Se a ciência subalterna consiste em saber sem compreender, a intermitente semi-gnose do instante consistiria antes em compreender sem saber, isto é, em adivinhar, pois o instante só é incompreensível em si mesmo para quem, tratando-o como se fosse um intervalo, espera nele apreender uma estrutura. Chamemos, pois, mistério àquilo que não pode ser conhecido, mas que pode, em fragmentos e clarões espasmódicos, ser por vezes compreendido ou, ao menos, surpreendido: compreendido na sua efectividade incognoscível e desconhecido na sua natureza. [...] Compreender é sempre captar o instante, seja ele o fiat da decisão ou o fit da mutação.
Vladimir Jankélévitch,
“Philosophie Prémière”, P.U.F., Paris, pág. 163 e seg.
1 comentário:
Captar sem capturar, pois o in-stante não está. Por isso insta.
Enviar um comentário