terça-feira, 24 de agosto de 2010

NEVE

NEVE

Caiu tanta neve
Que para contemplá-la
Não existe um único lugar.

A neve caiu por todo o lado.
Como contemplar o branco
Com tanta brancura ?

- Anónimo

3 comentários:

Anónimo disse...

Muitíssimo belo este poema branco, de neve.
Muito. A neve "caiu por todo o lado". Em redor, em cima, em baixo, é tudo branco é tudo "brancura" qualidade do que é branco? É tudo imparcial como a neve.

Gostei muito deste poema. Gosto muito. "Não existe um único lugar"... Gostei.

Paulo Borges disse...

Creio que esta "neve" pode ser uma metáfora da realidade plena: como contemplá-la, se ela é tudo, se está em todo o lugar, incluindo em quem supõe contemplá-la?

Anónimo disse...

Foi assim que o li, Paulo, a este poema.

A realidade plena não tem distinções, nem limites, nem oposições, nem contrastes;
nem quantidade, nem qualidade.

Ela é o sem-limite; sem-oposição e sem contraste; a realidade plena não existe fora da realidade plena, nem dentro dela existe.
Não há dentro nem fora, portanto.

Se tudo é Vacuidade, plenitude, tudo é indistinto de tudo. Não existe quem contempla nem o que é contemplado.

Na realidade, nenhum de nós existe, distinto de outro existente. Nem a mente existe.

A realidade plena, a plenitude, é o Nada. A neve é uma metáfora para a Vacuidade!?
Em toda a parte está e em nenhuma é visível!

Gosto da neve. Gosto do poema e do anonimato dele.