terça-feira, 22 de novembro de 2011

Da saudade como peso, pêsame e pesadelo



“Temos todos experiência – pessoal e social – de que a saudade pesa. Mais do que em muitos corações palpitantes de vida, é no imaginário cardiológico de alguns, apostados em mistificar passado, presente e futuro, que a saudade se anicha como pêsame nos roteiros da história. Não se trata de mero acidente idiossincrásico, respeitável como todas as delicadezas patéticas, mesmo que não partilhadas; trata-se da exacerbação, exploração e distorsão de um sentimento humano apoteoticamente alcandorado a destinação de raça e a promessa de nublados porvires. Pode descambar em pesadelo.
Importa, por isso, sopesar a saudade”

– José BARATA-MOURA, “Peso, pêsame, pesadelo – para um sopesamento (não saudosista) da saudade”, in Estudos de Filosofia Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, 1998, p.197.

1 comentário:

Paulo Borges disse...

Um pensador crítico da saudade e do saudosismo injustamente silenciado pelos saudosistas e pelos adeptos de uma certa e autodesignada "filosofia portuguesa".