(foto R)
Algures no Além do Rio
depois da areia
a meio do amarelo
abrem-se subitamente
uma porta e uma janela.
Não é verdade que apenas quando uma porta se fecha uma janela se abra,
não é verdade o contrário
ambas as crenças são tijolos inconsistentes da arquitectura da mentira.
Na realidade das coisas do mundo
desde antiga
mente
portas e janelas abem-se
simultaneamente
para o profundo.
3 comentários:
Algures, somos janelas.
algures, portas.
O êxtase da porta é ser uma janela que tem vista para o mundo e todos os mundos no mundo.
O fado da janela é ser trespassada pela vista como se de uma porta se tratasse: no ver, vem o mundo e todos os mundos ao olhar.
Lâminas do aquém e do além, porta e janela interpenetram-se de sentido: a porta dá entrada ao interior da janela; a janela, fita o exterior da porta.
Na verdade, são ambas película e membrana para o Aberto que (se) nos abre:
"a meio do amarelo",
no depois da areia:
rio do além, algures
O que eu vejo é uma Catedral, Risoleta, por dentro.
O mundo abre-se em cada uma das suas cintilações para o profundo. Tudo é o fundo do mundo que o não tem.
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