A partir do sétimo ponto do Tratado da Negação encontramos mais uma consequência da heterodoxa singularidade da visão pessoana. Considerando o "Ser"-"Deus"-"Único" como "essencialmente Ilusão e Falsidade" e "Mentira Suprema", e considerando a manifestação-emanação desse princípio como sua progressiva determinação e negação, natural é que a "Matéria", nível inferior da hierarquia ontognosiológica na perspectiva que lhe aponta um princípio espiritual, surja afinal, enquanto "a maior das negações do Ser" e "o estado [...] mais próximo [...] do Não-Ser", como o nível superior dessa mesma hierarquia ou aquele onde ela mais regressa à fonte indiferenciada de onde procede, nela se dissolvendo. (...) Sendo na "Matéria" que, segundo Baldaya, o "Ser" acede ao estado de maior negação de si e mais se despe da ilusão pensante que o separa do "Não-Ser" primordial, "a Matéria é a menor das Ilusões, a mais fraca das mentiras", de onde proviria a sua maior evidência.
Paulo Borges, O Jogo do Mundo, 2008, Portugália Editora, pp.96-97
5 comentários:
que interessante é contrapôr ao Ser divino de Flusser o não-ser primordial de Pessoa...
Que contraposição se não o daquele que se contrapõe em contrapartidas de se contrapor tanto ao de interessante como o de ser?
No fundo é como um copo partido, que só o está, depois de o estar.
Saudaçoes cordiais
"Ser ou Nada são dois nomes que dou ao mesmo alguma coisa, ou nenhuma, que não tem nome; à qual pôr um nome é sacrilégio."
- Agostinho da Silva
Julgo que é como um copo partido, que antes de o ser já era.
Saúde!
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