sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Miguel Sousa Tavares ou A Queda de um Anjo




Confesso que resisti muito tempo a escrever alguma coisa sobre o ainda recente comentário de Miguel Sousa Tavares na SIC sobre a abolição das touradas na Catalunha. Resisti porque os argumentos de MST se refutam a si mesmos e, sobretudo, porque tenho pudor em acrescentar alguma coisa aos vários tiros que o comentador deu em público na sua própria imagem pública. E cada vez mais, agora, ao ver as reacções e insultos de que é objecto por parte de muitos cidadãos, justamente indignados com o que disse (embora não me reveja na violência de muitos ataques pessoais), sinto pena deste homem. Sinto pena de um homem que entrou na fase de estrela decadente, tanto mais baça e em queda acelerada quanto mais pretende brilhar à custa de atacar causas justas e de defender o indefensável. Sinto pena por mais esta “Queda de um Anjo”, para recordar o romance do grande Camilo Castelo Branco.

Não me quero alongar sobre o que disse MST, que já teve no Facebook várias respostas à altura, entre as quais a de Lucília São Lourenço, de Mário Amorim (CAPT) e do meu cunhado Richard Warrell. Noto apenas, com tristeza, a incapacidade, de MST e dos que apoiam as touradas (ou a caça e todas as formas de violência sobre animais), de se colocarem na perspectiva e no lugar do outro, que neste caso é o animal, violentamente sujeito ao sofrimento para diversão do homem. Não ser capaz de se colocar no lugar do outro, não ser capaz desta exigência indispensável de toda a ética, e não perceber que é esta a razão pela qual há tanta e cada vez mais gente que se opõe às touradas - e não uma simples questão subjectiva de gostar ou não gostar de um espectáculo - , é uma terrível limitação da sensibilidade e da inteligência. Mas MST e os que pensam como ele, como o autarca Moita Flores, sem perceberem que porventura se estão a ver ao espelho, têm ainda o desplante de afirmar que são os outros que têm “falta de cultura” e que seguem o “caminho da estupidez”… Isto é triste. Muito estúpido e triste.

Muito estúpido e triste também, mas grave, muito mais grave, é a comparação da violência nas touradas, imposta pelos homens aos animais indefesos, com os perigos voluntariamente assumidos pelos participantes nos combates de boxe e nas corridas de automóveis (ou ainda o considerar a parvoíce de um programa televisivo, que se pode desligar a qualquer momento, mais violenta do que as touradas). Este raciocínio, além de só mostrar desonestidade ou falta de rigor intelectual ou as duas coisas, o que tenta é branquear a violência dos mais fortes contra os mais fracos reduzindo-a a desporto. Isto é preocupante, pois nesta ordem de ideias o que nos impede de considerar desporto as violações, os assassínios e todo o tipo de atentados contra a integridade dos seres humanos? Se obviamente repugna a todos nós considerar que as mulheres, as crianças e as vítimas de violação e homicídio participam de um espectáculo desportivo, se não aceitamos ser saudável ou estar no pleno uso da sua razão quem assim pense, o que dizer dos argumentos de MST?...

Mas isto não acaba aqui, não acaba na existência de ideias como as de MST. A gravidade de tudo isto continua e aumenta na promoção das pessoas que defendem estas ideias a “opinion makers”, a pessoas influentes na opinião pública, transmitidas em directo no horário mais nobre de um noticiário televisivo para milhões de espectadores, sem uma voz que exerça a função do contraditório e perante a manifesta impotência ou desistência da jornalista Clara de Sousa quanto ao exercício dessa função. E depois vem MST acusar os opositores das touradas de atentarem contra a “liberdade” e a “democracia”, quando ele é o primeiro beneficiário destes atentados que privilegiam sistematicamente na comunicação social os aficionados e silenciam quase por completo as vozes opostas!...

É isto que hoje mais me preocupa e não tanto a existência de pessoas com as ideias de Miguel Sousa Tavares, Moita Flores e outros que, sem se renovarem interiormente, arriscam-se a ter atingido e ultrapassado o limite do prazo de validade, em termos de sensibilidade humana e probidade intelectual. Espero que assim não seja, mas temo que deles já não haja nada a esperar, a não ser uma deterioração cada vez mais acelerada. O que me preocupa é que, num país e num mundo onde cada vez mais ganha volume uma nova corrente e movimento de opinião, que exige um tratamento ético dos animais (humanos e não-humanos) e se insurge contra as violências a que são sujeitos – corrente e movimento que vejo como o embrião de uma nova cultura e de uma nova civilização - , os nossos órgãos de comunicação social continuem a dar voz apenas aos mesmos de sempre, com os graves preconceitos e ideias aqui expostos. São estas as figuras públicas que nos representam? É este o Portugal que queremos?

Termino pedindo aos leitores que não lancemos mais pedras a MST, Moita Flores e outros. Tenhamos por eles a mesma compaixão que pelos touros e por todos os seres sencientes, humanos e não-humanos. Quem pensa, fala e age em defesa da violência, ou a pratica, não pode estar bem. Peguemos antes nessas pedras e lancemo-las àquilo que em nós houver também de ignorância, preconceito e insensibilidade. E que seja por compaixão por todos – incluindo toureiros, aficionados e todos os que praticam ou apoiam a violência sobre outros seres - , e não movidos pelo ódio e pela raiva, que continuemos a manifestar a nossa justa indignação e a lutar por um mundo onde o direito de todos os seres sencientes à integridade e bem-estar físicos e psíquicos seja consagrado na lei e integralmente respeitado.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

se há estrelas
casas com a lua
inventas promessas
branca e negra
é tua a saudade
serena é a noite
quando te encontras

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

se a pomba está ao teu alcançe
abraça-a com ternura
como se a mim abraçasses
e se ela foge e recua
canta que ela regressa ao encanto
se for branca, a pomba-rola
coloca em seu bico, uma rosa vermelha
segreda-lhe a minha morada
e se eu tiver partido
com destino desconhecido
entrega a pomba-rola
a rosa vermelha ao mundo

Nenhum deus virá salvar-nos

"Quando, por fim, todos os homens perceberem que não há nada a esperar de Deus, nem da sociedade, nem dos amigos, nem dos tiranos benevolentes, nem dos governos democráticos, nem dos santos, nem dos salvadores, nem sequer da mais sagrada das coisas sagradas, a educação, quando todos os homens perceberem que terão que se salvar por obra das suas prórias mãos e que não precisam da piedade de ninguém, talvez então... Talvez! Mesmo nessa altura, tendo em conta a massa humana de que somos feitos, duvido. O que interessa é que estamos condenados. Talvez morramos amanhã, talvez daqui a cinco minutos. Façamos o nosso balanço. Podemos fazer com que os últimos cinco minutos valham a pena, sejam agradáveis e talvez alegres, se preferirem. Ou dissipá-los como fizemos com as horas, os dias, os meses, os anos e os séculos. Nenhum deus virá salvar-nos. Nenhum sistema de governo, nenhuma crença nos dará essa liberdade e essa justiça por que os homens anseiam mesmo no estertor da morte."

- Henry Miller, in Carta Aberta a Todos os Surrealistas do Mundo
O meu corpo novo, esse onde existo sem forma, é abrigo do poeta.
Embriagado de vida resiste ao tempo, e no tempo, dele se despede.

Descobre o vazio onde o texto encontra o silêncio.
Nele o abandono sublime do amor.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Casa Fernando Pessoa- Apresentação da revista "Cultura Entre Culturas" nº3




Transcrevemos aqui, por sugestão de Paulo Borges, as palavras de apresentação do nº 3 da revista "Cultura Entre Culturas", proferidas ontem na Casa Fernando Pessoa por Luiz Pires dos Reys, director de arte da publicação. 
Integraram a mesa Paulo Borges (director), António Baptista Lopes (Âncora Editora), Miguel Real (romancista e ensaista) e Luiz Pires dos Reys (director de arte).

A leitura do texto integral pode ser feita mediante download a partir do link no final deste post.
Acredite-se ou não, entro hoje pela primeira vez nesta Casa. 
Mas, será a, por assim dizer, primeira vez a primeira vez de qualquer coisa? Ou será a decisão de entrar, um dia, nesta ou noutra casa o que é verdadeiramente primeiro?
Chamando a mim adequadas palavras de Casimiro de Brito, a abrir o seu Labyrinthus – entro aqui “devagar e subterrado”.
Devagar, porque este lugar é para ser visitado com vagar. Subterrado, porque é o seu quê esmagador o que aqui se respira. Não que seja sufocante, mas porque, pelo contrário, tem algo da vastidão de um deserto: árido e sufocante apenas para quem não saiba, como eu porventura talvez não saiba como atravessá-lo incólume. 
Entrar é propriamente consentir - sentir com, portanto. Consentir, ou consentir-se, é aceder ao entre (esse âmbito desprovido de verdadeiro espaço mas, ainda assim, não menos real) ao entre que vai da soleira da porta até ao ponto mais recôndito, difuso e quase esquecido que há dentro, passando pelo d’entre que, deste modo, se insinua manifesto entre mim e esse, digamos, antro que vai entrando por mim adentro. 
É portanto, como se vê, pura inter-penetração o movimento de entrar, onde quer que o esbocemos. Aliás, apetecia-me dizer inter-penentração, não fora isso mais perplexivo do que propriamente aclarador. 
O que isso quereria dizer é que eu (ou outro alguém) que entro na casa, nesta casa, sou,  mediante tal acto, posto no âmbito entre que, misteriosamente, medeia o aquém da porta e o além dela.  Isso, que displicentemente supomos saber, não sabemos realmente o que seja. 
É porventura apenas o não ser uma coisa nem outra, nem fora nem dentro, nem porventura sequer o transcurso de um para o outro.
A casa, acolhe-me assim como o que é abertura de receptividade, pública, digamos – abrindo-se-me, no abrir-me o seu espaço interno. Mas, este espaço interior é mais propriamente impasse, para quem entre, e (perdoe-se-me a bizarria da expressão) impasse entre-ior.
O dentro da casa é sempre o fora de mim, e abre-se-me em intimidade na medida apenas em que eu sinta que ela, a casa - qualquer casa ou espaço, âmbito ou contexto que seja - me convida a entrar nele, e me acolhe assim.
O seio da casa, contanto que eu o não sinta intimidante, e o adopte por assim dizer como intrínseco ao meu diálogo com o seu espaço visitável ou habitável, passará a ser parte de mim e, deste modo - ainda que já interior também a mim, em certa medida - mantém-se relativo a um campo sempre re-visitável, que nesse sentido me permanecerá sempre exterior.
O que medeia entre uma coisa e a outra, isto é, entre a intimidação de alguma eventual estranheza e a intimidade por assim dizer con-cêntrica comigo - isso é, propriamente, aquele campo, aquele âmbito, que aqui designamos por Entre.




http://pt.scribd.com/doc/65755937/Apresentacao-da-revista-Cultura-Entre-Culturas-nº3-por-Luiz-Pires-dos-Reys-na-Casa-Fernando-Pessoa-20-de-Setembro-de-2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

"Nós sabemos o que os animais fazem..."

"Nós sabemos o que os animais fazem, quais são as necessidades do castor, do urso, do salmão e das outras criaturas, porque, outrora, os homens casavam-se com eles e adquiriram este saber das suas esposas animais (...). Os Brancos viveram pouco tempo neste país e não conhecem grande coisa a respeito dos animais; nós, nós estamos aqui desde há milhares de anos e há muito tempo que os próprios animais nos instruíram. Os Brancos anotam tudo num livro, para não esquecer; mas os nossos ancestrais desposaram os animais, aprenderam todos os seus usos e fizeram passar estes conhecimentos de gerações em gerações" - declarações dos Índios a um antropólogo canadiano citadas por Claude Lévi-Strauss, em "La Pensée Sauvage".

"...vamos compreendendo que o ser alheio a nós é também nós e que nos importa sê-lo para sermos"

"Quando surgimos para a consciência, tendemos a distinguir-nos e a afirmar-nos como diferentes. Mas, na medida em que o nosso pensamento se desenvolve, vamos compreendendo que o ser alheio a nós é também nós e que nos importa sê-lo para sermos. Eis a origem profunda do amor e eis aquilo que a razão humana tem de ter em conta sob pena de não alcançar a verdade mais alta"

- José Marinho, "Sobre a compreensão - II", in Teoria do Ser e da Verdade, I, edição de Jorge Croce Rivera, Lisboa, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2009, p.335.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ENTRE....


Fotografia de Mariis Capela


Há entre mim e o real um véu
À própria concepção impenetrável.
Não me concebo amando, combatendo,
Vivendo como os outros. Há em mim,
Uma impossibilidade de existir
De que [abdiquei], vivendo.

Fernando Pessoa
Na Sé foram as nossas juras de amor
Debaixo da cruz entreguei-me
fazendo jus ao pecado
Abri as pernas e tu choravas
a dor que se adivinhava
despi meus seios
semeei meu leite na tua boca
feito a Virgem Maria.
Na Sé foi o fim do amor
desencontrado no acto
Enquanto te vinhas eu gritava: PARTO!

A viúva chorava a morte tardia do marido embuchado
O cego cantava numa ladainha riscada:
-Senhora dá-me teu leite que também tenho sede

E o orgasmo? O que é feito dele?
Miragem do passado. PARTO

- mas e o fim começou na sé? qual fim? qual sé?
- trocadilhos da mente que as vezes se escapam
Reserva-me um lugar silencioso
verde de preferência
Um dois por quatro – tenho fetiche com os pares
Rodeia esse espaço de gente

Inventa a semente – sem mente

domingo, 11 de setembro de 2011

Nikolina Nikoleski: Bho Shambo






Nikolina Nikoleski performing at the ICCR's Festival of foreign artists resident in India,28.5.2008.,Kamani Auditorium,New Delhi

Natuvangam: Padmashree Guru Dr.Saroja Vaidyanathan
Vocal: Smt. Satya Krishnaswami
Mridangam: Shri Chandrashekar
Violin: Shri Chakrapani

deixa que o céu encontre a terra
o mar durma na areia
a chuva fermente o pão
deixa que o que nunca teve 
paragem certa fique onde está
sem nunca ficar
Voam as pombas na capela,
e só tu dás por elas
deixam no ar o cheiro do orvalho
e só tu dás por ele
choram como se o dia fosse noite
e só tu cuidas delas
poisa a pomba na cruz
e só tu deixas-te ir
teu sorriso de criança
deu -me o dia antes da noite
teu olhar sem dor
deu-me a manhã antes do dia
esqueço a hora que partes
descanso meu corpo no teu
canta o beija-flor
e o dia é ontem todo o dia
desde ontem

sábado, 10 de setembro de 2011

Fúrias

Escorraçadas do pecado e do sagrado
Habitam agora a mais íntima humildade
Do quotidiano. São
Torneira que se estraga atraso de autocarro
Sopa que transborda na panela
Caneta que se perde aspirador que não aspira
Táxi que não há recibo extraviado
Empurrão cotovelada espera
Burocrático desvario

Sem clamor sem olhar
Sem cabelos eriçados de serpentes
Com as meticulosas mãos do dia a dia
Elas nos desfiam

Elas são a peculiar maravilha do mundo moderno
Sem rosto e sem máscara
Sem nome e sem sopro
São as hidras de mil cabeças da eficácia que se avaria

Já não perseguem sacrílegos e parricidas
Preferem vítimas inocentes
Que de forma nenhuma as provocaram
Por elas o dia perde seus longos planos lisos
Seu sumo de fruto
Sua fragrância de flor
Seu marinho alvoroço
E o tempo é transformado
Em tarefa e pressa
A contra tempo

- Sophia de Mello Breyner, 1988
seja a ausencia, desejo
que cresce na ausencia
amor que nos desperta

terça-feira, 6 de setembro de 2011

abraço a incerteza
nada sei além deste instante

que respiro
fossem os deuses homens

e a hora seria amanhã
fossem os homens deuses

e a vida seria agora.

domingo, 4 de setembro de 2011

Rumo ao pico do Toubkal, 4167m. Subir ao alto é descer ao fundo.


CIGARRA


Enquanto chora, canta
Enquanto dorme, acorda 
Solitária, descobre-se
Dançam borboletas na paisagem verde
Adormece a leoa coberta com amor
Vive a vida a hora, sem pressa 
Morna, suada, preguiçosa.


Calam silenciosas as pedras
Montanha que nos alcança
Voam gaivotas, nasce outra flor
A noite se alonga no amanhecer
o vinho escorrega
pela garganta
aqueçe o corpo
descobre o ventre

encontra a Besta
o Anjo com sede
amor adiado
Desço ao abismo
entre o paraíso e o inferno
existo

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A leitora suspensa de si...


A leitora atravessa o ar no pensamento de uma palavra solta das páginas do livro do mundo. As suas asas voam na imensa distância que vai de si a si. Há um cristal parado no olhar que brilha na cegeuira do outrora. Agora, um continente se abre e o silêncio suspenso é um infinito imóvel e eterno. A leitora está sem mãos para folhear as páginas, a leitora lê-se no espaço entre as palavras. Um tremor de vento suspeso nas folhas bate as asas no coração. A paisagem lê-se de olhos fechados. De dentro, do interior de si, uma paisagem repousa no colo. Como um livro aberto entre paisagens, as águas aquietam-se e desaguam no horizonte que se não vê. Um mundo de palavras e de sensações suspendem o momento, tornam o mundo estreito. As paisagens ausentes debruçam-se no lago. Há peixes na fundura dos rios a prender o silêncio das redes. O perfil irreal dos astros ramifica-se na pele, tece palavras leves na nervura e nos veios das veias. Há jardins submersos no olhar. Aí a leitora desprede-se do livro e do mundo, suspende-se de si para ouvir o silêncio que cresce em ramos de nenhum vento. As páginas ardem longe. Agora, a leitora é um intervalo, uma abertura no céu da boca das palavras.

Respiramos a cada instante no coração de todas as coisas

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

"O mestre é o homem que não manda"

"O mestre é o homem que não manda; aconselha e canaliza, apazigua e abranda; não é a palavra que incendeia, é a palavra que faz renascer o canto alegre do pastor depois da tempestade; não interessa vencer, nem ficar em boa posição; tornar alguém melhor - eis todo seu programa"
- Agostinho da Silva, "Considerações"

"O drama do ser termina na libertação final pelo bem"

"Se pois a perfeita virtude, a renúncia todo o egoísmo, define completamente a liberdade, e se a liberdade é a inspiração secreta das coisas e o fim último do universo, concluamos que a santidade é o termo de toda a evolução e que o universo não existe nem se move senão para chegar a este supremo resultado. O drama do ser termina na libertação final pelo bem"

- Antero de Quental, "Tendências gerais da filosofia na segunda metade do século XIX".

Escrevemos para que mais resplenda o branco do ser e da página. Escrevemos para que mais se desnude o sem porquê nem para quê.