A Maria Sarmento, por nos sabermos vivos e unos.
Sonha-se-me o tempo e a memória, o espaço breve dos dias, de todos esses dias que foram lugar de tempo, de imensidão, de vício, de tremenda apatia pelas águas claras, na visão de pessoas e lugares. Como éramos ingénuos a pensar que era ali que começava a diferença… Como éramos simples ao olharmos as realidades com mãos de vagar… Como éramos crentes ao acreditarmos que os deuses tinham novos rostos e a nossa cegueira outra luz!...
Que é das memórias, que é dos vícios, que é dos instintos que sempre se nos segredaram nos dias e se prolongaram nos gestos, mesmo os menos nítidos, os desafiadores de sistemas e orgulhos, tanto quanto de realidades e presenças?!... Quantas vezes corremos de mãos dadas a caminho do nada, que era a realidade que se nos colocava à frente, e sorríamos quando nos apercebíamos que o lugar desse nada era o lugar da realidade onde procurávamos a razão e o mito?!…
Isso, isso mesmo. Que é do tempo e da memória que deixámos há muito tempo e nos entristece a recordar? Como se tivéssemos tempo de ter tempo!... Que a luz seja sempre o que nos anima as mãos e não tanto o que nos anima o olhar.
Sonha-se-me o tempo e a memória, o espaço breve dos dias, de todos esses dias que foram lugar de tempo, de imensidão, de vício, de tremenda apatia pelas águas claras, na visão de pessoas e lugares. Como éramos ingénuos a pensar que era ali que começava a diferença… Como éramos simples ao olharmos as realidades com mãos de vagar… Como éramos crentes ao acreditarmos que os deuses tinham novos rostos e a nossa cegueira outra luz!...
Que é das memórias, que é dos vícios, que é dos instintos que sempre se nos segredaram nos dias e se prolongaram nos gestos, mesmo os menos nítidos, os desafiadores de sistemas e orgulhos, tanto quanto de realidades e presenças?!... Quantas vezes corremos de mãos dadas a caminho do nada, que era a realidade que se nos colocava à frente, e sorríamos quando nos apercebíamos que o lugar desse nada era o lugar da realidade onde procurávamos a razão e o mito?!…
Isso, isso mesmo. Que é do tempo e da memória que deixámos há muito tempo e nos entristece a recordar? Como se tivéssemos tempo de ter tempo!... Que a luz seja sempre o que nos anima as mãos e não tanto o que nos anima o olhar.
Mesmo na saudade!
3 comentários:
"Como se tivéssemos tempo de ter tempo!"
Eis o bisturi que nos sulca e rasga a ínfima veleidade, eis o carrilhão que nos desperta soneiras baldaquinas e não permite que nos azambuemos nos encalacrados comprazimentos no sublime.
(O sublime é o que nem no instante cabe. Onde caberemos então nós?)
"Que a luz seja sempre o que nos anima as mãos e não tanto o que nos anima o olhar" - eis o que importa: ser vida nas mãos, em seu mesmo limite de arquipélago, de serem gesto dum sempre alhures delas.
Como se, precisamente, a cegueira fosse delas...
(Saudando Pedro Alvites, por isto, e por tudo: fraternalmente)
Pois, tenho que, grata, desejar que se nos sonhe em tempo e memória um labirinto e uma visitação.
É nas mãos que poisam, como em ramos, as aves dos sonhos. Também no olhar...Nos dedos enrolamos os fios de luz de construtores de asas e de fugas para o tempo para o qual já não temos tempo...
Entre o nascer e o morrer, há a Vida. O acto de nascer é como se fosse o de acordar. São os frutos da luz que animam as mãos e a arquitectura do labirinto e da fuga: arte e criação do que nos é sonho de liberdade. Em Saudade, que é flor eterna, e doura sobre o tempo.
Grata pelas mãos do olhar.
Saúdo o Donis e a Maria pelos seus gestos de mão e pelos seus tempos de olhar. Aqui, espero, nos encontraremos mais vezes.
Com um abraço fraternal.
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