segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

36,5 ºC

Acaso
:fogueira rápida
antecedente à da boca
o fim na intimidade da intenção
Assim é que nada derrete
nada em nós
sofre
nada nem amolece
Socorre?


Um carro levando presa na roda
chuva não escanteada
silenciosa
enfim, há nas coisas do dia
alguma pura maldade

7 comentários:

Paulo Borges disse...

Bem vinda!

Adriane B. disse...

Obrigada pela acolhida, Paulo. Para mim, um privilégio. Forte abraço.

Serafina disse...

"enfim, há nas coisas do dia
alguma pura maldade"

E para mim fica a pergunta: o que podemos fazer com essa maldade? Para que serve?

Adriane B. disse...

serve para "ser cruel naturalmente e descobrir onde o mal nasce e destruir sua semente". esta não é a resposta, claro, mas acho o trecho mais bonito da canção chamada cordilheira de Paulo César Pinheiro. obrigada por perguntar, Laura. minha amizade e um forte abraço.

luís filipe pereira disse...

Lindíssimo poema, a maldade a estiolar..............na ponta dos dedos, no mercúrio ardente do asfalata, o olhar poético capta esse amar assim, inexplicável e inexterminável, cruel e seco, numa construção poética de enorme qualidade.
Parabéns

Adriane B. disse...

queria a crueza, Luís, o asfalto de amar antes do amor, talvez essa a pura maldade. obrigada por dizer. um presente para mim, você sabe. minha amizade.

Júlio Saraiva disse...

pois eu também quero "ter a sensação das cordilheiras", sim e ver "a ascensão de iscariotes/e um jesus crucificado todo mês em cada poste", seguindo a procissão deste seu belo poema.

j.