quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Mário Cesariny e a Filosofia Portuguesa em entrevista a António Cândido Franco
" - Não valoriza a Filosofia Portuguesa?
- Não valorizo, nem desvalorizo. Prefiro chamar-lhe a filosofia dos portugueses. Como movimento não me interessa; enquanto obra de personalidades independentes, sim. Olhe o Agostinho da Silva é forte, apesar daquilo vir também de outro lado qualquer, que ainda não se percebeu onde fica. E os estudos de António Telmo são muito bonitos. É o mínimo que se pode dizer.
- Foram eles que mais falaram do Teixeira de Pascoaes quando todos se calavam.
- É verdade, apesar dalguns deles falarem muito do Pascoaes, para depois virem dizer, como o Mário Garcia, que o Leonardo é melhor"
- Entrevista de Mário Cesariny a António Cândido Franco, in António Cândido Franco, Teixeira de Pascoaes nas palavras do surrealismo em português, Licorne, 2010, pp.41-42.
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2 comentários:
Na verdade, creio que Cândido Franco, um saudosista de primeira água que faz o favor de ser nosso amigo, ao vislumbrar alguns surrealistas no mesmo sonho de Pascal e de Breton ou Maria Lisboa, apelando ao sonho acordado, não faz mais do que, na liberdade que a todo o lúcido visionário cabe, trazer para a Saudade e para o pensamento português, o controverso Cesariny, admirador e divulgador da obra, como se sabe, de Maria Lisboa.
Creio também que esta entrevista, aqui postada pelo Paulo Borges, pode ter a leitura de que de que não são tanto os movimentos que importam, mas as ideias que eles veiculam, o sonho que lhes está desenhado no peito: seja caravela, ou rosa, ou uma mosca no nariz de Deus, ou o acordar de um koan como este: "Batendo duas mãos uma na outra temos um som; qual é o som de uma mão?" (tradição oral, atribuida a Hakuin Ekaku, 1686-1769).
Esqueci as felicitações e os votos, entre-tantos,Um Ano verdadeiramente novo e milagroso.
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