Duplo aspecto da Realidade: ela é contável e descritível, ela é infinita e inominada.
A Realidade é um Irracional criando a razão e a ordem; Irracional porque nenhuma quantidade a pode medir, nenhuma qualidade a pode esgotar. Não quer dizer que a Realidade seja estranha à Razão, mas sim que a Razão cósmica é infinita e activa, isto é, uma sociedade, um conjunto unificado, um sistema de eficazes actividades.
Desde a força mais abstracta, a simples força sem qualificativos, até à força moral, é sempre em cada um a presença dos outros a solicitar a acção.
A primeira, a última, a constante realidade é a acção.
Leonardo Coimbra, “A Alegria, a Dor e a Graça”, Livraria Tavares Martins, Porto, 1956, pág. 196.
1 comentário:
Este texto impressionou-me pela extrema concisão de pensar e pensado.
Entre a epígrafe, que é doutra passagem da mesma obra, e a passagem que aqui trouxe, há todo um mundo que se viaja, há universos inteiros que se percorre, há todo um antes de haver mundos de que se fica à porta, e há até mundos que já não há, nunca houve e nunca haverá.
Realidade:"Irracional criando a razão e a ordem".
Parece “definição matemática”, e talvez o seja.
Talvez “Deus”, a Origem sem origem, seja mesmo "geó-metra", ainda que não da nossa tosca geometria, euclidiana ou não. Sagrada ou não.
Talvez seja apenas a tão irreal "realidade" do Real, por que nos vamos tornando menos irreais: mais "reais", portanto...
Daí que "a primeira, a última, a constante realidade é a acção".
A que nos cabe.
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