Intervalo onde nos encontramos. Disseste-me que estaríamos Entre. Inventaste um espaço onde tudo seria possível. Amor que não se cansa. Limite que não se conhece. Uma janela - eterno Entre na paisagem.
Tudo em aberto- intervalo inventado por ti, agora finito.
Quando a unidade procura o vazio e quase chega lá, dita a física que esse encontro nunca se faz por mais próximo que seja, em absoluto não existe.
Dá-me então esse relativo, onde existimos sem forma e limite. Este que cresce quanto mais Entre estivermos.
No limite, vivemos fora dele, sempre a procurar o infinito.
No intervalo que acabaste por definir - ilusão de finito, deixámos de amar.
Aparece o o sol a dizer que é azul
Olho e vejo o espectro
Vem o cego, toca meu seio
diz que é preto
eu o sinto tão sem cor, agora!
Falas do elo que falta, e eu te respondo que é na ausência que vivem os meus textos. O silêncio entre a última e a próxima palavra - ali onde respira o que não deve ser dito.
Dá-me um beijo na boca
Intervalo que somos
Um no outro - agora
Entre um beijo e outro
Procura a semente, cultiva, colhe
Fruta da época - Entre uma estação
e outra
Mortas as maçãs do meu pomar
Sementes de novo
Ama enquanto for tempo
Morre dentro do tempo
Semente de novo
Intervalo que não se acaba
Entre - Sempre
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