India 2005 - "Namasté! " - Fotografia de Teresa Lamas Serra
COSTA, Dalila Pereira da – As Margens Sacralizadas do Douro através de vários Cultos. Lello Editores, 2006, p.101.
Pois que a saudade vence a irreversibilidade do tempo e a distância do espaço, efectua a síntese, ou mais a união do espaço e do tempo, anulando sua aparente diferença e desunião: e anulando-os finalmente como forças terrenas.
Se quisermos apontar na espiritualidade mundial outro princípio semelhante e inserto numa dada filosofia, lembremos o ioga na filosofia indiana. A saudade é, tal o ioga, na sua vera tradução, união. E ambos como dimensões específicas de duas grandes espiritualidades mundiais; situadas, uma num extremo atlântico da Europa, outra no centro da Ásia. E duas formas diferentes que tomou o mito da reintegração, o que está primordialmente na saudade e no ioga. E ambos como disciplinas de ascese, visando a perfeição do ser e estar no mundo, num estado de consciência superior.
Digamos ainda que a saudade, tal como o ioga, é uma experiencia metafísica e um método do homem ultrapassar seus próprios limites.
E ambos uma via tradicional da sua cultura, abrindo novas e insuspeitas perspectivas e possibilidades ao ser humano. Oposta no espaço terreno ao ioga na Índia, a saudade demonstra-se semelhantemente como meio de libertação do humano à medida cósmica. Mas, notável diferença, a saudade, pelo homem português, levou esse princípio à sua manifestação na História pela Descoberta da terra e do céu. Embora haja também no ioga esta dimensão cósmica, ela não se projectou num acto histórico realizado efectivamente na realidade. Na introversão da alma indiana e não-vontade de intervenção no mundo alheio, mas voluntariamente limitando-se sobre si, não houve essa outra projecção no plano histórico, tal como a nação portuguesa; uma concepção espiritual traduzida extrovertidamente num feito à medida universal, abrindo novo ciclo, a Idade Moderna.
Dizíamos que a saudade e o ioga, são duas vias tradicionais de suas culturas, pois ambos detendo raízes duma outra cultura arcaica, de povos indígenas, antecedendo a vinda dos indo-europeus: na Índia, dravidianos, na Galécia, lígures. Heranças pré-arianas, tal como seu culto comum da Grande-Mãe (…)
Se quisermos apontar na espiritualidade mundial outro princípio semelhante e inserto numa dada filosofia, lembremos o ioga na filosofia indiana. A saudade é, tal o ioga, na sua vera tradução, união. E ambos como dimensões específicas de duas grandes espiritualidades mundiais; situadas, uma num extremo atlântico da Europa, outra no centro da Ásia. E duas formas diferentes que tomou o mito da reintegração, o que está primordialmente na saudade e no ioga. E ambos como disciplinas de ascese, visando a perfeição do ser e estar no mundo, num estado de consciência superior.
Digamos ainda que a saudade, tal como o ioga, é uma experiencia metafísica e um método do homem ultrapassar seus próprios limites.
E ambos uma via tradicional da sua cultura, abrindo novas e insuspeitas perspectivas e possibilidades ao ser humano. Oposta no espaço terreno ao ioga na Índia, a saudade demonstra-se semelhantemente como meio de libertação do humano à medida cósmica. Mas, notável diferença, a saudade, pelo homem português, levou esse princípio à sua manifestação na História pela Descoberta da terra e do céu. Embora haja também no ioga esta dimensão cósmica, ela não se projectou num acto histórico realizado efectivamente na realidade. Na introversão da alma indiana e não-vontade de intervenção no mundo alheio, mas voluntariamente limitando-se sobre si, não houve essa outra projecção no plano histórico, tal como a nação portuguesa; uma concepção espiritual traduzida extrovertidamente num feito à medida universal, abrindo novo ciclo, a Idade Moderna.
Dizíamos que a saudade e o ioga, são duas vias tradicionais de suas culturas, pois ambos detendo raízes duma outra cultura arcaica, de povos indígenas, antecedendo a vinda dos indo-europeus: na Índia, dravidianos, na Galécia, lígures. Heranças pré-arianas, tal como seu culto comum da Grande-Mãe (…)
COSTA, Dalila Pereira da – As Margens Sacralizadas do Douro através de vários Cultos. Lello Editores, 2006, p.101.
2 comentários:
Curioso... Acabo de telefonar à Dalila, que está bem, mas sem paciência nem tempo para escrever mais... E pede que alguém faça o que ela já não consegue fazer: estudar a nossa primeira rainha, a construtora da ponte de Marco de Canavezes, uma mulher sagrada e pontifícia...
Vim aqui parar pela minha fotografia e fiquei surpreendida com o texto. Obrigada "Música Escarlate" e Parabéns!
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