terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Quem é o meu próximo?
“Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus, 22, 39). Quem é o meu próximo? Aquele que pertence ao mesmo grupo familiar, local, social, económico, nacional, étnico, cultural, linguístico, político ou religioso? Aquele que pertence à mesma espécie, ao mesmo planeta ou à mesma galáxia? Ou o meu próximo é aquele de quem me sentir próximo, ao ponto de o não sentir separado de mim nem a mim separado dele? O meu próximo tem então de ter duas pernas e dois braços ou pode ter quatro patas, muitas, nenhuma, caule, tronco, folhas, flores e frutos? Tem de ter cabelos e pele quase nua ou pode ter pêlos, penas, couraça, escamas e casca? Tem de viver sobre a terra ou pode rastejar dentro dela e voar e brilhar nos céus? Tem de ter uma vida individual ou pode ser a própria terra, as areias, as rochas, os minérios, as águas, os ventos, o fogo e as energias que em tudo isso habitam? Tem de falar a minha linguagem ou pode miar, ladrar, zumbir, uivar, cacarejar, grunhir, mugir, relinchar, rugir, trinar, grasnar, trovejar, soprar, relampejar, chover ou florir, frutificar, repousar e mover-se em silêncio? Tem de ter forma e ser visível ou pode não ter forma e ser invisível? Tem de ter vida consciente e senciente? Tem de ter vida? Tem de ser algum ser ou coisa ou pode ser tudo? A empatia, o sentir em si o outro como o mesmo, a compaixão, têm limites? Temos limites? Conhecemos a fronteira do que somos? Ou só o medo nos limita? O medo de tudo o que há. O medo do infinito e da vasta multidão que somos.
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3 comentários:
O Próximo é o que se nos distingue, Amar quem se nos assemelha, quem muita gente considera como extensãoi do seu ego (daí que tantos bons Pais e Mães sejam péssimas pessoas e cidadãos, o contrário é difícil) é fácil, o difícil é fazê-lo para com quem nos é estrangeiro, mas para isso é preciso uma tal descentração, uma tal anulação do ego que, quando se a atinge, já não estamos cá, já passámos para Lá, já nos purificámos. Se bem que Há Casos Raríssimos de Tal Elevação Espiritual ainda cá- o Sr. Cônsul Aristides de Sousa Mendes e Uma Verdadeira Senhora (não daquelas dos chás de caridadezinha apócrifa para objectiva ver) Cuja Vida, agora, conheci- aqui :)http://combustoes.blogspot.com/2012/01/madre-teresa-de-portugal-e-viva-e-e.html. Avé!
Mas tb acrescento: por mais facetas rizomáticas que nos caracterizem, por mais papéis sociais e contextos por que nos distribuamos, ainda que os registos tenham de ser distintos, a Essência Tem de Ser a mesma, caso contrário está-se perante desvios de personalidade. Todos nós magoamos inconscientemente alguém neste tão efémero percurso, mas fazê-lo consciente, calculada e friamente já é outro campeonato, que se vem a pagar muito caro pela tal Lei do Boomerang. Há Poucos Muito Bons comos os Exempla acima Referidos, há tb poucos totalmnente maus, cujos soldados quotidianos são os milhões que se orientam pelos seus interesses umbilicais, desprezando Princípios Éticos, Cujo Matricial É o Respeito pela Vida, enquanto Milagre, Detentora da Centelha Divina, esteja esta numa mosca ou num ser humano. E quais são os momentos em que a Essência emerge de forma tão explícita que catártica, para quem observa: nos péssimos e nos bons momentos de cada qual e da sua reacção perante os do tal Próximo distante. Parafraseando Einstein, meço o valor (espiritual, de Carácter) de um homem (no sentido de humanidade) pela capacidade que ele detêm de se distanciar do seu ego...
perdão :)? e detém
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