Nos últimos anos do século passado, fruto do desenvolvimento das sociedades humanas, preparávamo-nos para melhores níveis de qualidade de vida. O desenvolvimento da ciência e da técnica permitiam-nos sonhar com o controle da explosão demográfica, com a eliminação da pobreza, com uma redução substancial do número de horas de trabalho.
Sobretudo nos países mais desenvolvidos, mas um pouco por todo o mundo, fomos assistindo a um extraordinário incremento da protecção social, desenvolveu-se a saúde, aumentou-se a esperança média de vida, tentou-se eliminar, ou pelo menos, reduzir o trabalho infantil. O grande desenvolvimento das novas tecnologias e, de alguma forma, a substituição do homem pela máquina, indiciavam um mundo mais livre, onde o lazer e a criatividade se oporiam a um mundo de grande dependência face ao processo produtivo.
A ruína dos socialismos a leste, a queda do muro de Berlim e uma consequente maior democratização do mundo, foram vistas associadas a essa vitória das liberdades essenciais. O liberalismo assumiu-se, então, como o sistema político de excelência, tudo justificado pela vitória na "Guerra Fria" dos aliados ocidentais.
Mas, afinal, a grande supremacia acalentada pelas democracias ocidentais era mais frágil do que parecia. A crise económica depressa se fez anunciar. O capitalismo financeiro com facilidade se instalou nos centros de poder e o desenvolvimento social a que fomos assistindo na segunda metade do século XX, depressa começou a ser atacado.
Regressou o fantasma do equilíbrio demográfico, agora revelado, no ocidente, pela diminuição das taxas de natalidade e consequente envelhecimento das populações. O sistema de segurança social é posto em causa. O desemprego atinge percentagens que há muito não se via. Torna-se necessário trabalhar mais, produzir mais, competir mais, exportar mais, porque se destruíram as finanças públicas e, mesmo assim não chega, porque as potências emergentes (China, Brasil…) desenvolvem-se a um ritmo que ameaça a hegemonia ocidental e com facilidade nos ganham nas trocas comerciais, mesmo com a Organização Mundial do Comércio a dificultar-lhes a manobra.
E, nisto tudo, onde ficarão os grandes desequilíbrios ecológicos, as alterações climáticas, o esgotamento de recursos do planeta, a devastação florestal, a poluição dos rios e dos mares, a enorme acumulação de lixos vários, os direitos humanos, os direitos dos animais, a necessidade de uma alimentação saudável, de uma calma mental, de uma filosofia justa e, delírio dos delírios, o merecimento de conquistar a Vida para lá da morte?
O mundo está em rápida mudança, o debate está em aberto. Uma maior consciência cívica é necessária. A participação dos cidadãos é fundamental. O espírito democrático precisa substanciar-se. A organização política precisa de se merecer. Precisamos de saber sentar-nos a uma mesma mesa e aprender a conversar em vez de discutir.
É por isso que esta nossa parte do Estudo Geral(VER AQUI) aposta num espírito plural onde todos caibam. E se aprendemos com profetas e ascetas, com Cristo e Buda, que é o amor altruísta, o amor ao próximo, o que mais interessa, como podíamos nós trocar o geral pelo particular.
Luís Santos
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