que rumo ao longínquo mais longínquo voando se vão»
«por certo algures não mais para longe voar conseguirão»
«e sobre algum mastro ou estéril rochedo se aninharão»

«A quem, porém, seria permitido depreender daí que diante deles uma rota livre sem medida não há ainda, que voaram já tão longe como é possível voar?! Todos os nossos grandes mestres e precursores por fim se detiveram: e não é exactamente o mais nobre e mais galante gesto esse com que a fadiga se detém. Também comigo e contigo as coisas se passarão assim. Mas que importa?! Outros pássaros voarão mais longe!»

«bandos de outros pássaros muito mais poderosos do que nós, que se encaminharão para onde nos encaminhávamos e para onde tudo é mar, mar e nada mais do que mar»
Nietzsche

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

No surprises

Passo todos os dias nesta esquina. Conheço-a de cor, desde menina. Já passei criança, adolescente, mais tarde enamorada, depois casada. Noutro dia, voltei descasada. É a esquina conhecida. Tem um angulo recto. Volto à direita, retono à esquerda. No passado não lhe deslumbrava o vértice, agora perco-o de vista. É a esquina que tudo conta em silêncio. Memória viva dos meus passos enquanto viva.

Tudo mudou. A barbearia agora é um bar de gente culta. A mercearia hoje vende papel reciclado. A padaria ainda vende pão pelas mãos das netas da Dona Virginia, já morta.

Tudo muda, menos a esquina sempre bonita. Alí, naquele canto é o único lugar que conheço que faz um ângulo recto.

Não importa quantos passos. Se dez ou mil chega um momento que devo virar à esquerda e se quero voltar viro de novo à direita, certa de que saí do lugar.

Vinha aqui para contar do amor que acabo de fazer. Escrever um poema molhado de poesia, repleto de beijos roubados que silenciam o passado. Vinha aqui timidamente falar de como acariciei o corpo suado do meu amado. Minha boca perdida em seus lábios, meu ventre vivo sem limites a ditar que existo.

Acabo de chegar quase pronta para outra viagem onde invento o amor amado sem vírgulas onde tropeçar.

Vinha a isto que é bonito de se contar, mas só me lembro da esquina - a minha conhecida, onde viro à esquerda e retorno à direita. Aquí nesse canto onde desenho o triângulo da minha existência.

Um ângulo recto. Sem surpresas, por vezes.

"Por todas as partes os teus lábios absorvem as criaturas e as tuas flamígeras fauces tudo devoram"

"Por todas as partes os teus lábios absorvem as criaturas e as tuas flamígeras fauces tudo devoram. O universo inteiro está cheio desse ardor, Vishnu, e em teus feros raios se abrasa"

- Bhagavad-Gîtâ, XI, 30.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

water lily

"[...] embarcar, embarcar sempre, acreditando cada vez menos nos portos de chegada"

"Já você outro dia se revoltou perante o meu prazer de embarcar, embarcar sempre, acreditando cada vez menos nos portos de chegada; […] continuo […] a ter como mais firme dentro em mim a aspiração de que um atinja o heroísmo de me atirar a todas as batalhas em que não haja esperança de vitória. […] Não me tentam nada as estradas que vão de um ponto a outro, de que sabemos, à partida, a quilometragem e a direcção; tentam-me as estradas que não vão dar a nenhum ponto. […]
[…] embarcar num navio que nunca chegará, rumar por mapa e bússola ou goniómetro para o porto que não existe"

- Agostinho da Silva, Sete Cartas a um Jovem Filósofo [1945], in Textos e Ensaios Filosóficos I, pp.246-247.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

para entrares na casa do poema-mãe
tens de construir versos com alicerces de solidão
tirar os sapatos como numa mesquita
olhar os espaços brancos
e os silêncios que fazem teias
a partir do centro
para depois sonhar com o amor
como sonha o filho de ninguém

"É perfeito quem considera igual o benfeitor, o amigo e o inimigo [...]"

"É perfeito quem considera igual o benfeitor, o amigo e o inimigo, o indiferente e o árbitro, os que provocam ódio e os parentes, os bons, por fim, e os maus"

- Bhagavad Gîtâ, VI, 9.

domingo, 24 de outubro de 2010

Colóquio Fiama Hasse Pais Brandão


FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO: ESPLENDOR E INTENSIDADE DA IMAGEM POÉTICA

Nos dias 29 e 30 de Outubro, terá lugar, na Casa Fernando Pessoa, o Colóquio Fiama Hasse Pais Brandão, em que participará um largo número de poetas, críticos e professores universitários.


Trata-se de homenagear e de estudar uma das vozes mais representativas da nossa poesia da segunda metade do século XX, um dos autores que levaram mais longe a profunda renovação do discurso poético português, no seguimento das experiências modernista e surrealista.


A linha poética em que se insere a poesia de Fiama Hasse Pais Brandão é a da revalorização da palavra, como lugar denso, no qual reside, em todo o seu esplendor e intensidade, a imagem.
Iniciando-se com um poema que é uma espécie de enunciação da natureza metafórica da poesia (“Água significa ave // se //a sílaba é uma pedra álgida / sobre o equilíbrio dos olhos // se // as palavras são densas de sangue / e despem objectos”), a obra (Obra Breve) de Fiama, depois de passar por uma fase de atenção ao momento histórico e político, nomeadamente à guerra colonial (Barcas Novas, 1967), dirige-se para a criação de um espaço poético em que, como assinala Luís Miguel Nava no importante ensaio que dedicou ao livro Área Branca (1978), “é posta em causa a existência de qualquer demarcação (...) entre um sentido literal e um sentido figurado”.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Biblioteca Digital (Casa) Fernando Pessoa


«Sê plural como o universo!»

Fernando Pessoa


A Casa Fernando Pessoa possui um tesouro único no mundo: a biblioteca particular desta figura maior da literatura. É muito raro conseguir-se encontrar a biblioteca inteira de um escritor com a dimensão universal de Pessoa. Os livros tendem a mover-se muito depressa: emprestam-se, perdem-se, vendem-se. Pessoa também vendeu alguns – mas deixou-nos 1142 volumes, de todos os géneros e em vários idiomas, densamente anotados e manuscritos.Entendemos que uma biblioteca desta importância devia tornar-se património da humanidade – e não apenas dos que podem deslocar-se a esta Casa onde Fernando Pessoa viveu os últimos quinze anos da sua vida.Graças à dedicação de uma equipa internacional de investigadores coordenada por Jerónimo Pizarro, Patricio Ferrari e Antonio Cardiello foi possível digitalizar, na íntegra, toda a biblioteca. Graças ao apoio da Fundação Vodafone Portugal foi possível colocar online cada uma das páginas digitalizadas. Deste encontro de entusiasmos generosos resultou a disponibilização gratuita da preciosa biblioteca do autor de O Livro do Desassossego, que agora pertence aos leitores em qualquer parte do globo. Procurámos tornar acessível e simples a compreensão da biblioteca no seu todo – que está classificada por categorias temáticas – e a consulta de cada livro. Destacámos páginas que incluem manuscritos do próprio Pessoa – ensaios e poemas escritos nas páginas de guarda dos livros.Trata-se de uma biblioteca aberta ao infinito da interpretação – bela, surpreendente e instigante, como tudo o que Fernando Pessoa criou. Usufruam-na.


Inês Pedrosa
Outubro 2010

Ideias e palavras que escorrem sangue

"Os animais não têm consciência de si mesmos e não são por conseguinte senão meios em vista de um fim. Esse fim é o homem. Por isso este não tem nenhum dever imediato para com eles"
- Emmanuel Kant, Leçons d'Éthique, Paris, Livre de Poche, 1997, p.391.

Eis a clara formulação do antropocentrismo e do especismo que regem a actual civilização e que convertem o homem no predador descontraído e autojustificado do mundo animal, reduzido a um imenso campo de concentração para seu usufruto. É esta ética (!?) e esta estupidez filosófica que predomina nos Códigos Civis, nomeadamente no português, onde os animais são reduzidos ao estatuto de coisas. É esta a mentalidade responsável pelo que se passa nos canis, nas praças de touros, nos matadouros, na indústria da carne, na experimentação animal, nos circos, na caça, na pesca, no uso das peles, etc., etc. É esta mentalidade que é preciso denunciar e extirpar pela raiz. Porque estas ideias e palavras escorrem sangue.

"É inútil a sabedoria estudada mas não aplicada." - Bhagavad-Gita

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"É preciso ter-se separado de muitas coisas que nos pesam, que nos entravam, nos mantêm curvados, nos tornam pesados, a nós, europeus de hoje"



- Caspar David Friedrich, O viajante acima dos nevoeiros, 1817-1818.

"Fala o "viajante" - Para poder examinar de longe a nossa moralidade europeia, para a medir pelo escalão de outras moralidades passadas ou futuras, é preciso fazer como um viajante que quer conhecer a altura das torres de uma cidade: para isso, deixa essa cidade. Para reflectir nos "preconceitos morais" é preciso, sob pena de emitir novos preconceitos, colocarmo-nos fora da moral, subir, trepar, voar até qualquer ponto de vista para além do bem e do mal, na ocorrência passar para além do nosso bem e do nosso mal e libertarmo-nos da totalidade da "Europa", devendo esta Europa entender-se como uma soma de juízos despóticos que nos entraram no sangue. [...] É preciso ser extremamente leve para poder levar tão longe a vontade que se tem de conhecer, para a levar de qualquer forma acima do seu tempo, criar olhos cujo olhar possa abraçar milénios e que neles reine um céu claro! É preciso ter-se separado de muitas coisas que nos pesam, que nos entravam, nos mantêm curvados, nos tornam pesados, a nós, europeus de hoje" - Friedrich Nietzsche, A Gaia Ciência, III, 380.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Ciclo Agostinho da Silva no Botequim da Graça



Ciclo de Palestras/Tertúlias Sobre Agostinho da Silva:

. 20 de Outubro (22h): Noite de Folia, com o Grupo de Teatro TapaFuros - Inauguração do ciclo;
. 22 de Outubro (18h): 1.ª sessão: A Educação Hoje, com Christopher Auretta;
. 29 de Outubro (18h): 2.ª sessão: Univers(al)idade, com António Nunes dos Santos;
. 5 de Novembro (18h): 3ª sessão:As Ideias nas Palavras, com Jorge Menezes e Rui Lopo;
. 12 de Novembro (18h): 4.ª sessão: Quinto Império, com Paulo Borges;
. 19 de Novembro (18h): 5.ª sessão:Cultura Portuguesa, com Miguel Real;
. 26 de Novembro (18h): 6.ª sessão: Europa, com António Cândido Franco e Dirk Hennrich

Colóquio Internacional Oriente-Ocidente (com a presença de François Jullien): 10-11 de Novembro


Retiro de Meditação na Cidade - 24 de Outubro - pelo bem de todos os seres e pela Paz no Mundo

Retiro de Meditação na Cidade – 24 de Outubro

Pelo bem de todos os seres e pela Paz no Mundo, na abertura do programa de actividades da Exposição de Relíquias do Buda e de outros grandes mestres budistas, que terá lugar de 6 a 14 de Novembro, no mesmo espaço.

Mais informações sobre esta Exposição:
http://maitreyaproject.org/en/relic/media-links.html

Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa
Palácio da Estefânia – Rua D. Estefânia, 175 - Lisboa

...

Este Retiro é uma oportunidade de conhecer ou aprofundar a experiência meditativa, oferecendo-nos um espaço de encontro connosco próprios que permita a descoberta de quem realmente somos, para além de qualquer pressuposto moral, filosófico ou religioso. O Retiro inspira-se na via do Buda, enquanto via terapêutica e experimental que conduz ao despertar da consciência para o conhecimento de si e o amor-compaixão universal.

O retiro será facilitado por Paulo Borges, professor de Filosofia na Universidade de Lisboa e Presidente da União Budista Portuguesa.

Programa

10-13 h (com intervalos de meditação em andamento)

Porque meditar e como meditar? A motivação amorosa-compassiva, a purificação dos canais energéticos e os sete pontos da postura.
Shamatha: estabilização da mente na atenção às sensações físicas, à respiração e ao fluxo das emoções e dos pensamentos.

13 h - Almoço

15-18 h (com intervalos de meditação em andamento)

Troca/Tonglen – Transformação das emoções e abertura do coração a todos os seres.
As quatro meditações ilimitadas: amor, compaixão, alegria e imparcialidade.
Meditação com mantras.

Contribuição: 40 euros

O Retiro abre o programa de actividades associado a RINGSEL – Exposição de Relíquias do Buda e de outros grandes mestres budistas, que terá lugar de 6-14 de Novembro no mesmo espaço. Parte das verbas são destinadas a custear as despesas deste evento.

Organização: União Budista Portuguesa / Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa
Apoio: revista Cultura ENTRE Culturas

Ver no agir o não-agir e no não-agir a acção

Aquele que sabe ver no agir o não-agir e no não-agir a acção, esse, entre todos os homens possui a vigilância do espírito, esse está unificado em yoga, esse cumpre todos os seus deveres.

Bhagavad Guitá, IV, 18

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Oração Islâmica

Ó meu Deus! Põe uma luz no meu coração, uma luz no meu túmulo, uma luz no meu ouvido, uma luz na minha vista, uma luz nos meus cabelos, uma luz na minha pele, uma luz na minha carne, uma luz no meu sangue, uma luz nos meus ossos, uma luz à minha frente, uma luz atrás de mim, uma luz debaixo de mim, uma luz por cima de mim, uma luz à minha direita e uma luz à minha esquerda.

Ó meu Deus! Aumenta a minha luz, dá-me luz, faz-me Luz, ó Luz da luz, pela Tua misericórdia, ó Misericordioso!

Oração Islâmica

domingo, 17 de outubro de 2010

Mulher escrevendo

Delirium. Sem meção de autor.

Escrever era só a sobra. O que restava depois que o dia ia se cumprindo e ela cumpria seu papel – a casa bem cuidada, as garotas na escola, o almoço bem temperado, a roupa limpa e guardada, não fossem os vizinhos – ou pior, o marido – chamá-la de relaxada. Tinha uma reputação a cuidar. Dias ainda havia para as compras, estantes e tanta coisa por limpar e arrumar. E sempre, sempre os eternos ciscos, migalhas nas bancadas da copa, poeira aqui e ali, a gordura no fogão. Tinha empregada, sim, mas essas empregadas cada dia fazem menos e saem mais cedo, uma lástima: todas relapsas.
E ao fim do dia, os momentos de ócio necessários para azeitar as idéias e deixar fluir certa energia semicósmica – porque em parte vinha era de dentro. Nem sabia se era mesmo energia: era mais concreto, como liberar alguma coisa física, um miniparto. E porque nada ainda estava dito, era então preciso colher palavras, limpar a terra, o sangue, a aura estranha, revirá-las sobre o teclado e plantá-las no monitor entre as outras, em sequência de alguma lógica, às vezes nem isso. Sentir e pesar seu efeito, seu tempo de validade, porque às vezes ficavam murchas, pobres, indigestas ou indigentes de sentido, caso em que nada resolviam de sua necessidade: as palavras são como as cores para o pintor. Há um efeito final a levar em conta que, esse sim, vem de dentro, e é preciso ser-lhe fiel. Então deixava passar um tempo e voltava a elas, as palavras. Assim podia ter uma idéia mais clara do que estariam fazendo ali, corrigir algum rumo sem destino como um piloto em voo. O voo era sempre meio cego.
Havia tardes e noites em que as palavras pareciam fluir tão facilmente, e ela enchia páginas e páginas seguidas, contente, realizada, achando o tempo um sonho. Mas não durava muito e a dor secreta dos dias voltava a se insinuar. A dor era sempre, não cessaria nunca e se expressava de um jeito surdo, devorando as entrelinhas. Chegava de leve, depois aumentava de intensidade e afinal causava um mal-estar que a obrigava a se curvar como quem carrega um peso maior que suas forças. Então às vezes apareciam poemas no monitor.

«A verdadeira união sexual é a união da Shakti suprema com o Espírito (âtman); as outras só representam relações carnais com as mulheres».


Shiva e Shakti
(...) a união sexual enquanto ritual, lembremos que atingiu um prestígio considerável no tantrismo indiano A Índia mostra-nos com exuberância como é que um acto fisiológico pode ser transformado em ritual e como, quando a época ritualista está ultrapassada, o mesmo acto pode ser valorizado como uma «técnica mística». A exclamação do esposo na Brhadâranyaka-Upanishad: «Eu sou o Céu, tu és a Terra!», segue-se à transfiguração prévia de sua esposa no altar do sacrifício védico (VI, 4, 3). Mas no tantrismo, a mulher acaba por incarnar a Prakriti (= a Natureza) e a Deusa cósmica, a Shakti - ao passo que o macho se identifica a Shiva, o Espírito Puro, imóvel e sereno. A união sexual (maithuna) é antes de tudo uma integração destes dois princípios, a Natureza-Energia cósmica, e o Espírito. Conforme se exprime um texto tântrico: «A verdadeira união sexual é a união da Shakti suprema com o Espírito (âtman); as outras só representam relações carnais com as mulheres» (Kûlârnava Tantra, V, III-112). Já não se trata de um acto fisiológico, mas de um rito místico; o homem e a mulher já não são seres humanos mas são, sim, «desligados» e livres como os Deuses. Os textos tântricos sublinham infatigavelmente que se trata de uma transfiguração da experiência carnal. «Pelos mesmos actos que fazem arder no Inferno certos homens durante milhões de anos, o yogin obtém a sua salvação eterna.» A Brhadâranyaka-Upanishad (V, 14, 8) afirmava já: «Aquele que sabe assim, seja qual for pecado que pareça cometer, é puro, limpo, sem velhice, imortal.» Por outras palavras «aquele que sabe» dispõe de uma experiência totalmente diferente da do profano. Quer dizer que toda a experiência humana é susceptível de ser transfigurada, vivida num outro plano trans-humano.

Mircea Eliade, O Sagrado e o Profano, 2006, Livros do Brasil, Lisboa, p.179

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O sufismo e a actualidade

O sufismo é um exemplo interessante. É cada vez mais posto em questão por parte dos ortodoxos. As imagens que os media apresentam sobre o sufismo, como sendo um culto corrupto e decadente que atrai figuras hippy, não ajudam. No século XIX, o sufismo já havia sido alvo de críticas de muçulmanos modernizados que absorviam os conceitos científicos e iluministas do Ocidente. Os líderes árabes com ideias socialistas, como Nasser, também tentaram acabar com ele.

Embora o sufismo, no seu contexto mais puro, tenha origem directamente do Profeta, e algumas das mais importantes figuras muçulmanas tenham tendências sufis, os seus aspectos mais deturpados atraem muitos críticos contemporâneos. A veneração das sepulturas e dos santos e as histórias sobre poderes mágicos contribuíram para o descrédito em que o sufismo parece ter caído agora. Todavia, isto não significa que seja rejeitado na sua totalidade. É uma das faces mais cativantes do islamismo. A sua filosofia do amor universal, da paz universal, sulh-i-kul («a paz esteja com todos»), é uma das mensagens mais poderosas e atraentes que pode dar ao mundo em que vivemos. Além disso, a sua ortodoxia não pode ser posta em questão. A primeira tarefa do sufi é conhecer a fundo a shariah; um sufi tem de ser ortodoxo antes de atingir o estado místico.

Mas o sufismo apresenta-se como uma força pouco credível, especialmente entre a geração mais nova. Deve-se a varias razões. Os wahabis, ortodoxos rigorosos da Arábia Saudita, acreditam que o suismo é pouco mais que uma série de disparates, um desvio do caminho certo. Criticam especialmente o conceito de intermediário entre o homem e Deus. Acham que o poder só tem a ver com Deus e não com os seres humanos. Nem mesmo o santo Profeta tem qualquer estatuto especial para além do facto de ser o último mensageiro de Deus. Alguns sectores extremistas dos wahabis iriam mais longe, dissuadindo os visitantes de irem até ao túmulo do Profeta por ser uma atracção para os idólatras que, por sua vez, passam a venerar mais o túmulo do que Deus.

Akbar S. Ahmed, O Islão, 2002, Bertrand Editora, Lisboa, p.271

Programa de actividades culturais da Exposição de Relíquias do Buda e de outros grandes mestres budistas - 6/14 Nov. - Lisboa



Nota: O livro Descobrir-se Buda, de Paulo Borges, será apresentado no dia 10, às 18h, e o Professor François Jullien falará no mesmo dia, às 19h, no Anf. III da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e não no dia 11, como está no cartaz.

O nº2 da revista Cultura ENTRE Culturas será apresentado no dia 11, às 19h, na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho (Câmara Municipal de Lisboa).

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

"A voz mais alta é a do burro, diz o Alcorão com perspicácia."

Entre os muçulmanos e não muçulmanos existe ignorância e má interpretação do signifcado do islamismo. Os não muçulmanos, como o ignoram e interpretam mal, receiam-no. Imaginam que é uma ameaça aos seus valores fundamentais. A fantasia, a conjectura e os estereótipos ocupam o lugar dos factos e da realidade. Os muçulmanos também têm as suas ideias erradas. Também eles reagem ao ódio e receio dos não muçulmanos, criando uma espécie de postura defensiva dentro da sua sociedade e gerando um clima combativo baseado num discurso militante de atribuição de responsabilidades a conspirações do exterior.

No meio deste clima quente e de mal-entendidos, as vozes dos homens e das mulheres com vidas simples e ideias de paz e tolerância deixam de ser ouvidas. Continuam lá, mas raramente se ouvem. E isso acontece pois, por natureza, os media não lhes dão hipótese de se manifestarem. Preferem pessoas de vozes mais sonantes e são essas pessoas que parecem fazer parte da sua agenda; são elas que causam as controvérsias e os debates entre muçulmanos e não muçulmanos. Os bons muçulmanos não conseguem escapar ao seu destino. O Alcorão limitou-lhes sempre os movimentos. A voz mais alta é a do burro, diz o Alcorão com perspicácia.

Akbar S. Ahmed, O Islão, 2002, Betrand Editora, Lisboa, p.279

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

"Vós pedis-me que trabalhe o solo? Iria eu pegar numa faca e cravá-la no seio de minha mãe?"


Smohalla (1815-1895)
Um profeta índio, Smohalla, da tribo Umatilla, recusava o trabalho da terra. «É um pecado», dizia, «ferir ou cortar, rasgar ou arranhar a nossa mãe comum com trabalhos agrícolas.» E acrescentava: «Vós pedis-me que trabalhe o solo? Iria eu pegar numa faca e cravá-la no seio de minha mãe? Mas então, quando eu já estiver morto, ela já não me retomará no seu seio. Pedis-me que cave e desenterre pedras? Iria eu mutilar-lhe as carnes a fim de chegar aos seus ossos? Mas então já não poderei entrar no seu corpo para nascer de novo. Pedis-me que corte a erva e o feno, e que o venda, e que enriqueça como os brancos? Mas como ousaria eu cortar a cabeleira de minha mãe?»

Mircea Eliade, O Profano e o Sagrado, 2006, Livros do Brasil, Lisboa, p.148

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Exposição de Relíquias do Buda e de outros grandes mestres budistas




Projecto Maitreya

Exposição de Relíquias do Buda e de outros Grandes Mestres Budistas

PORTUGAL 2010
[Lisboa, 6-14 Nov. | Funchal, 19-21 Nov. | Porto, 26-28 Nov.]

Maitreya Project: www.maitreyaproject.org/pt E-mail: projectomaitreya@uniaobudista.pt

União Budista Portuguesa, Av. 5 de Outubro, nº 122, 8º esq., 1050-61 Lisboa - PT | 213 634 363 | www.uniaobudista.pt

DOSSIER DE IMPRENSA

Exposição Itinerante – Ringsel – Relíquias do Buda

Projecto Maitreya
RELÍQUIAS DO BUDA E DE MESTRES BUDISTAS VISITAM PORTUGAL
Datas 06 a 14 de Novembro, 2010 - Lisboa
Local Lisboa – Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa
Rua de D. Estefânia, 175, 1000-154 Lisboa
E-mail projectomaitreya@uniaobudista.pt

Horários Dia 6, Sábado, 17h00 – 19.00
17h00 - Cerimónia de Abertura
7 a 14 - 10h00-19h00

Organização Maitreya Project | União Budista Portuguesa | Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa

Contactos gerais Tour Manager : Andy Melnic
Direcção: Paulo Borges, t. 918113021,E-mail: pauloaeborges@gmail.com
Coordenação: Sérgio Gorjão, t. 936498289, E-mail: sergiogorjao@gmail.com
Contacto Imprensa Media Manager: Maria de Lurdes Mesquita, t. 964748310, E-mail: projectomaitreya@uniaobudista.pt

A exposição de relíquias do Buda e de outros mestres budistas constitui uma oportunidade única para as observar e poder experienciar algumas cerimónias a ela associadas. Esta preciosa colecção destina-se a ser integrada no Altar do Coração, num templo-estátua a construir em Kushinagar, na Índia, e dispõe de contributos e doações de muitos dos principais Lamas vivos contemporâneos, onde se destaca Sua Santidade o XIV Dalai Lama.

Enquanto a estátua não estiver terminada, as relíquias sagradas estarão em itinerância pelo mundo, com o objectivo central de, numa perspectiva intercultural e inter-religiosa, promover os valores da Paz e da Felicidade no Mundo. É neste contexto de itinerância que a exposição tem vindo a percorrer, desde 2001, os 5 continentes, em cerca de 50 países e 500 exposições.

As relíquias expostas têm diversas proveniências, algumas foram resgatadas em monumentos religiosos (stupas) que foram sendo destruídos, outras estiveram à guarda de prestigiadas instituições (mosteiros, departamentos governamentais do Tibete e museus), ou ainda nas mãos de alguns Lamas ou seus discípulos; contudo a maioria das relíquias foram encontradas entre as cinzas da cremação de alguns mestres. Estes enigmáticos objectos assemelham-se a belos cristais, como pérolas, podendo ter várias cores.

Para os budistas estas relíquias corporizam as qualidades espirituais dos mestres, a sua compaixão e sabedoria, e são geradas com a intenção de, mesmo depois sua morte,
continuarem a beneficiar os seres. Frequentemente os visitantes vivenciam, por força da sua fé e do poder das relíquias, uma forte inspiração, pacificação interior e cura. Algumas pessoas sentem-se inspiradas a rezar pela paz mundial e pelo desenvolvimento de sabedoria, outros são tomados pela emoção devido ao
poderoso efeito que as relíquias têm em abrir os seus corações a uma dimensão de amor e compaixão.

Maitreya Project: www.maitreyaproject.org/pt
E-mail: projectomaitreya@uniaobudista.pt
União Budista Portuguesa, Av. 5 de Outubro, nº 122, 8º esq., 1050-61 Lisboa - PT | 213 634 363 | www.uniaobudista.pt

Além da possibilidade de observação das relíquias, claramente visíveis dentro de vitrinas dispostas junto à estátua dourada, em tamanho natural, do Buda Maitreya; os visitantes podem também participar em várias cerimónias: a purificação – com o “Banho do Buda”; a cerimónia de bênção, com a cuidadosa imposição das relíquias do Buda no topo da cabeça dos visitantes ou dos seus animais de estimação; a inscrição do “Sanghata Sutra” e meditação.

Paralelamente às iniciativas próprias da exposição, desenvolve-se ainda um programa
educativo, cultural e social que permite às pessoas interessadas o contacto com os temas da Paz, saúde e bem-estar, aprender diversos tipos de meditação e, sobretudo, encontrar um espaço e pessoas com quem reflectir sobre os valores da Paz interior e no mundo.

Integrado neste programa realiza-se o Colóquio Internacional "Oriente-Ocidente: diálogos e cruzamentos", em 10 e 11 de Novembro, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e na Câmara Municipal de Lisboa. No dia 10, a partir das 18h, no Anf. III, será apresentado o livro Descobrir-se Buda, de Paulo Borges, e pelas 19 h falará o Professor François Jullien. No dia 11, na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho, na Câmara Municipal de Lisboa, será apresentado o nº2 da revista Cultura ENTRE Culturas, dedicado ao Encontro Ocidente-Oriente.

De acordo com a tradição budista, Maitreya será o próximo Buda a trazer ensinamentos sobre o amor bondoso a este mundo. É por isso importante cultivar estes valores e, uma das formas para que isso aconteça, passa pela construção de uma estátua de bronze, com 152m, em Kushinagar, que albergará as relíquias e será o centro de uma intensa actividade intercultural e inter-religiosa na promoção da Paz e dos valores humanos. Kushinagar, cidade localizada no estado de Uttar-Pradesh, no norte da Índia, é o local onde Buda Shakyamuni, o Buda histórico, morreu há cerca de 2500 anos e é também o sítio onde se diz que o Buda Maitreya irá nascer. Por esse motivo é um lugar sagrado para a tradição budista e um espaço de grande simbologia histórica e religiosa na cultura mundial.

O Projecto Maitreya procura colocar os ensinamentos do amor bondoso em acção, através dos seguintes projectos:

• Construção da estátua do Buda Maitreya, em Kushinagar – monumento magnífico
dedicado ao amor bondoso, para inspiração dos povos em todo o mundo;
• Criação de estruturas e oferta gratuita de educação, saúde e desenvolvimento espiritual
numa das áreas mais pobres do norte da Índia;
• Criação de empregos temporários e de longo prazo;
• Desenvolvimento de infra-estruturas;
• Actuar como foco e centro de influência para o desenvolvimento sustentável e positivo desta região emergente da Índia.

“O próprio nome Maitri significa amor bondoso. No nosso mundo actual realmente precisamos promover Maitreya, “Maitri”, o amor bondoso. Este é um grande projecto desde o início. Tenho grande admiração por estas pessoas, especialmente por Lama Yeshe (já falecido) e pelo Lama Zopa Rinpoché, que realmente se devotaram à criação desta enorme estátua, assim como por todos aqueles seguidores que se esforçam para que isto aconteça. Eu realmente os admiro e aprecio.”

- Sua Santidade o XIV Dalai Lama

A Comissão Organizadora da exposição portuguesa encontra-se disponível para quaisquer
esclarecimentos, informação e entrevistas.

Para mais informações, sobre o Projecto Maitreya e a Digressão das Relíquias do Buda,
download do dossier de imprensa (versão inglesa) imagens e actualizações, por favor visite o site www.maitreyaproject.org

A exposição das relíquias em Portugal irá ainda em 2010 ao Funchal (19 a 21 de Novembro) e Porto (26 a 28 de Novembro).

Entrada livre

Todos os donativos aceites reverterão para o Projecto Maitreya.

Organização: União Budista Portuguesa / Escola Superior de Medicina Tradicional Chinesa
Apoio: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa / Revista Cultura ENTRE Culturas

"(...) com Ele, pelo menos, temos a certeza de poder romper indefinidamente..."

Quando, por desejo de solidão, rompemos os laços que tínhamos, o Vazio apodera-se de nós: mais nada, mais ninguém... Quem nos resta para liquidar? Onde desencantar uma vítima duradoura? - Uma tal perplexidade aproxima-nos de Deus: com Ele, pelo menos, temos a certeza de poder romper indefinidamente...

E. M. Cioran, Silogismos da Amargura, 2009, Letra Livre, Lisboa, p.83

"Eu não sou eu nem sou o outro, / Sou qualquer coisa de intermédio" - Mário de Sá-Carneiro

O bar-do (entre-dois) tibetano, o "King of Gaps" pessoano, o terceiro excluído da lógica aristotélica... O que há entre cada pensamento: isso que não é isto nem aquilo.

domingo, 10 de outubro de 2010

Medo do Caos

O Grito (Edvard Munch)
O homem religioso é sedento do ser. O terror diante do «caos» que envolve o seu mundo habitado, corresponde ao seu terror diante do nada. O espaço desconhecido que se estende para lá do seu «mundo», espaço não-cosmisado porque não-consagrado, simples extensão amorfa onde nenhuma orientatio foi ainda projectada, e portanto nenhuma estrutura se esclareceu ainda - este espaço profano representa para o homem religoso o não-ser absoluto. Se, por desventura, o homem se perde no interior dele - sente-se esvaziado da sua substância ôntica, como se se dissolvesse no Caos, e acaba por extinguir-se.

Mircea Eliade, O Sagrado e o Profano, 2006, Livros do Brasil, Lisboa, p.76

Missão de Portugal, in "Mensagem" de Luis Vidal Lopes



A "Mensagem" é o anúncio da Missão de Portugal face ao reaparecimento Daquele que está Encoberto...
Excerto do filme "Mensagem", dirigido e montado por Luis Vidal Lopes, estreado no cinema S.Luiz, em Lisboa, no dia 13 de Junho de 1988 e baseado no livro homónimo de Fernando Pessoa. Argumento e texto de Manuel Gandra e Luis Vidal Lopes. Poemas, cartas e textos originais de Fernando Pessoa. Fotografia de Manuel Costa e Silva. Musica de Gustave Holtz. Produção de Cristina Hauser. Filipe Ferrer no papel de Fernando Pessoa.

sábado, 9 de outubro de 2010

Colóquio Internacional Oriente-Ocidente, 10/11 de Novembro - apresentação do nº2 da Cultura ENTRE Culturas e de "Descobrir-se Buda", de Paulo Borges



Colóquio Internacional Oriente-Ocidente:
diálogos e cruzamentos
(nos 500 anos da chegada dos portugueses a Goa)
10-11 de Novembro
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa / Câmara Municipal de Lisboa


Na circunstância oportuna dos 500 anos da chegada dos portugueses a Goa e da passagem em Lisboa, Porto e Funchal de uma Exposição de Relíquias Budistas, pretende-se reflectir sobre alguns aspectos centrais do sempre constante, e cada vez mais evidente, diálogo e entrelaçamento Oriente-Ocidente.

Além de se dar voz a uma nova geração de jovens investigadores nacionais e estrangeiros, destaca-se a presença do Professor François Jullien, professor da Universidade de Paris VII, director do Instituto do Pensamento Contemporâneo e do Centro Marcel Granet. Eminente sinólogo, tem mais de 20 obras publicadas em cerca de 20 países sobre o pensamento chinês e o seu contraste com a filosofia europeia, repensando a essa luz a própria identidade cultural europeia-ocidental.

Uma iniciativa do Projecto “Filosofia e Religião”, do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, da União Budista Portuguesa e da revista Cultura ENTRE Culturas.

Comissão Organizadora: Paulo Borges, Carlos João Correia, Carlos Silva

Programa:

4ª feira, 10 de Novembro – Anfiteatro III da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

9.30 – Abertura
10.00 – 10.25 - António Faria, Teosofia, Sāṁkhya-Yoga e Buda Dharma
10.25 – 10.50 - Filipa Afonso - O despertar do prisioneiro e a libertação do sonhador: a consistência do real no neoplatonismo do Pseudo-Areopagita e no Advaita Vedanta de Sankara
10.50 – 11.15 - Ricardo Ventura, «A Breve noticia dos erros, que tem os Gentios do Comcão na Índia», atribuível a João de Brito, no contexto dos tratados seiscentistas sobre o "gentilismo"

11.15 – 11.45 – Debate e intervalo

11.45 – 12.10 – Paula Morais, A essência do feminino no Yoga primordial e no século XXI
12.10 – 12.35 - Fabrizio Boscaglia, A sabedoria de Omar Khayyâm entre Oriente e Ocidente
12.35 – 13.00 – Antonio Cardiello, Perspectivas de intercultura filosófica em Nishida Kitarō

13.00 – 13.15 – Debate e intervalo para almoço

14.30 – 14.55 – Beatriz Lobo, Ecos do Oriente na obra wagneriana
14.55 – 15.20 – Dirk Hennrich, A noção do Oriente em Vilém Flusser
15.20 – 15.45 – Rui Lopo, Budismo, niilismo e orientalismo. Ismo?

15.45 – 16.15 – Debate e intervalo

16.15 – 16.40 – José Eduardo Reis, Quadros de uma exposição ideal do Oriente na Literatura Portuguesa
16.40 – 17.05 – Bruno Béu, Eu metafísico e âtman: a suspeita de Vergílio Ferreira sobre a orientalidade do "seu" eu.
17.05 – 17.30 – Paulo Borges, Fernando Pessoa no Tibete: Bar-do e “King of Gaps”

17.30 – 18.00 – Debate e intervalo

18.00 – 19.00 - Apresentação do livro Descobrir-se Buda, de Paulo Borges, e pré-apresentação do nº2 da revista Cultura ENTRE Culturas, dedicada ao tema Encontro Ocidente-Oriente.
19.00 – 20.00 - François Jullien, Quel dialogue philosophique entre la Chine et l’Occident?


5ª feira, 11 de Novembro – Sala do Arquivo dos Paços do Concelho (Câmara Municipal de Lisboa, Largo do Município)

15.00 - Abertura

15.30 – 16.00 - Carlos João Correia, Oriente/Ocidente: a questão da identidade pessoal (presença a confirmar)
16.00 - 16.30 - José Carlos Calazans (tema a indicar)
16.30 – 17.00 - Ana Cristina Alves, Metamorfoses do corpo sagrado nas biografias de Jesus Cristo e do Buda Histórico

17.00 – 17.30 – Debate e intervalo

17.30 – 18.00 - Miguel Real, Goa - 500 anos depois, um testemunho
18.00 – 18.30 - Carlos Silva, Sob o signo da dualidade: paralelo do Sâmkhya com o dinamismo de Anaxágoras

18.30 – 19.00 – Debate e intervalo

19.00 – 19.30 – Apresentação do nº2 da revista Cultura ENTRE Culturas, dedicada ao tema Encontro Ocidente-Oriente

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Zeng Hao Dun Huang


Press Statement of His Holiness the Dalai Lama on Liu Xiaobo Being Awarded the 2010 Nobel Peace Prize

Liu Xiaobo
I would like to offer my heart-felt congratulations to Mr. Liu Xiaobo for being awarded this year’s Nobel Peace Prize.

Awarding the Peace Prize to him is the international community’s recognition of the increasing voices among the Chinese people in pushing China towards political, legal and constitutional reforms.

I have been personally moved as well as encouraged by the efforts of hundreds of Chinese intellectuals and concerned citizens, including Mr. Liu Xiaobo in signing the Charter 08, which calls for democracy and freedom in China. I expressed my admiration in a public statement on 12 December 2008, two days after it was released and while I was on a visit to Poland. I believe in the years ahead, future generations of Chinese will be able to enjoy the fruits of the efforts that the current Chinese citizens are making towards responsible governance.

I believe that Chinese Premier Wen Jiabao’s recent comments on freedom of speech being indispensable for any country and people’s wish for democracy and freedom being irresistible are a reflection of the growing yearning for a more open China. Such reforms can only lead to a harmonious, stable and prosperous China, which can contribute greatly to a more peaceful world.

I would like to take this opportunity to renew my call to the government of China to release Mr. Liu Xiaobo and other prisoners of conscience who have been imprisoned for exercising their freedom of expression.

October 8, 2010

fonte: http://www.facebook.com/#!/notes/dalai-lama/press-statement-of-his-holiness-the-dalai-lama-on-liu-xiaobo-being-awarded-the-2/437614257321

Conceptos Vigentes - Lo que importa es la verdad


1/10/2010
Tito Reséndez Treviño

1°- CONVERSACIÓN.- Lo que ustedes amables lectores van a repasar en seguida, es la conversación sostenida por el teólogo brasileño Leonardo Boff y el Dalai Lama, aclarando que el primero es uno de los renovadores de la Teología de la Liberación.

Esta fue la plática, comentada posteriormente por don Leonardo:

“En el intervalo de una mesa redonda sobre religión y paz entre los pueblos, en la cual participaba el Dalai Lama y un servidor, maliciosamente, más también con interés teológico, le pregunté en mi inglés defectuoso”:

“Santidad, cuál es la mejor religión?” Your holiness, what’s the best religion?

Esperaba que dijera: “El budismo tibetano” o las religiones orientales, mucho más antiguas que el cristianismo...”

El Dalai Lama hizo una pequeña pausa, sonrió, me miró fijamente a los ojos, lo que me desconcertó un poco porque yo sabía la malicia contenida en la pregunta.

Y afirmó:

La mejor religión es la que te aproxima más a Dios, al infinito.
Es aquella que te hace mejor.

Para salir de la perplejidad delante de tan sabia respuesta, pregunté:

“¿Qué es lo que me hace mejor?” Aquello que te hace más compasivo, más sensible, más amoroso, más humanitario, más responsable, más ético...

La religión que consiga hacer eso de ti es la mejor religión.

Callé, maravillado y hasta los días de hoy estoy rumiando su respuesta sabia e irrefutable.

No me interesa amigo tu religión o si tienes o no tienes religión. Lo que realmente me importa es tu conducta delante de tu semejante, de tu familia, de tu trabajo, de tu comunidad, delante del mundo.

Recordemos:

El Universo es el eco de nuestras acciones y nuestros pensamientos.
La Ley de Acción y Reacción no es exclusiva de la Física.
Es también de las relaciones humanas.
Si yo actúo con el bien, recibiré el bien. Si actúo con el mal, recibiré el mal.
Aquello que nuestros abuelos nos dijeron es la más pura verdad:
“Tendrás siempre el doble de aquello que desees a los otros”.
Ser feliz no es cuestión de destino. Es cuestión de elección.
Cuida tus Pensamientos porque se volverán Palabras.
Cuida tus Palabras porque se volverán Actos.
Cuida tus Actos porque se harán Costumbre.
Cuida tus Costumbres porque forjarán tu Carácter.
Cuida tu Carácter porque formará tu Destino.
Y tu Destino será tu Vida.
No hay religión más elevada que la Verdad

Buen fin de semana y acuérdese, sea católico, protestante ó de cualquier otra religión, lo único es la VERDAD, porque ahí está el GRAN ARQUITECTO DEL UNIVERSO...

fonte: http://www.eldiariodevictoria.com.mx/?c=141&a=20138
Reportagem fotográfica da oitava sessão de apresentação de "Vozes do Pensamento", um livro de Isabel Rosete, na "Perlimpimpim", 02/10/2010,
http://isabelrosetevozes.blogspot.com/

Bem-hajam,

IR

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Reino Unido reconhece oficialmente o druidismo como religião

Pela primeira vez numa década os druidas celebraram o solstício em Stonehenge (Paul Hackett/Reuters)

2/10/2010

O anúncio foi feito pela Comissão de Organizações de Beneficência que passará a incluir esta prática espiritual originária nas sociedades celtas de toda a Europa na sua lista de cultos de “fé genuína” do país.


Entre outras coisas, este reconhecimento trás com ele importantes deduções fiscais à Druid Network (Rede de Druídas), que passa a ter o estatuto de organização de beneficência. Isto porque a promoção do druidismo como religião passa a ser considerada uma actividade de interesse público.

A comissão sublinhou que o culto dos espíritos do mundo natural é uma actividade religiosa comparável ao cristianismo e o islão e recordou que o druidismo é uma das mais antigas práticas espirituais do Reino Unido.

Segundo números oficiais, citados ontem pelas agências, o druidismo no Reino Unido está no seu melhor momento dos últimos dois mil anos. Uma popularidade que se justifica pela diminuição de influência das religiões tradicionais e um crescente aumento das preocupações ambientais por parte dos britânicos.

Os seguidores deste culto pagão prestam homenagem ao espírito que vive na terra e às forças da natureza. Acreditam nos espíritos que habitam nas montanhas, rios e mares e os seus rituais centram-se essencialmente na mudança das estações, como representação divina da natureza.

fonte: http://www.publico.pt/Mundo/reino-unido-reconhece-oficialmente-o-druidismo-como-religiao_1459120

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

nunca interpretes um poema como quem faz investigação científica.
a lua também só se conhece à distância e nem por isso deixa de ser bela

domingo, 3 de outubro de 2010

Al-Biruni


Nascido por volta de 973, na região de Khwarezmia iraniana, ele levaria a cabo uma actividade de observação científica que seria muito útil para a elaboração de calendários e da cronologia das nações. Mas foi a sua obra sobre a Índia (Kitab al-Hind), finalizada por volta de 1030, que lhe trouxe grande notoriedade. Foi o primeiro a falar claramente da epopeia guerreira de Mahabharata, tal como se pode constatar nesta passagem retirada do Livro da Índia: «É uma obra particularmente venerada pelos hindus. Eles procuram que encontremos aí tudo o que está nas outras obra, para além de outras informações que não podem ser encontradas em mais lugar nenhum. Este livro, o Maha-Bharata, organizado por Vyasa, filho de Parashara, durante a grande guerra entre os [Pandava] filhos de Pandu, e os de Kuru». A seguir, o leitor pode ler a descrição detalhada das dezoito partes que constituem o Mahabharata. Al-Biruni morreu por volta de 1050, sem dúvida, na sua terra natal de Khwarezmia.
O caso de Al-Biruni é exemplar. Eis um sábio completo, versado no enciclopedismo, que provou a necessidade de aprender o sânscrito e o hinduísmo, que traduziu obras sânscritas para árabe e as suas próprias obras para o sânscrito. Chamado respeitosamente AlUstad, «o Professor», Al-Biruni tanto era sábio no domínio dos idiomas e da religião, como no domínio da geometria euclidiana, da filosofia e da astronomia. No seu Livro da Índia, Al-Biruni faz referência à total imparcialidade que todo o bom historiador deve ter: «Foi para isso que escrevi este Livro da Índia, sem difamar pessoas que têm crenças contrárias às nossas e sem me esquecer de citar as suas próprias palavras. Se o que eles crêem ser a sua verdade difere da nossa, mesmo parecendo ela abominável para os muçulmanos, que assim seja! Apenas direi: "É nisto que os hindus acreditam e é esta a sua forma de ver!" » (p.42).

Malek Chebel, O Islão Explicado, 2010, Europa-América, Mem Martins, pp.127-128

Domingo de Outono

Dedico este 'Domingo de Outono' a Maria Sarmento


Nesta manhã de Domingo acordei Maria Silva, a lembrar-me da lista de todos os nomes perdidos nas celas, aprisionados por terem outros nomes. Hoje acordei Maria, mulher do povo, desconhecida, sem precisar de mais um nome de novo. Hoje sou Maria, como a Madalena que beijou-te sem medo, despudorada amante sem nome, Maria de novo. Hoje acordei Maria e rezei por eles, de morte matada, cristãos, ateus, budistas, mulçumanos, poetas, pintores, operários, negros, judeus, homens, Maria de novo.
Hoje acordei sem ar, sem nome algum para contar, história que quero enterrar.
Maria como a flor amarela que sorria enquanto morria.
verde é a terra
castanha regada
floresta sem nome
reconhece o corpo
que a ti regressa de novo
noutra terra vermelha
nascido antes

branca é a montanha
que te guarda
coberta de neve
em tempos doce
quase sem cor
negra tão negra é a dor
que te leva sem rumo

amanhece no campo
feliz o trigo por ti cultivado
brota na terra a flor
outrora sem dono
colhe sem pressa o tempo
descansa em ti um sorriso
verde, castanho molhado
de amor.

sábado, 2 de outubro de 2010

Rabi'a al-Adawaiyya


O Islão tem com Rabi'a al-Adawaiyya, uma mística de Baçorá, antiga Basra, o equivalente exacto de Teresa d'Ávila. Esta mulher surpreendente, de uma beleza física reconhecida, viveu uma ascese exemplar, a ponto de ter sido considerada um exemplo maior na maior parte das ordens do seu tempo e de se ter afirmado como benfeitora da sua cidade. Poetisa, desprezava os bens materiais e não vivia senão em nome da sua vontade inabalável de querer unir-se a Deus ou de querer estar na sua companhia (uns). Pela sua sinceridade, a sua força pela paixão mística (mahabba) conquistou um lugar na História. Assinala-se, sobretudo, a forte tónica mística dos seus poemas que celebravam a entrega de si, a privação e o isolamento. Sendo o Oriente sensível aos prodígios, diz-se que o seu brilho espiritual era tão poderoso que minorava a ausência das velas Ainda actualmente, no Cairo e noutras cidades muçulmanas, o culto de Rabi'a al-Adawuiyya continua vivo. Permanece como um símbolo solitário e uma representação delicada da emoção mística.

Malek Chebel, O Islão Explicado, 2010, Europa-América, Mem Martins, pp.110-111

Filosofia, poesia e gente




No dia 4 de junho, o Segundo Caderno de O Globo publicou um artigo do antropólogo Hermano Vianna, que tem livros dedicados à cultura popular sobre o funk e o samba. Nesse artigo, no entanto, ele trata de um tema bem diferente: o texto tem por título “A nova metafísica”, e fala do livro Depois da finitude, editado em Paris, pela Seuil, em 2006, escrito por Quentin Meillassoux, que começa assim: “A teoria das qualidades primeiras e segundas parece pertencer a um passado filosófico irremediavelmente caduco: é tempo de reabilitá-la.” A partir daí, dado o sucesso que o livro tem alcançado, passa a comentar o fato de que o pensamento filosófico pós-68 já não anda tão firme como se tem propalado desde que Deleuze e Derrida publicaram suas obras. Ideias como o “correlacionismo” perdem sua força. O “correlacionismo”, numa explicação grosseira, defende que só conhecemos das coisas o que experimentamos pelos sentidos, que traduzem nossa relação com elas, mas não temos como conhecer as coisas em si mesmas. Ou seja, sentimos gostos, cheiros e vemos imagens, mas o que está “do lado de lá”, o real ou coisa “em si”, seria para sempre impossível de conhecer.

Mesmo levando em conta as teorias que a elite intelectual tem defendido desde aquele período, e admitindo a influência dessa linha de pensamento sobre o comportamento das sociedades ocidentais de modo geral, acredito que a ideia da metafísica tenha estado sempre infiltrada na visão de mundo das pessoas comuns e que sua influência nunca tenha se diluído completamente na vida dessas pessoas.

Em parte, talvez principalmente, isso acontece por causa dos conceitos religiosos, que remetem à existência de uma realidade extrassensorial. Se grande parte aceita a relativização da ideia de realidade, por outro lado existe para muitos a noção de seres a que se deve obediência, e acima de tudo a noção da criação, que dá às coisas que nos cercam um sentido sagrado. E se alguma coisa é sagrada, ela existe e é governada por leis que estão acima de nós. A enorme diferença é que nesse caso não se trata de uma convicção racional, mas de uma crença baseada na fé. E como a fé religiosa tem cores emprestadas da experiência infantil do desamparo e sua motivação é predominantemente afetiva, ligada à presença do pai e da mãe, percebe-se que, mesmo não se tratando exatamente da metafísica de cunho filosófico que vem dos gregos, elas, as duas formas de metafísica, se comunicam.

Cada qual a seu modo, ambas existem por causa da fragilidade humana, pela necessidade de alguma certeza em que se possa confiar: a dos gregos, falando figuradamente, a certeza de que se pisa num chão verdadeiro, que não vai nos engolir de uma hora para a outra numa ilusão de solidez; no caso da religião, a certeza de não estar sozinho e abandonado no mundo, mas poder contar sempre com a ajuda de um Pai ou uma Mãe celestiais, santos ou seres em que se possa acreditar incondicionalmente.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Zhou Hua










Zhou Hua graduated from University of Tibet, College of Art. Hua is an active member of the Tibetan Art Association, as well as a member of The Studio of Tibetan Folklore Oil Paintings. Zhou’s paintings focus on Tibetan themes and culture. Her work captures the essence of the people of Tibet.
- Pai, como se mede a força de um homem?
- Pelo número de livros que já leu, meu filho

Milonga del Angel



Deixa-me estar por aqui. Fazer um intervalo em cada compasso. Alinhar a rima na tua harmonia. Repousar contigo do som,  de cada palavra.

[O menino nasceu sem mãe
O homem perdeu-se na cama
A guerra fez-se senhora
A miséria atravessa a esquina
E dizem que a virgem pariu-te sem dor]

Deixa-me estar assim contigo nesse som que se escapa  lembrando que a vida tem outra cor, neste segundo que respiro feliz. 

China lança coleção de livros brancos sobre o Tibete

28/09/2010

O governo chinês lançou ontem (27) uma coleção de livros brancos sobre o desenvolvimento do Tibete.

A coleção conta com oito livros brancos sobre o Tibete e outros três que abrangem os temas etnia e religião. Todos os onze documentos foram publicados após 1992.

A coleção conta o fato de que o Tibete é uma parte inseparável do território chinês, além da história da libertação pacífica e da reforma democrática na região. Os livros brancos ainda lembram a modernização, evolução cultural e desenvolvimento ecológico do Tibete, desvendando o separatismo de Dalai Lama.

por Renato Lu

fonte: http://portuguese.cri.cn/561/2010/09/28/1s127187.htm