Este Sr. Soares, Bernardo de sua graça, sempre me pareceu um solapado ingénuo que pensa que pensa.
Já o Sr. Bernardo, quase só ares de pensar, parece-me sempre o que seria um pensamento que, pelo avesso, se imaginasse pelo direito.
Cabem aqui, entretanto, três perguntinhas:
1. Quem diacho lhe deu o reino que ele diz que lhe deram?
2. Quem lhe disse a ele que o reino que se tenha, tenha de ser melhor do que se o queira?
3. Que hora poderia ser essa hora em que diz estar o Sr. Bernardo Soares (entre o que não foi e o que não será) senão essa mesma em que está?
A hora em que se está, está sempre entre o que não fomos (fomos algo mais, que não isso, que não fomos) e o que não seremos.
Ser o que não seremos é ser alguma coisa, é ser outra coisa, e ninguém sabe antecipadamente dizer se isso seja pouco ou seja muito. Pode ser pouco muito ou muito pouco.
Não ligue, Sr. Bernardo Soares, que eu estou a reinar consigo... e a ironizar comigo mesmo!
1 comentário:
Este Sr. Soares, Bernardo de sua graça, sempre me pareceu um solapado ingénuo que pensa que pensa.
Já o Sr. Bernardo, quase só ares de pensar, parece-me sempre o que seria um pensamento que, pelo avesso, se imaginasse pelo direito.
Cabem aqui, entretanto, três perguntinhas:
1. Quem diacho lhe deu o reino que ele diz que lhe deram?
2. Quem lhe disse a ele que o reino que se tenha, tenha de ser melhor do que se o queira?
3. Que hora poderia ser essa hora em que diz estar o Sr. Bernardo Soares (entre o que não foi e o que não será) senão essa mesma em que está?
A hora em que se está, está sempre entre o que não fomos (fomos algo mais, que não isso, que não fomos) e o que não seremos.
Ser o que não seremos é ser alguma coisa, é ser outra coisa, e ninguém sabe antecipadamente dizer se isso seja pouco ou seja muito. Pode ser pouco muito ou muito pouco.
Não ligue, Sr. Bernardo Soares, que eu estou a reinar consigo... e a ironizar comigo mesmo!
(Belo desassosseganço!)
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