O que guardavas dentro do olhar de gaio assustado
Dormiram-no as rosas,
Sabiam-no as corças
Sabiam-no as corças
E o coração da montanha e das estátuas silentes;
Trazidas à cintura
Atadas com um nó de nós
Uma corda, uma roda,
Uma mó.
Uma espada plantava na fundura da terra
um grito, um som:
Cantava e dançava de olhos fechados
A flor em botão dos lírios
Como quem desenrola um fio de ouro
Do perfil do pulso do rio
E da sombra da árvore do bosque.
Da nervura finíssima da luz, bico de escrita
na palavra adubada do jardim.
Era a dança.
As nuvens suaves a entreabrir o dia, a soltar véus
velas sobre o suave colo dos céus.
velas sobre o suave colo dos céus.
Era o Dia
O bico da luz
Sob o azul das luzes
E das fitas dos cabelos da rapariga.
Trago a pérola do sorriso das rosas,
No bico estonteado das horas;
Trago o laço de cetim atado à cor azul dos lírios;
Trago, soltas, as asas de um jardim de sombra;
E trago, dentro da arca da boca, um beijo
Para acender uma pérola
Na barca que do céu a vista cega;
Arde a barca, o barqueiro e o pescador de espuma
E de luar.
E de luar.
Trago soltos os cabelos e a flor dos olhos
Aberta como o som de sinos verdes no bronze das manhãs
Ramos e pinheirais onde o mar aflora
e à flor do riso roça a asa azul de uma tão frágil dança;
Que o manso dedo se sustem no ar
No bico da luz
De tão espantada face de alarme e de alegre tristeza.
1 comentário:
A imagem - pensei que se visse melhor a autoria, depois de postada- é de Alba Luna.
Magnífica criadora de universos oníricos e de fantasias de sensibilidade finíssima.
A quem, obviamente, agradeço.
Abraço
Enviar um comentário