Deixo aqui, pela sua importância, e por, se bem que publicado, ser porventura pouco conhecido, um poema de Cruzeiro Seixas, o qual não é até despropositado relativamente ao tema desta tertúlia:
Era um pássaro alto como um mapa e que devorava o azul como nós devoramos o nosso amor.
Era a sombra de uma mão sozinha num espaço impossivelmente vasto perdido na sua própria extensão.
Era a chegada de uma muito longa viagem diante de uma porta de sal dentro de um pequeno diamante.
Era um arranha-céus regressado do fundo do mar.
Era um mar em forma de serpente dentro da sombra de um lírio.
Era a areia e o vento como escravos atados por dentro ao azul do luar.
Cruzeiro Seixas
in "Áfricas", 1950, poema integrado no 1º caderno do Centro de Estudos do Surrealismo, da Fundação Cupertino de Miranda, Vila Nova de Famalicão. (citado in jornal "Público", Sábado, 2 de Dezembro de 2000)
1 comentário:
Deixo aqui, pela sua importância, e por, se bem que publicado, ser porventura pouco conhecido, um poema de Cruzeiro Seixas, o qual não é até despropositado relativamente ao tema desta tertúlia:
Era um pássaro alto como um mapa
e que devorava o azul
como nós devoramos o nosso amor.
Era a sombra de uma mão sozinha
num espaço impossivelmente vasto
perdido na sua própria extensão.
Era a chegada de uma muito longa viagem
diante de uma porta de sal
dentro de um pequeno diamante.
Era um arranha-céus
regressado do fundo do mar.
Era um mar em forma de serpente
dentro da sombra de um lírio.
Era a areia e o vento
como escravos
atados por dentro ao azul do luar.
Cruzeiro Seixas
in "Áfricas", 1950, poema integrado no 1º caderno do Centro de Estudos do Surrealismo, da Fundação Cupertino de Miranda, Vila Nova de Famalicão.
(citado in jornal "Público", Sábado, 2 de Dezembro de 2000)
Enviar um comentário