"Viver é fazer algo a despeito da evidente futilidade de tudo. Viver é portanto tentar negar a futilidade evidente de tudo. E por que é evidente essa futilidade? Pela morte. Viver é tentar negar a morte. Viver é fazer de conta que não há morte. Mas há. Não é isto espantoso?"
- Vilém Flusser, "O tema exclusivo", in "Da religiosidade".
4 comentários:
É, Paulo, cá está uma futilidade que todos constatamos. Talvez haja maneira de escapar à morte, não lhe parece?... Talvez nem haja isso a que chamamos vida sem a outra ...:)
O espantoso que há nisto de viver é realizar que a morte está ao mesmo nível da vida; é inseparável dela... Morremos e vivemos muitas vezes... nunca definitivamente...?
Não insistir na negação da morte, "tomá-la de assalto" ou "nascê-la"... vivê-la!
Um abraço, Paulo
De que vida poderiamos nós morrer se não na morte.
De que morte poderiamos nós viver se não na morte.
De que morte,
de que vida.
Qual ressurreição?
Que se morre e que se renasce, de alguma maneira, a todo o momento, isso é certo, ainda que algumas vezes mais certo do que outras. E, se há a vida, que há a morte também, há-a. "Mas há-a", portanto, ou seja, quanto ao mais, não sou assim tão optimista. Pois, se há a morte, então, e não apenas a vida, então a morte é mesmo morte e não apenas uma outra vida. E creio mesmo que tamanho optimismo, essoutro, na verdade, é que é pessimista. "Viver é fazer de conta que não há morte", isso, a meu deveras ignorante ver, é apenas, parafraseando o Al Berto, destruir todas as imagens em que me reconheço e passar o resto da vida assobiando ao medo. O que é já muitíssimo virtuoso.
Assim assobio meu caro.
Saludos
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