segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Para ligar o espírito com a carne de forma a vencer a morte, o homem deve ligar-se com tudo o que é profundo em si, no seu centro absoluto que é Deus. - V. Soloviev

Vladimir Soloviev (1853-1900)
A união da humanidade não resultará se se der apenas numa dimensão social. A lei da morte divide a própria Igreja Universal em duas partes: uma, visível e terrena, outra, invisível e celestial. O reino da morte está inscrito; a separação do céu e da terra acontece devido ao desejo humano de dominar imediata e materialmente a terra, a existência tida como certa; o homem é sedento de testar e provar tudo sensorialmente. De forma superficial, ele junta o seu espírito celestial com as cinzas terrestres. Tal junção é efémera; tal ligação conduz o homem à morte. Para ligar o espírito com a carne de forma a vencer a morte, o homem deve ligar-se com tudo o que é profundo em si, no seu centro absoluto  que é Deus. O homem ecuménico liga-se ao amor divino que não apenas o eleva a Deus, mas também funde-o internamente com Deus, dando-lhe a oportunidade de abraçar Nele tudo o que há de eterno e indissolúvel. Este amor faz descer à terra a graça de Deus e canta vitória não apenas sobre mal ético, mas também sobre as consequências fisicas que provenientes dele - a doença e a morte. O efeito deste amor é a ressurreição derradeira. E a Igreja, ao transmitir este ensinamento no estudo da revelação, como última parte do seu Símbol, converte-o no seu mistério derradeiro. Deparando-nos com a doença e a face da morte, a Santa Unção é o símbolo e a fiança da nossa imortalidade e da ligação com Deus. O círculo dos Mistérios, o círculo da vida ecuménica completa-se com a ressurreição da carne, fecha-se com a união da humanidade com o todo, numa encarnação final com a Sabedoria Divina.

Vladimir Soloviev, in A Rússia e a Igreja Ecuménica
 http://www.vehi.net/soloviev/vselcerk/312.html

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