terça-feira, 30 de novembro de 2010
"Dá-me os óculos..." - últimas palavras de Fernando Pessoa, que partiu há 75 anos
"Dá-me os óculos..." - foram estas, segundo João Gaspar Simões, as últimas palavras de Fernando Pessoa, que partiu a 30 de Novembro de 1935.
A revista e o projecto Cultura ENTRE Culturas prestam a sua homenagem a quem viu o nada-tudo que há em nós e que, na linha de Camões e Vieira, seguido por Agostinho da Silva, semeou um Portugal-universo, cosmopolita e armilar, um Portugal trans-moderno livre da história e da geografia, refundado nas consciências e aberto a todos os que, portugueses, lusófonos ou não, se deixem inquietar pela terrível e esplendorosa estranheza de existir.
O 3º número da Cultura ENTRE Culturas ser-lhe-á dedicado.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
semente
Amanhã, 14.30-16h, Cultura ENTRE Culturas na Escola Superior de Educação de Setúbal
domingo, 28 de novembro de 2010
Maitreya Project
Maitreya Project is based on the belief that inner peace and outer peace share a cause and effect relationship and that loving-kindness leads to peace at every level of society — peace for individuals, families, communities and the world.
The Maitreya Buddha statue is being designed to last for at least 1,000 years. Through this entire new millennium and into the next, it will effect positive change within the hearts and minds of people all over the world and benefit the people of India through its social and economic activities.
Maitreya Project's vision includes schools that focus on ethical and spiritual development as well as academic achievement, and a healthcare network based around a teaching hospital of international standard to provide healthcare services, particularly for the poor and underprivileged.
Maitreya Project is working with local, regional and state governments in Uttar Pradesh, India, where the Kushinagar Special Development Area Authority will support the planned development of the area surrounding the Project.
The Maitreya Buddha statue is being built to bring as much benefit as possible, for as long as possible, so that loving-kindness will eventually arise in the hearts of all beings.
BAIXIO
cala a gargalhada, solta o pranto, soluça baixo o escárnio, dança sem modos o canto.
desagua o rio quando nasce. ri quando chora, cala o pranto.grita em silêncio o engano.
voa a gaivota outro canto. branco tão brancomar ou rio, salgado ou doce, nada o peixenão rinão choranada
nada/oco/vazioespanto/brancodor/sem cor/saboramargo/azia/azedomedo/começo/mortoterra/semen/fértil-estérilventre/entre/mente/vazio/oco/nada
desagua o rio quando nasce. ri quando chora, cala o pranto.
cala a gargalhada - nada
solta o pranto - oco
Soluça baixo o escárnio - vazio
dança sem modos - branco
nada o peixe - ventre
caminha - mente
nada/oco/vazio
grita em silêncio o engano
lodo/lama/lótus
nasce a lua na noite
despe o sol o dia
morre a poente
no colo do ausente
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Somos isto ou aquilo?
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
6ª feira, 26, Botequim da Graça: Agostinho da Silva e a Europa
6ª feira, dia 26, estarei a partir das 18.30 com o Dirk Hennrich no Botequim da Graça, para animar a tertúlia com o tema "Agostinho da Silva e a Europa". Agostinho via o abraço ao mundo como a vocação e o destino de Portugal e da lusofonia, que não deveria ficar refém da velha civilização europeia, devendo antes trazer até ela o melhor de todas as culturas planetárias, de modo a regenerá-la da sua decadência. O mesmo já pensava Fernando Pessoa. Na verdade, o paradigma ferozmente antropocêntrico e produtivista-consumista da nossa civilização está a arruinar o planeta ao qual se estendeu.
Apareçam para arejar ideias, que este país estagnado bem precisa!
terça-feira, 23 de novembro de 2010
José e Pilar - Trailer
José e Pilar
Sinopse
A Viagem do Elefante, o livro em que Saramago narra as aventuras e desventuras de um paquiderme transportado desde a corte de D. João III à do austríaco Arquiduque Maximiliano, é o ponto de partida para José e Pilar, filme de Miguel Gonçalves Mendes que retrata a relação entre José Saramago e Pilar del Río.
Mostra do dia-a-dia do casal em Lanzarote e Lisboa, na sua casa e em viagens de trabalho por todo o mundo, José e Pilar é um retrato surpreendente de um autor durante o seu processo de criação e da relação de um casal empenhado em mudar o mundo -- ou, pelo menos, em torná-lo melhor.
José e Pilar revela um Saramago desconhecido, desfaz ideias feitas e prova que génio e simplicidade são compatíveis. José e Pilar é um olhar sobre a vida de um dos grandes criadores do século XX e a demonstração de que, como diz Saramago, "tudo pode ser contado de outra maneira".
música do trailer: noiserv - "Palco do Tempo" [noiserv.net]
olha-te para lá do verbo
sê livre como um livro a galgar caminhos
como as águas rebentadas de uma gravidez
não queiras ser suporte de uma lâmpada
nem a luz redonda que fica no chão do teatro
escreve o nós como se o nós
fosse a vida diante do espelho
ou como aquele profeta que foi à morte e voltou
apenas com o pretexto de repetir a cena
caminha para o poema
pelo centro da dor das palavras
agita-as numa vontade de mar
até veres no fundo da música
os pássaros brancos
GREVE GERAL
Façamos pois Greve Geral, em protesto contra todos os governos e oposições que, não só agora, mas desde a fundação de Portugal, contribuíram para o estado em que estamos. Todavia, façamos Greve Geral sobretudo em protesto contra nós próprios, que maioritariamente votamos sempre nos mesmos ou nos abstemos de votar e, principalmente, de criar alternativas à classe política e aos partidos em que desde há muito não acreditamos. Façamos Greve Geral, sim, mas também à nossa passividade e conformismo cívicos, à nossa preguiça e indolência, à nossa tremenda indiferença. Façamos Greve Geral ao nosso hábito inveterado de criticar tudo e todos e nada fazer, ficando sempre à espera que alguém faça, que os outros resolvam, que D. Sebastião apareça. Façamos Greve Geral à ideia de que basta fazer um dia de Greve Geral exterior, em prol de mudanças sociais, económicas e políticas, deixando tudo igual nos outros dias e dentro de cada um de nós. Sim, façamos definitivamente Greve Geral à demissão de sermos desde já, sempre e cada vez mais a diferença que queremos ver no mundo, em todas as frentes, sem exclusão de nenhuma: espiritual, cultural, ética, social, económica e política.
Façamos pois Greve Geral à nossa cumplicidade com o rumo de uma civilização que caminha aceleradamente para a sua perda, à nossa colaboração com a ganância e futilidade da hiperprodução e do hiperconsumo que violam a natureza e instrumentalizam e escravizam os seres vivos, homens e animais, em nome de um progresso e de um bem-estar que é sempre apenas o de uma pequena minoria de senhores do mundo. Façamos Greve Geral à intoxicação quotidiana de uma comunicação social que só deixa passar a versão da realidade que interessa aos vários poderes e contrapoderes. Façamos Greve Geral à imbecilização colectiva de muitos programas de televisão e seus outros avatares informáticos, que nos deixam pregados no sofá e nos ecrãs quando há crianças a morrer de fome, mulheres apedrejadas até à morte, velhos abandonados, defensores dos direitos humanos torturados e a apodrecer nas prisões, trabalhadores explorados, povos vítimas de agressão militar e genocídio, animais produzidos em série para os nossos pratos e a agonizar nos canis, matadouros, laboratórios e arenas, a natureza e o planeta a serem devastados… Façamos Greve Geral a todas as nossas ilusões e distracções, a todo o fazer de conta, a toda a conversa fútil no café, telemóvel, blogues e facebook, a todo o voltar a cara para o lado ante a realidade profunda das coisas e toda a nossa hipócrita cumplicidade com o que mais criticamos e condenamos.
Sim, e sobretudo façamos Greve Geral à raiz de tudo isso, a todos os nossos pensamentos, emoções, palavras e acções iludidos, inúteis e nocivos a nós e a todos. Greve Geral a todos os juízos e opiniões que visam sempre autopromover-nos em detrimento dos outros. Greve Geral a colocarmo-nos sempre em primeiro lugar, a nós e aos “nossos”, familiares, amigos, membros da mesma nação, clube, partido, religião ou espécie, em detrimento dos “outros”, sempre a menorizar, desprezar, combater, dominar ou abater. Pois façamos Greve Geral, total e radical, não só um dia, mas para sempre, a toda a ignorância dualista, apego e aversão e à sua combinação em todo o egocentrismo, possessividade, orgulho, inveja e ciúme, avareza e avidez, ódio e cólera, preguiça e torpor. Paremos para sempre de produzir e consumir isto, cessemos de poluir mental e emocionalmente o planeta e deixemos espaço para que em nós floresça e frutifique a sabedoria, o amor, a compaixão imparciais e incondicionais, a paz e a alegria profundas e duradouras.
Façamos Greve Geral, agora e para sempre! E deixemo-nos contaminar pela Revolução doce e silenciosa de uma mente desperta e sensível ao Bem de todos os seres sencientes, que nada pense, diga e faça que não o vise, a cada instante, seja em que esfera for, também na economia e na política. Desta Greve Geral sai um Homem e um Mundo Novo.
Paulo Borges
23.11.2010
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
conferência de Paulo Borges em Barcelos
domingo, 21 de novembro de 2010
3ª feira, 23, 21.30, Clube Literário do Porto, "Descobrir Buda" e nº2 da revista Cultura Entre Culturas
Estarei no Clube Literário do Porto, na Rua da Alfândega, 22, na 3ª feira, dia 23, pelas 21.30, para uma conferência com o tema "Descobrir Buda" e para apresentar o meu último livro, com o mesmo título (Lisboa, Âncora, 2010), bem como o nº2 da revista Cultura ENTRE Culturas, dedicada ao tema "Encontro Ocidente-Oriente".
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
O diagnóstico que Erich Fromm fez, já em 1976, do “fracasso” e do “fim de uma ilusão”
- Erich Fromm, Ter ou Ser?, Lisboa, Editorial Presença, 1999, pp.13-14.
Filosofia: Mente, meditação e despertar da consciência
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Para download: Extractos do nº 2 da revista - pdf
As Bufónias, o sacrifício e a queda pelo alimento animal, segundo Agostinho da Silva
- Agostinho da Silva, A Religião Grega [1930], in Estudos sobre Cultura Clássica, p. 165.
"O animal é o futuro do homem" - Dominique Lestel, um etólogo e filósofo que repensa o homem a partir da sua relação com o animal
Dominique Lestel, L'animal est l'avenir de l'homme
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"[...] a etologia e a psicologia comparadas, apesar das suas manifestas insuficiências, mostraram de forma indubitável que o animal é um sujeito complexo, frequentemente um indivíduo e por vezes uma pessoa. Em todos os casos, trata-se de um interlocutor e por vezes de um companheiro, o que já justifica plenamente a vontade de o proteger contra a violência dos humanos. Nesta perspectiva, é interessante constatar que o humano é a única espécie predadora em que certos indivíduos protegem as presas contra os seus congéneres. É também a única espécie, infelizmente, que se pode caracterizar como uma espécie predadora universal, susceptível de destruir tudo o que é vivo.
[...]
"Aqueles que se preocupam hoje com os animais [...] [são] indivíduos que constituem a vanguarda de uma nova cultura em gestação. Pois quem ataca os animais agride também o homem. [...]
Os humanos que se preocupam com os outros animais constituem um movimento de vanguarda chamado a crescer e a transformar a consciência da época"
- Dominique Lestel, L'animal est l'avenir de l'homme, Paris, Fayard, 2010, pp.8, 10 e 12.
http://fr.wikipedia.org/wiki/Dominique_Lestel
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Dia 19, 21.30, em Barcelos: "Mente, meditação e despertar da consciência", apresentação da Cultura ENTRE Culturas 2 e de "Descobrir Buda"
Estarei no dia 19, 6ª feira, pelas 21.30, no Auditório da Câmara Municipal de Barcelos, para uma conferência com o tema "Mente, meditação e despertar da consciência: a redescoberta de um intemporal paradigma". Na mesma ocasião apresentarei o nº2 da revista Cultura ENTRE Culturas, bem como o meu último livro: Descobrir Buda (Lisboa, Âncora Editora, 2010). O evento integra-se no Ciclo de Conferências "Consciência e Religião: perspectivas" e a entrada é livre.
domingo, 14 de novembro de 2010
Disse o poeta
Longa é a noite antes do amanhecer.
Se eu soubesse, mostrava a cor do Inverno em cada manhã.
O sino da Igreja toca todos os dias antes do meio-dia. Não sei se anuncia a morte ou uma vida agora nascida.
Diz-me o poeta que não fale de amor. Dou milho aos pombos, procuro o segredo antes do tempo.
Chove na minha rua, abro a janela antes que o tempo se vá e eu me esqueça.
Vi o sol de manhã, mal despertei. Perdi-o assim que acordei.
Se eu soubesse, mostrava a cor desse amor que o poeta anunciou.
Sei dele quando me perco.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Apresentação do nº 2 da Revista, por Luiz Pires dos Reys (excerto)
Segue igualmente link para download, para quem queira ler o texto na íntegra:http://www.4shared.com/document/6SzGNIIJ/Luiz_Pires_dos_Reys_Apresentao.html