domingo, 8 de agosto de 2010

Entre


Estar
Só no que está
Ouvir o que ouve
Com a atenção toda
No que é
Fora de nós
Uma corrente
Uma porta
Um entre
Que nos faça
Desaparecer
Des –
Aparecer
De Ser.

Aí, aí, aí!
Aí não há
Aí tudo é ausente
Como nascente
Corrente
Que não prende
Desaprende
Des –
Aprende
De Ser
De Ter
De Haver.

Mesmo que cante
O pássaro se expande
Em Silêncio
Que des –
Interroga
O Tempo
O Espaço
O Ente
Ver
Des –
Integra
A continuidade.
Tudo
É
Novo
Nada.
Ovo
Primeiro
Órfico
Or –
Fico.

5 comentários:

MUSICA ESCARLATE disse...

Poema Entre e Ór fico, FICO por aqui nestas palavras duma estética que me chama em Fogo e Terra, plenos de elementos étericos subtis; Ar; Água? Sim FICO OR...OM OM OM (som e terno)

Maria Sarmento disse...

Este, Inês, é como um cristal que "cortasse" para dentro.

O que se ouve, ouve-nos.
Fora dentro de nós
O que é taça bebe-nos
Nascemos da LuZ, da Morte

(escutei Rilke do avesso, do avesso dele mesmo...)

E há o Sol...
E os sorrisos
que vos entrego
Entre tanto que me dão.

Paulo Borges disse...

Estaremos, felizmente sem querer, a fundar o Entrismo!?
:) Belo poema!

Anónimo disse...

Agora fez-me dar uma estridente gargalhada, Paulo (ahahaha!!!)
Quem sabe, Paulo?!

Até para mim, que os escrevi estes são novos!
Estão entre... Será que ao considerar-se um "intervalo" Pessoa não se sentia, assim, já à época, o percursor do "Entrismo"...
Que sabemos nos desígniso do que não tem desígnio!!!

Um abraço muito escaldante daqui deste "Além".

Vou parafrasear, Pessoa, de cor, só pela ideia:
Se aqui é o Inferno, como tudo indica, onde será que pára o Diabo?

Renovo o abraço.


:)))))))

Anónimo disse...

... Tenho mais desta colecção...
É um ciclo (não um tricíclo) que agora atravesso.
Assim, na secura, na fissura, na tecitura do.entre, des-d.entro na construção.

Se não for muito a maçada. Compenso assim a ausência pela presença. Afinal também tenho Saudades!
:))))))