domingo, 30 de dezembro de 2012

Entrevista sobre a presença arábico-islâmica e Sufi em Fernando Pessoa


A nossa grande tradição arabe –  de tolerancia e de livre civilização.
E é na proporção em que formos os mantenedores do spirito arabe na Europa que teremos uma individualidade àparte.
Fernando Pessoa


Assinalamos com prazer uma entrevista com um investigador da Universidade de Lisboa, cuja investigação é dedicada à presença arábico-islâmica na obra de Fernando Pessoa.

Esta entrevista foi publicada no blogue Um Fernando Pessoa e informa-nos sobre o interesse de Pessoa pela civilização islâmica, e nomeadamente pelo Sufismo.

A entrevista encontra-se aqui (clicar na ligação para a ler):


Assinalamos também o blogue deste investigador, dedicado ao mesmo tema:

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Portugal. Natal 2012

No Natal
Dorme na rua
desagalhado
Pede a Deus
Uma noite de calor


Na minha infância o Natal era tropical, feito de chuva e calor. Em casa, um bonsai replicava um pinheiro ancião. Mil passarinhos feitos de papel manteiga, vestiam-no de branco, inventando o inverno. Naquele pedaço de mundo, a neve era tão quente como o nosso coração.
Só muitos anos depois é que eu soube que o bonsai é planta que cresce presa. Cria raízes no sofrimento. Modificada, ganha a dimensão da natureza numa bandeja.  Mil passarinhos vestiam o nosso pinheirinho desejando longa vida. Como o nosso bonsai, os tsurus viviam para além dos dias. Memória dos nossos corações de criança.

Um sorriso
simula um abraço
a quem na rua
tem o seu abrigo.

Quando me contaram que o Pai Natal não passava de um conto de fadas, entendi o meu desconforto. Tantos anos a entrar pelas chaminés, com renas e neve, sempre no mesmo dia, em todos os lugares do mundo, beneficiando uns e esquecendo outros. Pedi então, que Deus existisse, mesmo que eu não soubesse como, porque nos dias difíceis só ele poderia me valer.

uma mãe deu à luz
uma criança sem casa
Não houve Reis Magos
a proteger a cria

Em cada esquina encontro uma luz que se apaga, dando conta do tempo que vivo. Mais um amigo sem emprego, mais uma criança com fome. Em cada cada esquina, padeço de tristeza, porque o Natal hoje, em Portugal, é tão mentiroso como o Pai Natal.

Possa o meu coração ser suficiente para aquecer a criança que acaba de nascer.