segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

"O índio pode salvar a América"

Porque não uma escola de Pensamento Índio, construída segundo padrões índios e orientada por instrutores índios? Porque não uma escola de arte tribal?
Porque razão a América não se há-de conhecer a si mesma? Porque não há-de estar consciente da sua identidade? Em resumo, porque razão a América não deve ser preservada?
Havia ideias e práticas na vida dos meus antepassados que não foram ultrapassadas pela civilização actual. Havia na nossa cultura elementos benéficos e influências que podiam dilatar qualquer vida. O facto de quase toda a opinião pública precisar de ser alertada sobre isto não é motivo de desânimo. Durante muitos séculos o espírito humano laborou sob a ilusão de que o mundo era plano e milhares de homens acreditaram que os céus eram suportados pela força de um Atlas. O espírito humano ainda não está livre do raciocínio falacioso; ainda não se tornou num espírito aberto e os seus recessos mais profundos ainda não foram varridos de erros.
Mas agora chegou o tempo de inverter uma ordem destrutiva, e é bom que outras raças fiquem a saber que a cultura aborígene da América não era desprovida de beleza. E ainda mais, ao negar-se ao índio os seus direitos e heranças ancestrais, a raça branca está a roubar-se a si mesma. Porém, a América pode ser revitalizada e rejuvenescida se reconhecer uma escola do pensamento nativo. O índio pode salvar a América.

Lutero Urso Em Pé, A Escola de Pensamento Índio, in Miguel Castro Henriques (org. e trad.), O Sopro das Vozes Textos de Índios Americanos, Assírio e Alvim, p.233

3 comentários:

Kunzang Dorje disse...

"A afinidade com todas as criaturas da Terra , do Céu, da Água era um princípio ativo. Em relação ao mundo animal e aos pássaros havia um sentimento fraterno que mantinha os dakotas seguros entre eles, e tão íntimos alguns dakotas ficaram de seus amigos peludos e emplumados que, em verdadeira fraternidade, eles falavam uma língua comum.A afinidade com todas as criaturas da Terra , do Céu, da Água era um princípio ativo. Em relação ao mundo animal e aos pássros havia um sentimento fraterno que mantinha os dakotas seguros entre eles, e tão íntimos alguns dakotas ficaram de seus amigos peludos e emplumados que, em verdadeira fraternidade, eles falavam uma língua comum."
- Lutero Urso em Pé
(http://animallivre.blogspot.com/2010/01/no-livro-reencontro-com-alma-de-larry.html)

Paulo Borges disse...

Os índios norte-americanos foram a minha grande paixão da infância. Guardo-os sempre no fundo de mim.

Leôncio Orégão disse...

«Tal vez fuera ése el sentido del gesto que el viejo jefe le dirige al vaquero, en el final de tu película. Cuando el viejo jefe está ya recluido en la reserva y cruza su mirada con la del vaquero que se aleja buscando la pradera, levanta un puño suavemente cerrado, como si cobijara un pequeño pájaro herido - y se miran ambos entonces, gravemente. Aléjate, hermano - dice la mirada: ni siquiera sabes si tu nombre es tu nombre de verdad. Cuando naciste nadie reparó en que una nube roja cruzó el cielo, en que un toro se sentó a la puerta del tipi, en que un caballo parecía haberse vuelto loco. Aléjate, hermano - eso parecía decirle aquella mirada desde el lugar secreto de todas las fatigas de quien ha tomado muchas más de cuatro veces el sendero de la guerra. Aléjate - los de tu raza se han condenado a habitar para siempre en una tierra que no existe, en algo como esa distancia que separa al rayo del trueno. Han escogido ese camino donde siempre es de noche.»
«El rayo anuncia lo que aún se ha de cumplir y el trueno lo que ya ha pasado - pero él debe saber reconocer ese instante preciso en el que hay que gritar: Ahora.»
- Miguel Morey, «Deseo de ser piel roja», Anagrama.