quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Só no Infinito o finito encontra a sua verdade


Para o homem religioso, a realidade não se esgota na sua imediatidade empírica: para a sua compreensão adequada, a realidade mesma aparece-lhe como incluindo uma Presença que não se vê em si mesma, mas implicada no que se vê. Mediante certas características - a contingência radical, a morte e o protesto contra ela, a exigência de sentido -, a própria realidade se mostra implicando essa Presença sagrada, divina, como seu fundamento e sentido últimos.
Neste quadro, é decisiva a experiência da contingência radical do mundo, de cada homem e cada mulher, mas, como escreveu R. Panikkar, precisamente assim: contigência deriva do latim  cum-tangere, com o sentido de que "tocamos (tangere) os nossos limites" e o "ilimitado toca-nos (cum-tangere) tangencialmente: só no Infinito o finito encontra a sua verdade.

Anselmo Borges, Religião e Diálogo Inter-religioso, 2010, Imprensa da Universidade de Coimbra, pp.37-38

4 comentários:

Paulo Borges disse...

Por vezes dá-se a experiência de uma Presença aus-ente, de uma abs-entia, da vacuidade...

Anónimo disse...

O homem religioso, concordo com R. Panikkar,é aquele que acordou para uma consiência que lhe revela divina em presença do Sagrado. A presença presente, a que se dá um Nome e se chama Deus, a Luz, ou a Presença do Sagrado, do Divino, nessa Ausência presente em cada coisa que existe na realidade: A Vacuidade de tudo quanto existe,em uma determinada visão budista, segundo creio.

Na verdade essa Presença ausente, é a Verdade,oculta com véus, que o Homem que a vive e nela crê sabe porque somos tocados por tudo tudo tocamos na nossa existência.

Estar desperto para essa Presença é o que distingue o homem religioso do que o não é.
Por outro lado, a realidade, depende dessa luz que emana do divino olhar do homem acordado para abraçar essa Presença ou essa Ausência, para a poder ver, sem os véus que a cobrem.

Vazio ou Misterioso, Pleno de Realidade,de divina vibração,o mundo é tocado pelo divino. E o homem não mais se pode ver desligado da sua essência. Porque a essência do homem, o seu desejo maior é religar-se ao divino de que se viu privado pela visão ilusória da Vida ou pelo Esquecimento...

Dá-se a experiência da Vacuidade, como refere sabiamente o Paulo, nessa experiência de libertação das cadeias da ilusão, da ilusão até, de haver, de existir algo que não seja para essa Plenitude, mais do que um folha que cai, e que subirá, no movimento cíclico do Tempo e da Natureza. Mas, na essência, pode ser o Sem-Nome, Deus, ou o Grande Silêncio que tocamos. O Homem religioso, sabe, porque vê e ouve, sem véus.abriu clarão para a transcendência e para o infinito ue existe em todas as coisas que, como nós mesmos, nascemos e vivemos na finitude.

Podemos ser ambos...Na verdade somos Tudo e tudo tocamos e nos toca.

(Desculpa, Kunzang o tamanho do comentário. Para nada dizer!...)

Kunzang Dorje disse...

Saudades,
vou fazer um tatoo nas costas com o teu comentário.
grato sempre:)

Anónimo disse...

Desculpa, devem primeiro nascer-te asas, para que não doa!

As grandes costas são as da praia. Voa nelas, como se caminhasses.

Um aceno e um sorriso.
:)