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Smohalla (1815-1895) |
Um profeta índio, Smohalla, da tribo Umatilla, recusava o trabalho da terra. «É um pecado», dizia, «ferir ou cortar, rasgar ou arranhar a nossa mãe comum com trabalhos agrícolas.» E acrescentava: «Vós pedis-me que trabalhe o solo? Iria eu pegar numa faca e cravá-la no seio de minha mãe? Mas então, quando eu já estiver morto, ela já não me retomará no seu seio. Pedis-me que cave e desenterre pedras? Iria eu mutilar-lhe as carnes a fim de chegar aos seus ossos? Mas então já não poderei entrar no seu corpo para nascer de novo. Pedis-me que corte a erva e o feno, e que o venda, e que enriqueça como os brancos? Mas como ousaria eu cortar a cabeleira de minha mãe?»
Mircea Eliade,
O Profano e o Sagrado, 2006, Livros do Brasil, Lisboa, p.148
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