|
O Grito (Edvard Munch) |
O homem religioso é sedento do
ser. O terror diante do «caos» que envolve o seu mundo habitado, corresponde ao seu terror diante do nada. O espaço desconhecido que se estende para lá do seu «mundo», espaço não-cosmisado porque não-consagrado, simples extensão amorfa onde nenhuma
orientatio foi ainda projectada, e portanto nenhuma estrutura se esclareceu ainda - este espaço profano representa para o homem religoso o não-ser absoluto. Se, por desventura, o homem se perde no interior dele - sente-se esvaziado da sua substância ôntica, como se se dissolvesse no Caos, e acaba por extinguir-se.
Mircea Eliade,
O Sagrado e o Profano, 2006, Livros do Brasil, Lisboa, p.76
Sem comentários:
Enviar um comentário