"Sê plenamente o que és, meu caro amigo, e torna-te contagioso" - Agostinho da Silva.
É fácil e gratificante citar isto, mas deveríamos desconfiar por isso mesmo, sobretudo quando visamos autojustificar o nosso comportamento habitual.
Afinal o que quer dizer Agostinho? Sabe alguém o que é? O que somos é o que pensamos, dizemos e fazemos? E alguém "é" algo, na verdade, estático, permanente e definitivo?
4 comentários:
talvez: o que se está pensando,dizendo e fazendo, em estreita conjunção e em cada momento (daí o tempo e o verbo)
Vou-me pseudoantiautojustificar, e não vou ter o meu comportamento não habitual. Para aqui se desabituarem.
Primeiro desabituanço: Não me lembro de ter autorizado o respeitabilissimo A. de S. a tratar-me por tu, ora essa? Isso, só o consinto a Deus e, mesmo a ele, só nos dias em que existe. Ou seja, quando me apetece e é se me apetece.
Mas... é contagioso isto? Não quero! Uso protecção. Contracepção, perdão, contra-ser-o-que-se-é.
Por outro lado, se é fácil, não deve ser bom de se ser o que se é, pois homens (e mulheres) que me são exemplo (para nada, aliás!) sempre tiveram facilidade com as dificuldades.
Tenho, está visto, de aprender e experimentar também.
Mas, afinal, o que quer dizer Agostinho, perdão, o que quer dizer quem quer que seja? E qualquer coisa que seja que diga quem quer que seja ou Agostinho? Sabe alguém o que isso seja?
Ser plenamente o que sou? Hummmm...
Vou mas é pensar em não ser o que não sou, trocar as pernas à mioleira e comer esta na noite de passagem de ano. Para ver se me passa a coisa.
Não quero é "ser" lá isso de "estático, permanente e definitivo". Prefiro ser antitético (só para chatear), impermanente (como fica sempre bem dizer) e provisório, como os cigarritos que já não há, e também como a vida que vale que se farta, mas que ninguém sabe quanto seja nem o que ela seja.
Antes assim como assim: melhor assim!
(Vou para fora: cá dentro!)
floresta, montanha, mar, rio, terra, fértil, estéril, vento, chuva, semen, semente,tudo,nada, oco, pleno, vazio, vento, amor, semente de novo - Sê e contagia.
Estimado Paulo,
Que citação bela, que pensamento belo.
Penso que não para justificar comportamentos habituais, mas para justificar a autenticidade de quem faz realmente aquilo em que acredita, aquilo que faz sentido, aquilo que deseja. Mesmo que aquele que é, seja, mesmo não sendo sempre o mesmo. Mesmo que aquilo que somos não seja só o que pensamos, dizemos, fazemos.
Ser, ser isso mesmo, mesmo que o ser mude, e o ser esse ser também mude. Com alguma verdade e mentira, movimento e inacção.
Adorei.
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