quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

"Primeiro, a cultura, o espírito, o sentido da transcendência; depois, por inevitável arrasto de exigência cívica, o progresso tecnológico"

“Bom governo seria hoje aquele que, por múltiplos meios, apostasse em fazer de cada português, não um robot técnico de fato cinzento, camisa azul e gravata verde ou amarela (actual fato-macaco do cidadão técnico), que é sempre um cidadão inconscientemente instrumento de cruéis estruturas económicas, mas um homem culto, consciente do seu lugar na sociedade e na história. Portugal precisa menos de um choque tecnológico (experimentado pelo pombalismo, pelo fontismo e pelo cavaquismo, cujas consequências em nada mudaram o nosso ser, limitando-se a uma mera actualização de instrumentos técnicos ao serviço da sociedade civil e do aparelho de Estado) e mais de um choque cultural, elevando cada cidadão a um exigente patamar de conhecimento humanista e cívico que, por arrasto, geraria inevitavelmente o desejado choque tecnológico. Primeiro, a cultura, o espírito, o sentido da transcendência; depois, por inevitável arrasto de exigência cívica, o progresso tecnológico. A brutal inversão destes valores pelos actuais governantes evidencia tanto a sua pobreza de espírito quanto o projecto pombalino desumanamente tecnocrático em que se encontra empenhado”

- Miguel Real, A Morte de Portugal, Porto, Campo das Letras, 2007, pp.19-20.


"Gostar de animais não significa gostar menos dos humanos. A compaixão origina compaixão"

‎"Algumas pessoas perguntam: "Porque é que está a trabalhar para os animais, quando há tantas pessoas que precisam de ajuda?" A resposta é simples: Muitas pessoas que trabalham para os animais pelo mundo fora também trabalham altruistamente para as pessoas. Gostar de animais não significa gostar menos dos humanos. A compaixão origina compaixão.

- Marc Bekoff

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Manifestação Meditativa por uma Nova Civilização, 2 de Março, 14h, junto à Assembleia da República

O Círculo do Entre-Ser, associação filosófica e ética, o Movimento Amorcracia Portugal e o MedMob Oeiras organizam uma manifestação meditativa no Jardim Bento de Jesus Caraça, à esquerda da Assembleia da República, no dia 2 de Março, pelas 14h00.

Num momento crítico de Portugal, da Europa e do mundo, em que assistimos ao colapso de uma civilização baseada na ignorância da interconexão entre todos os seres vivos e a Terra, no mito de um desenvolvimento económico e tecnológico sem limites e na consequente opressão, exploração e violência a que são submetidos a natureza e os seres humanos e não-humanos, urge descobrir um novo paradigma civilizacional que transforme também o activismo e as formas de intervenção social, cívica e política. A meditação, ou seja, a capacidade de manter a mente num estado de atenção plena, calma e clara ao que se passa aqui e agora em nós e à nossa volta, numa abertura amorosa e imparcial, é hoje redescoberta por um número crescente de pessoas e instituições e tem imensos benefícios cientificamente reconhecidos em termos cognitivos, terapêuticos, pedagógicos e sociais. É chegado o momento de a trazer também para a intervenção cívica e política, assumindo-a como o fundamento de um activismo mais consciente, que esteja ao serviço de todas as causas justas livre de medo, avidez, ódio e violência. O mundo carece urgentemente de uma espiritualidade laica, transversal a crentes e descrentes, que nos permita enraizar a palavra e a acção exterior na experiência do silêncio e da paz interior, fonte de toda a transformação autêntica e profunda.

Convidamos assim todos a que se juntem a nós no dia 2, às 14h, para fazermos do nosso silêncio atento e amoroso a manifestação de que os seres vivos e a Terra valem infinitamente mais do que todos os critérios económico-financeiros e tecnocráticos e de que a política deve estar ao serviço de uma ética global e de uma vida mais feliz para todos os seres, humanos e não-humanos.

Por uma nova civilização, livre de ignorância, opressão e violência!

Círculo do Entre-Ser

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

As ideias políticas do Buda: o governante e o governo justos

“No tempo em que o Buda vivia havia, como hoje, soberanos que governavam injustamente os seus Estados. Levantavam impostos excessivos e infligiam castigos cruéis. O povo era oprimido e explorado, torturado e perseguido. O Buda ficava profundamente comovido com estes tratamentos desumanos. O Dhammapadatthakatha conta que ele focou então a sua atenção no problema do bom governo. As suas ideia devem ser apreciadas no contexto social, económico e político do seu tempo. Ele mostrou como todo um país podia tornar-se corrupto, degenerado e infeliz quando os chefes do governo, ou seja, rei, ministros e funcionários, se tornam eles mesmos corruptos e injustos. Para que um país seja feliz deve ter um governo justo. Os princípios deste governo justo são expostos pelo Buda no seu ensinamento sobre os “Dez Deveres do Rei” (Dasa-raja-dhamma), tal qual é dado nos Jataka.
Bem entendido, a palavra “rei” (Raja) de outrora deve ser substituída hoje pela palavra “governo”. Por conseguinte, os “Dez Deveres do Rei” aplicam-se agora a todos aqueles que participam no governo, chefe de Estado, ministros, chefes políticos, membros do corpo legislativo e funcionários de administração.
1. O primeiro destes dez deveres é a liberalidade, a generosidade, a caridade (dana). O soberano não deve ter avidez nem apego pela riqueza e pela propriedade, mas deve dispor delas para o bem-estar do povo.
2. Um carácter moral elevado (sila). Ele não deve jamais destruir a vida, enganar, roubar, explorar os outros, cometer adultério, dizer coisas falsas ou tomar bebidas inebriantes. Isto é, ele deve pelo menos observar os Cinco Preceitos do laico.
3. Sacrificar tudo pelo bem do povo (pariccaga). Ele deve estar pronto a sacrificar o seu conforto, o seu nome e o seu renome, e mesmo a sua vida, pelo interesse do povo.
4. Honestidade e integridade (ajjava). Ele deve estar livre de medo ou de favor no exercício dos seus deveres; deve ser sincero nas suas intenções e não deve enganar o público.
5. Amabilidade e afabilidade (maddava). Ele deve ter um temperamento doce.
6. Austeridade nos seus hábitos (tapa). Ele deve levar uma vida simples e não deve entregar-se ao luxo. Deve estar na posse de si mesmo.
7. Ausência de ódio, má-vontade, inimizade (akkodha). Não deve guardar rancor a ninguém.
8. Não-violência (avihimsa), o que significa que deve não somente não fazer mal a ninguém, mas também que deve esforçar-se por fazer reinar a paz evitando e impedindo a guerra e todas as coisas que impliquem violência e destruição da vida.
9. Paciência, perdão, tolerância, compreensão (khanti). Ele deve ser capaz de suportar as provas, as dificuldades e os insultos sem se enfurecer.
10. Não-oposição, não-obstrução (avirodha). Isto é, ele não deve opor-se à vontade popular, não contrariar nenhuma medida favorável ao bem-estar do povo. Noutros termos, ele deve manter-se em harmonia com o povo.
É inútil dizer quão feliz seria um país governado por homens que possuíssem estas qualidades. E não é todavia uma Utopia pois houve no passado reis como Asoka na Índia que estabeleceram os seus reinos sobre o fundamento destas ideias”

- Walpola Rahula, L’enseignement du Bouddha selon les textes les plus anciens, Paris, Éditions du Seuil, 1978, pp.118-119.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Inês C. Carmo Borges apresenta livro sobre Tondela no Casino da Figueira da Foz - Diário As Beiras 25 de Fevereiro de 2013


Não sou um bombista nem as suas vítimas na Síria

Não sou um bombista nem as suas vítimas na Síria
nem um tibetano a imolar-se por desespero na sua terra ocupada
Não sou um toureiro, um cavalo ou um touro com o lombo trespassado
numa arena de sangue, dor e morte
Também não estou na multidão em êxtase que paga para que isso aconteça
Não sou um especulador financeiro que enriquece com a miséria das populações
nem um ministro ou juiz que decide a favor dos poderosos
Não sou um cão ou gato abandonado por quem se cansou do meu amor
nem estou a tremer de medo e angústia num canil de abate
Não sou um porco, uma vaca ou um frango amontoado num campo de concentração
para oferecer vinte minutos de prazer aos humanos
e intoxicá-los com a minha carne envenenada
Não sou uma mãe separada dos filhos
com as tetas a escorrer pus escrava da ordenha mecânica
para que os humanos bebam o leite que não necessitam e os faz adoecer
Não sou um deputado pago para esquecer quem o elegeu
nem um primeiro-ministro ou presidente a vender o seu país aos senhores do mundo
Não sou um rato torturado e aberto em vida para que a ciência conclua que sofro
nem estou a ser morto à pancada para me retirarem a pele ainda vivo
Não sou um tigre nascido para a selva a definhar triste atrás de umas grades
um elefante espicaçado para mostrar habilidades
ou uma ave com asas de lonjura engaioladas
Não sou pago para veicular mentiras na rádio, tv e jornais
nem sou administrador, director ou accionista de empresas
que lucram com o trabalho escravo de mulheres, homens e crianças
Não sou um médico ao serviço da indústria farmacêutica
nem um profissional da alienação das consciências
Não sou uma mãe a ver os filhos despedaçados por mísseis
ou violados e mortos à sua frente
Não sou o presidente, o ministro ou o general
que no conforto do gabinete ordena o inferno para os outros
Não trabalho para empresas ávidas de lucro que poluem, devastam e destroem o planeta
que pertence igualmente a todos os seres vivos
e às gerações futuras de humanos e não-humanos
Não trafico drogas nem ilusões
e não vendo receitas de felicidade
Não pertenço nem quero pertencer às corporações dos senhores do mundo
ocultos na sombra a mudar governos e manipular povos como marionetas
Não sou um terrorista camuflado nem engravatado, com armas, ideologias ou planos económico-financeiros
nem um eleitor que confunde a democracia com votar de vez em quando
e não ter controle sobre quem elege
Não sou também um activista que sucumbe ao ódio e ao desespero
e envenena as causas que defende
com a violência que lhe estreita a mente e devora o coração

Não, não sou nada disto
Não sou ninguém especial
Apenas alguém que pode reconhecer a imensa liberdade e oportunidade de que agora mesmo desfruta
para apreciar a vida sem esquecer o sofrimento do mundo
e concentrar-se no essencial enquanto há energia e a morte não chega:
despertar a mente e o coração
e tudo fazer para expulsar a ignorância, o sofrimento e o absurdo da face da Terra

Sim, é isso que sou
Sim, é isso que és
e connosco a grande maioria dos humanos:
sementes de um Mundo Novo

Juntemo-nos e germinemos pois!


25 de Fevereiro de 2013

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Escravo da ganância
rouba a bel-prazer
aceita o ignorante
a sentença de culpa
paga os impostos
alimenta o parasita

dorme o desabrigado
na hall do banco
que lhe roubou a casa
no chão,
um corpo encolhido
tolhido pela humilhação

um homem cansado
de dor enlouquece
espreita a fome
a miséria alheia
em cada esquina
enquanto o banqueiro
vestido de anjo
assalta o país

um homem sem nome
em tom de revolta
pede a quem dorme
que acorde e desperte
recorda que a vida
foi um dia assistida

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Apresentação do livro de Inês da Conceição do Carmo Borges "O Solar de Santana, Museu Municipal de Tondela e a Arquitectura Senhorial da Região" (Prémio Aurélio Soares Calçada), no Casino da Figueira da Foz, no dia 23 de Fevereiro de 2013, pelas 16:30H



Apresentação do livro de Inês da Conceição do Carmo Borges "O Solar de Santana, Museu Municipal de Tondela e a Arquitectura Senhorial da Região" (Prémio Aurélio Soares Calçada), no Casino da Figueira da Foz, no dia 23 de Fevereiro de 2013, pelas 16:30H (sábado). Sobre o livro usarão da palavra o Dr. José Valle de Figueiredo, poeta e ensaísta, e o Dr. Carlos Marta, Presidente da Câmara Municipal de Tondela.
Momento Musical com David Migueis (clarinete) e Daniel Migueis (violino).
Dão de Honra, patrocinado pela CVR Solar do Dão (Viseu).

Livro de História de Arte, Aquitectura, Urbanismo, Museologia, Empreendedorismo.
Capa: Design Gráfico de Xénia Pereira Reys; Concepção Gráfica de Luiz Pires dos Reys (ambos da equipa da Revista Cultura Entre Culturas); Fotografia de Marcus Garcia (em 2004 Marcus recebe a menção honrosa do Prémio Fnac -- Novos talentos da Fotografia Portuguesa com o trabalho -- MAPA).
Execução Gráfica Palimage/Artipol, Lda., com composição de José Luís Santos e tratamento de fotografias de Hugo Rios
Apoios: CÂMARA MUNICIPAL DE TONDELA
LABESFAL GENÉRICOS - GRUPO FRESENIUS KABI
GRUPO RUI COSTA E SOUSA & IRMÃO, SA

Titulo:"O SOLAR DE SANTANA,MUSEU MUNICIPAL DE TONDELA E A ARQUITECTURA SENHORIAL DA REGIÃO"

PREFÁCIO:
O livro de Inês Borges, dedicado ao emblemático Solar de Santana — berço de uma família ilustre de Tondela e marcando o território urbano da sua mole de uma vetusta dignidade — é uma obra importante e que merece verdadeiramente ser publicada. Importante do duplo ponto de vista de uma História da Arquitectura Local (que muito importa ir alicerçando com os foros de cidadania que já detém a História Local, nomeadamente ao nível das instituições) e, em mais ampla perspectiva,de um estudo sistemático da Arquitectura Civil, que, por força da sua dificuldade, longamente vem ocupando a sombra da História da Arquitectura.
(...)
António Filipe Pimentel (Subdirector-geral da Direcção Geral do Património Cultural)

Autor: Inês do Carmo Borges
Colecção Raiz do Tempo
Género: História/Museologia
ISBN: 978-972-8999-97-1
Ano: 2011
Páginas: 632
Dimensões: 17.0x24.0cm