"Tal como os querubins e os serafins, será o solitário apenas olhar"
Abba Bessarion **
* "Poesia de António Maria Lisboa", Assírio e Alvim, Lisboa, 1977, pág. 124.
* * "Paroles des Anciens - Apophtegmes des Pères du Désert", Éditions du Seuil, Paris,1976, pág.45
2 comentários:
Esta passagem de António Maria Lisboa provoca em mim sempre um abanão difícil de situar. Menos ainda de compreender o que compreendo, ao insituar-me.
Cada olhar "nas" coisas (ou "sobre" as coisas), e sobremaneira o olhar no que não é coisa, é um rapto de mim mesmo, feito por/de algo que não sou eu. Nem sei o que seja. Sei apenas que lhe sinto o rasto e a marca da "pegada".
Posso dar-lhe um nome, mas não lhe cabe no "vulto", nem o que eu diga o (re)veste, de modo a que eu o veja.
Ainda quando eu imagine que o motor disso seja o sentir, querer ou pensar, a sua fonte e sua origem permanecem-me ocultas.
Na verdade, sou eu mesmo que as (não deso)oculto, ao (insistir em) ver em distância e... ao não desaparecer. De vez e para sempre.
Como só olho: sem olhar.
"Olhar é desaparecer", sim!
Um abraço, Donis.
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