É preciso que nos fundemos na paz.
Pouco há de mais vil do que a ideia de guerra, onde a principal consequência é a do sofrimento e da morte. Onde se sacrificam generalizadamente aqueles que nos são mais queridos, todos.
Devemos eleger como motivo maior o amor.
O que nos permite olhar o outro como a nós próprios, sinal da aceitação plena do milagre da vida, compreensão de que enquanto houver alguém que se perca por desvelo é igualmente uma parte de nós que se vai.
A compaixão pelos pobres, a misericórdia pelos enfermos, a solidariedade nas desavenças, a fraternidade nos infortúnios são atitudes maiores que nos libertam das amarras da vida. Enquanto existir alguém que esteja preso nós estaremos presos também.
Ocuparemos parte das nossas reflexões e acções na necessidade de dignificação do trabalho e da vida. Entregar a maior parte do tempo de vida a um trabalho escravo não nos permite a liberdade necessária para aceder a níveis mais amplos de consciência e a uma melhor compreensão da verdade.
Não há dinheiro que nos salve. Não há lucro que nos sirva. Não há conforto que nos liberte. Só a ideia de sermos Um, corpo total, nada e tudo, nos livrará do ciclo infinito de vidas em sofrimento. A emancipação de todos trará a consciência clara do que deverá ou não ser feito.
Substituiremos as ilusões mentais de todas as construções ideológicas (como esta!) pelo primado da escuta e da conversa em prole do bem comum. Meditaremos nos caminhos ideais que nos guiam a uma suprema calma mental, a uma fina harmonia do corpo, a uma capacidade optimizada de compreensão do (des)necessário próximo passo.
Estaremos realmente vivos.
Luís Santos
P.S.: Este texto resultou de uma con-versa com os amigos Raul Costa e João Martinho justamente no Café Ensaio.
5 comentários:
Caros Luís, Raul e João,
muito obrigado pela partilha da vossa reflexão. Estou de acordo em tudo o que saiu dessa tertúlia: o mundo precisa de estar fundado na paz, no amor, na compaixão, na liberdade, no bem-comum. Valores como estes têm sido propagados ao longo do tempo por visionários, profetas, avatares, que dedicaram a sua vida a esta causa. Acredito que se eles assim o fizeram, não foi porque assimilaram estes valores na leitura de Escrituras mas sim através de uma viagem ao consciente profundo.
Assisto ao comportamento dos nossos políticos, os responsáveis pelo destino do nosso país e, no fundo, representantes do nosso eleitorado, e sinto vergonha de mim próprio, pois tal como eles, também eu não tenho coragem de mudar, não tenho coragem de abdicar do meu proveito em prole do proveito dos outros. Acredito que no fundo, eu, os políticos, todos nós, homens e mulheres, "desejamos", e o obter o desejado "desejamos ainda mais" e este desejar é um caminho sem fim que certamente nos levará ao auto-aniquilamento.
O que fazer para acabar com esta loucura? O que poderei eu, um grão de pó na montanha, fazer para mudar, primeiro a mim mesmo, e depois contagiar os outros com a mudança? Será que precisamos de ver Cristo pregado na cruz para redimir o pecado, o "desvio" da fonte que o actual rumo nos leva? O D. Sebastião? Vem ou não vem? Por que é que o Dalai Lama não é recebido pelo presidente da repúbica e eu fico indiferente a isso? Por que é que animais são abatidos em matadouros e expostos nos supermercados e eu me sinto estéril, indiferente? Por que é que nas touradas rejubilo ao ver um touro ensanguentado? Ou fico "na mesma" quando pessoas diariamente morrem no Iraque. Confesso-vos uma coisa: sinto-me impotente e estupidificado - um parafuso desta máquina que nos controla.
Caro Kunzang Dorje,
muito obrigado pela partilha das suas palavras. Claro que estamos de acordo: Só temos de ser o que somos e tentar ser melhores, porque isso vai ser bom para todos.
Texto muito bom. A praticar.
Abraço
É urgente que esta consciência se espalhe...
De acordo, é necessário sermos as próprias ideias. Até porque a consciência aumenta a responsabilidade. Será bom para todos que a consciência colectiva se amplie.
Abraços.
Luis Santos
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