Entre os muçulmanos e não muçulmanos existe ignorância e má interpretação do signifcado do islamismo. Os não muçulmanos, como o ignoram e interpretam mal, receiam-no. Imaginam que é uma ameaça aos seus valores fundamentais. A fantasia, a conjectura e os estereótipos ocupam o lugar dos factos e da realidade. Os muçulmanos também têm as suas ideias erradas. Também eles reagem ao ódio e receio dos não muçulmanos, criando uma espécie de postura defensiva dentro da sua sociedade e gerando um clima combativo baseado num discurso militante de atribuição de responsabilidades a conspirações do exterior.
No meio deste clima quente e de mal-entendidos, as vozes dos homens e das mulheres com vidas simples e ideias de paz e tolerância deixam de ser ouvidas. Continuam lá, mas raramente se ouvem. E isso acontece pois, por natureza, os media não lhes dão hipótese de se manifestarem. Preferem pessoas de vozes mais sonantes e são essas pessoas que parecem fazer parte da sua agenda; são elas que causam as controvérsias e os debates entre muçulmanos e não muçulmanos. Os bons muçulmanos não conseguem escapar ao seu destino. O Alcorão limitou-lhes sempre os movimentos. A voz mais alta é a do burro, diz o Alcorão com perspicácia.
Akbar S. Ahmed, O Islão, 2002, Betrand Editora, Lisboa, p.279
1 comentário:
Há sempre vozes que calam...para outras vozes se ouvirem...
Abraço dos Alpes
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