"É possível que a princípio o sacrifício simbolizasse a queda por um alimento animal, a expiação da morte da primeira rês; por qualquer circunstância, o homem, primitivamente frugívoro, teria sido obrigado a alimentar-se com a carne de animais, até aí sagrados para ele; abatera o primeiro e logo sentira todo o horror do seu crime: matara um companheiro, um amigo, e o seu primeiro movimento foi de fuga; depois, para que os deuses lhe perdoassem, fazia-os tomar parte no festim. O rito estranho das Bufónias, antiquíssimo, reproduzia com pormenorização a cena primitiva: havia a fuga do sacrificador, a acusação de todos os que tinham tomado parte na cerimónia; finalmente, a condenação dos instrumentos que tinham servido para cometer o crime"
- Agostinho da Silva, A Religião Grega [1930], in Estudos sobre Cultura Clássica, p. 165.
Agostinho da Silva retoma aqui a tese de Teixeira Rego, seu professor na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Veja-se, de Teixeira Rego, a Nova Teoria do Sacrifício.
7 comentários:
Gosto tanto de animais que até os como! Nham!
Bem temperadinhos!
No forrrrninho!
Talvez seja excessivo - por isso, Agostinho começa por dizer "É possível que..." - confundir (não digo que Agostinho confunde) sacríficio, ofício de imolação ritual, com caça que, originalmente, não só não era um "desporto", como também tinha por finalidade (segundo tudo leva mais do que a não duvidar) única e exclusivamente, a sobrevivência.
O que a indústria de cereais, a pecuária e o marketing disso fizeram nos tempos modernos é outra coisa e outra história: sem grande história para a História, aliás.
P.S.
Eu cá acho é indecente os anónimos não abrirem um blogue só deles. Por exemplo, o "Blogue dos Anónimos Anónimos".
E porque não um partido só para eles?
Chamado, sei lá, PAN (acho que não existe nenhum com estas iniciais): "Partido do Anonimato e da Nóia"?
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