domingo, 15 de novembro de 2009

Historiadores Portugueses

Portugal é o único país do mundo onde os historiadores em vez de divulgarem os feitos dos seus concidadãos frequentemente os omitem. Chegam ao ponto de apagaram dos mapas de Portugal territórios que lhe pertencem.
Os exemplos destas práticas de verdadeira falsificação histórica não param de surgir. Na Europa, costuma explicar-se este estranho comportamento dos portugueses como a manifestação de um "complexo de inferioridade". A sua atitude comum, manifesta-se quase sempre na forma como continuamente se estão sempre a diminuir enquanto povo, julgando-se incapazes de actos de relevo no panorama internacional
Talvez por esta razão, Oliveira Martins tenha sido um dos historiadores mais apreciados em Portugal. Segundo este antigo funcionário de uma empresa espanhola e confesso iberista, os portugueses pouco mais são do que um povo de falhados, governados ao longo de séculos por uma corja totalmente destituída de atributos positivos.
Não é por acaso que uma das obras mais lidas no país, em 2004, tenha justamente o título - "Portugal, Hoje: Medo de Existir" (autoria do filósofo José Gil). O título deste livro de modo muito incisivo espelha a atitude "típica" dos portugueses.
Esta atitude desenvolveu-se a partir de meados do século XIX, e está ligada à influência nefasta que os iberistas tiveram na sociedade portuguesa, criando uma corrente de intelectuais complexados e auto-castradores. [Carlos Fontes, Lusotopia.]

3 comentários:

Donis de Frol Guilhade disse...

O que move o português, e o que o comove (e co-move), não radica, creio, num qualquer horizonte ou sentido de quanto à história, e dela, seja dado registar(-se). A História é sempre um contar de pequenas histórias, que se entre-contam e encontram.

A história apenas inscreve a memória esparsa, ainda só tactante ou já decididamente manobradora, dos despojos ou dos vestígios disso de que aqui se fala: essa espécie de apelo, de quase grito, de clamor de algures, em nenhures situável, que do abismo do provir futurável se nos antoje futurante, de quanto em nós se quer (sempre e apenas) despojada, extremada e radicalmente autêntico como a nudez duma lâmina.

Sem meadas, medianias, minúcias ou minudências de analista ou comentador prévio de notícias, de um mero interpretar, não dos factos, que eles são apenas o eco do efeito em cada um e em todos, mas do mais convenientemente desejável sentido de dar-lho: isso mesmo que, hoje, em nós reparamos, esse "medo de existir", esse desleixo ("desl"-eixo) de ser, esse dinamitar permissivo do cerco em que nos consentimos, sobrevivos sempre, semi-viver.

Talvez, a moribundagem de Portugal, manifesta em toda a asquerosa rapina, vileza e pequenez que nos representa hoje, seja a própria condição para que a cada um seja dada a clara e lúcida limpidez de um renascer, de ínclito renovo, desde o saturnino antro onde este cadáver de séculos se auto-impôs exílio.

Os estrangeirados de sempre são os de sempre: os Sousas, Silvas, Soares ou Oliveiras, que, desgovernando-nos, muito a si governam e aos seus.

São eco atrasado da desgraça que hão sempre de trazer-nos.

São as pitonisas bêbedas do próprio viés e avesso do vaticínio.

Hão-de ressuscitar-nos, à força de tanto sepultarem-nos.

Paulo Borges disse...

Creio que os portugueses são manifestamente bipolares, pois aliam a esse complexo de inferioridade um compensatório complexo de superioridade, que não raro roça a megalomania e, frequentemente, pelas mais ridículas razões ou expectativas, como as de messiânicas ou sebásticas proezas futebolísticas... Sentindo-nos pequenos, não conseguimos imaginar-nos senão a fazer coisas grandes, quase sempre confundidas com fazer grandes coisas.

Isto é bastante complexo e fica muito por dizer.

Pedro Alvites disse...

Muito grato aos dois comentários tidos, até este momento, cada um consciente da certeza da História e do Porvir, elementos necessários para que os Homens continuem a caminhar nas ruas paralelas que criaram, e onde, por vezes, fez com que se cruzassem.