terça-feira, 6 de abril de 2010

CURSO DE INTRODUÇÃO ÀS GRANDES RELIGIÕES (entrada livre)

Programa

7 de Abril - Hinduismo
Saroj Parshotam

14 de Abril - Budismo
Paulo Borges

28 de Abril - Judaismo
Alan Hyat

5 de Maio - Cristianismo
Fr. Bento Domingues

12 de Maio - Islamismo
Sheik David Munir

19 de Maio - Fé Bahá’i
Ivone Félix Correia

Das 18,30 às 20,00h

Contactos: Manuel Lancastre: 91.450.5775 / luisa.lancastre@gmail.com

Centro Nacional de Cultura

Rua António Maria Cardoso, 68, ao Chiado (Lisboa)

ENTRADA LIVRE
...

O diálogo entre culturas e religiões é reconhecidamente um dos grandes desafios do mundo actual e das nossas sociedades multiculturais e multi-religiosas, dependendo dele que a globalização económica e tecnocientífica se acompanhe da promoção de uma cultura da compreensão, da paz e da fraternidade à escala planetária.

Verifica-se, todavia, que tradicionalmente as grandes tradições religiosas não privilegiaram o conhecimento mútuo e o diálogo entre si, não acompanhando as mutações sociais e mentais nem os progressos de disciplinas como a História, a Filosofia e as Ciências das Religiões, que parecem mostrar que as religiões não surgem e não existem como entidades independentes e separadas, participando antes de uma profunda interacção que faz com que o aprofundamento do conhecimento de uma implique o conhecimento de outras.

Esta situação reflecte-se nos encontros inter-religiosos, onde – apesar da boa vontade dos intervenientes, que dão o passo extremamente positivo de se juntarem para se ouvirem – se sente que há ainda um grande desconhecimento da religião que cada um professa e pratica, o que torna difícil aprofundar o diálogo e a compreensão mútua. Isto torna-se particularmente sensível em Portugal, onde, por vários motivos e em contraste com a nossa experiência histórica, não tem havido um grande investimento no conhecimento da diversidade cultural e religiosa do mundo.

Por estas razões tomámos a iniciativa de realizar um Curso de Introdução às Grandes Religiões, onde responsáveis e praticantes das seis grandes tradições religiosas exponham os fundamentos históricos, espirituais e doutrinais das vias religiosas que seguem e as suas singularidades mais salientes. Pretende-se com isto dar a conhecer as grandes religiões, não só naquilo que as faz convergir, mas também naquilo que as diferencia, sem que as separe.

Cremos ser urgente ultrapassar o medo e o incómodo de nos confrontarmos com a diferença no plano religioso e ser apenas o conhecimento das diferenças que permite compreender, aceitar e respeitar plenamente o outro como outro, além de nos permitir esclarecer e aprofundar mais o sentido das nossas próprias experiências e opções espirituais e religiosas. Cremos ser a partir de um sólido conhecimento dos fundamentos da diversidade religiosa que se torna possível estabelecer a base de um verdadeiro diálogo inter-religioso e reconhecer o que afinal não deixa de unir as religiões e fazer delas os ingredientes da maravilhosa polifonia do humano na busca e no encontro do divino ou inefável.

A Comissão Organizadora

Saroj Parshotam (Comunidade Hindu de Portugal)
Paulo Borges (União Budista Portuguesa)
José Carp (Comunidade Israelita de Lisboa)
Manuel Lancastre (Comunidade Mundial de Meditação Cristã)
Sheik David Munir (Comunidade Islâmica de Lisboa)
Ivone Félix Correia (Comunidade Bahá’i de Portugal)

Uma iniciativa com o apoio da revista Cultura ENTRE Culturas:
arevistaentre.blogspot.com

21 comentários:

Anónimo disse...

O diálogo, depois do silêncio (silêncio de um como que esvaziar do que nos prende a uma ideia; a um ser; a uma tradição únicos...)é uma forma de conhecimento do outro e de humildade. Deve ser uma autêntica abertura ao outro e ao que nos traz de novo para a compreensão do que é essencial a todo o ser...

Não poderei estar, mas desejo que estes sejam proveitosos, em prol de uma "Cultura EnTre" e não solitária e "doEnTe".

Um abraço Amigo, Paulo

Nuno Maltez disse...

O problema é que muitos desses diálogos são para inglês ver. Quando se trata de dialogar à frente de todos, para aparecerem, para se publicitarem, para promoverem a sua religião-pão, estão disponíveis. Quando se trata de cumprir para com os pequeninos, está quieto. Não se mexem sem promessa de dividendos. E isto lamentavelmente aplica-se a líderes "religiosos" de Portugal, bem como a instituições ditas de solidariedade social sitas neste país. Naturalmente existirão excepções. Santa inocência.

Nuno Maltez disse...

Os líderes "religiosos" gostam pouco de almas que não conseguem controlar. Vergonhosa vontade indómita de poder, e uma vergonhosa nódoa na humanidade.

Anónimo disse...

Fm-Ra,

Conheço já, me desculpe, também o discurso que agora usa. Ainda que aproveitasse a uma só pessoa ("pequenina" ou "grande"), o que pode ser dito ou pensado, em conjunto, não seria suficiente e não valeria a pena?!...

Quem sabe se só para si, ou para mim, que de entre todas as religiões que conheço, as mais antigas e as mais modernas, ainda não achei em uma o que sei encontrarei na Divina Centelha que a humanidade em si traz, desde o princípio do mundo, desde a Origem do grande Nada, do grande Absimo que nos desejou maiores do que o nosso tamanho... e melhores do que que sabemos ser?

Os assuntos mundanos não devem interessar aos puros de coração...

Leio alguma mágoa nas suas palavras. A crítica por si só, sem apresentar mais ajuizada alternativa, em nada aproveita ou contribui para pacificar as mágoas, se as houver, como julgo senti-las...

São assuntos humanos e dos humanos, esses da vaidade e do falso diálogo... não são das religiões...

O conhecimento pode ajudar e deve ajudar ao respeito por todos. A divulgação tem o seu papel nesse reunir de um número alargado de pessoas, não lhe parece?

Um abraço

Nuno Maltez disse...

Não é um discurso. É um espelho de factos ocorridos. Não seria suficiente nem valeria a pena se fosse tudo fingido. Mágoa? A mim tanto se me faz... Denuncio apenas a irreligiosidade de alguns dos nossos líderes "religiosos". Soluções? Que os mesmos digam o que realmente pensam. Reunir pessoas, sim, mas em torno de quê? Hipnotizar as massas com palavras em que se não acredita? Mexer com o mais íntimo das pessoas, manipulando-as, controlando-as? Que se assumam ateus. Que se assumam gananciosos. Que assumam, no fundo, a sua menoridade ante aqueles que trabalham sem que enganem ninguém. Mágoa? Não... altruísmo, dado que a mim tanto se me faz.

Nuno Maltez disse...

Quanto ao abismo, que cada um o descubra, que cada um descubra o abismo que há em si e no mundo. Livremente. O que é livremente? Sem que tenha alguém a influenciá-lo, a direccioná-lo. Que cada um e a sua experiência seja o seu próprio leme.

Nuno Maltez disse...

Incito-a a experimentar por si, Maria. Peça algo a um desses líderes "religiosos". Um livro com os seus textos sagrados, um abrigo, comida, medicamentos, roupa, seja o que for... Bata-lhes à porta, e a realidade abrir-se-(lhe)-á por si. O Paulo Borges, enquanto professor, disse várias vezes que não há nada como a desilusão. Porque quando nos desiludimos, deixamos de estar iludidos. Aí, vemos a verdade, temos ou adquirimos conhecimento (esta parte acrescento eu). Esse conhecimento permite-nos viver melhor, escolher melhor, errar menos. Por isso, incito-a a experimentar por si. E depois pense em... caritas. Quanto aos mestres, aos líderes: os mestres são todos aqueles com que nos cruzamos na vida, todas as pessoas e não-pessoas, todos os acontecimentos, tudo, sem diferenciação.

Paulo Borges disse...

O que é experimentar por si? O que é esse "si" que experimenta? O que é isso que experimenta? E o que é experimentar?

Paulo Borges disse...

E o que é esse juízo lançado a todos os líderes religiosos? O que mostra julgando encobrir?

Nuno Maltez disse...

Leia-se o meu comentário de 6 de Abril às 15:31. Cito: "Naturalmente existirão excepções"... Ou não leu, ou passou-lhe ao lado... Com um pouco de atenção, veria que não me refiro a todos os líderes religiosos. Não mostro julgando encobrir, o que é uma distorção do que foi dito - estaremos a ler a mesma coisa? -, mas mostro, pelas palavras escritas, o que está encoberto. Bem sei que o Paulo é um líder religioso, mas há que não ser fundamentalista. Sabe tão bem ou melhor do que eu que essa "área" está cheia de podridão, ervas daninhas, o que lhe quiser chamar.

Nuno Maltez disse...

Quanto ao experimentar por si, sabe a que me refiro, porque falo de acções concretas. Cito: "Peça algo (...)". O si que experimenta? Será "si" uma palavra para nomear o indescritível? será o próprio abismo? Será espaço-tempo? O que será?

Paulo Borges disse...

Caro Amigo, não estava a pensar em mim quando falei dos líderes religiosos... Não me considero tal, até porque de facto estou cheio de podridão e ervas daninhas, como por exemplo vê-las nos outros.

Na verdade não havia reparado na sua referência às excepções.

O que será isto de estar aqui? O que é aqui? O que é ser?

Nuno Maltez disse...

O que está cheio de podridão e ervas daninhas? O que é isso que está cheio de tudo isso que vê, ouve, lê?

Paulo Borges disse...

.....!!!!!

Anónimo disse...

Fm-Ra,

Sabe o que me apetecia dizer-lhe?: "Nada!" Para não o influenciar...
Mas, ainda assim, diria que não é, com toda a certeza, apontando defeitos que todo o ser huumano, porque o é, comete que Fm-Ra (artista português) resolve os males do mundo ou o déficit de aceitação e compaixão, em suma, o até há bem pouco tempo inexistente diálogo entre culturas.
Cegos, como é bom de ver, no nosso solitário e não solidário "mundinho" que é uma prática constante na nossa vidinha: "o meu clubinho"; "a minha naçãozinha"; "a minha saudadezinha..."; "os meus pensamentozinhos" e até "a minha verdadezinha"...

Temos que abrir a nossa alma... expandir a nossa consciência; ser outros constantemente... (lá dizia o outro...)

Não desanime! Há uma luz para todos, sobretudo se prestarmos atenção àquela que já brilha em nós, quando queremos ser melhores... (não para os outros, para nós mesmos)e querEemos ter menos... não mais... Para onde vamos, para que precisamos de ir carregados?
...

Evidentemente que a má formação, a má índole e a má-fé proliferam por todas as bandas e entram por todas as aberturas... Entre umas e outras, passamos, pois, fazemos o nosso caminho ou até mesmo "descaminho"... ("Nunca ninguém se perdeu... tudo é verdade e caminho". Sempre estes versos me martelam...)Não precisamos de muito e precisamos, afinal, de tudo.

Não sou pedinte disso de que fala e já sou suficientemente crescida para interpretar um "discurso" ou perceber quando me estão a vender "banha da cobra"...

Não me dê como exemplo disso, pois não me terá visto a seguir seja quem for, a servir, talvez seja mais fácil ver-me...
E quem falou em Caritas aqui?

As religiões institucionalizadas, como, de resto, as "seitas novas ou velhas" são constituídas por pobres de pedir como nós, com defeitos, como nós; até por "ingleses" como nós... só para (nos) vermos melhor...

Concordo em que não somos perfeitos, longe disso, só há mesmo necessidade de religiões porque somos imperfeitos e sonhamo-nos "lembramo-nos"... De outro modo, se todos estivessemos despertos, como soi dizer-se,e carregadinhos de ritos e de fé... e de bondade e de bem, que sabemos que há o Há. Se não fosse preciso, não era e não fariam sentido estes encontros, nem outros...
Ah! mas primeiro é preciso que o encontro se dê na nossa mesma Casa e a sós!

Que o diálogo se dê!
Com defeitos, com o tudo, o que é mundano...

Espero que tenha sucesso e seria um óptimo sinal que não se controlassem almas, pois isso é que é triste!

Um abraço...

P.S. Não havia necessidade de tanta escrita. Não sei ser breve, nem eloquente, espero que se tenha percebido a ideia.

Nuno Maltez disse...

Pelo contrário, acho-a bastante eloquente. Sou sem nação, clube ou saudade. Infelizmente ninguém é demasiado crescido. Não é, mas experimente ser. Porquê caritas? Porque a caritas é a base da religião, é a religiosidade ela mesma. A religião, ao contrário do que muitos pensam, não é um conjunto de teorias sobre Deus ou sobre a transcendência ou que sirvam para apaziguar almas de supermercado. É uma prática. Especificamente, a prática da caridade, também conhecida como compaixão. E escrevi algo muito simples: alguns líderes "religiosos" do país em que estamos não são caridosos, compassivos. Se saber disso a afecta negativamente, problema seu.

Nuno Maltez disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nuno Maltez disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Nuno Maltez disse...

E essa de não apontar defeitos é simplesmente fantástica. Tomo conhecimento de um erro, ainda para mais um erro grave, uma falha grave de alguém para com os outros, e não digo nada. Passo ao lado como se estivesse tudo bem. Por esse andar estaríamos ainda na idade da pedra. De resto, nenhum "grande" religioso apontou defeitos a ninguém ao longo da História.

Nuno Maltez disse...

Quanto à necessidade de religiões, importa primeiro definir "religião" - se tal for possível - e depois saber-se se são necessárias e qual a sua origem. Porque nada disso é claro, como me parece que dá a entender pelo que escreve quanto à necessidade das religiões. Mas calma que isso não se resolve com 20 ou 30 comentários num blogue. Quanto ao sucesso do diálogo em questão: como avalia esse sucesso? O que é o diálogo ter sucesso?

Anónimo disse...

Está bem, Fm-Ra (ou devo dizer Nuno... se não se importa...) Não o faço perder mais tempo. "Sou um caso perdido" para as suas pre.ocupações... E até para as minhas...:)

Não vou "alimentar" mais este "diálogo". Estão bem explícitos e claros os objectivos do curso e o que pretendem enquadrar e promover, no espírito da aceitação do outro e da multiculturalidade. É com esse honesto plano de intenções que concordo e conto.

Meu caro Amigo,não me desiludo com facilidade, tento não me iludir... às vezes consigo outras não...

Aguardemos que o curso se realize e creiamos na boa-fé, na capacidade intelectual e no conhecimento dos intervenientes para que se fique (quem for e quem ficar) mais esclarecido sobre as diferentes religiões.

"Prognósticos? Só depois do jogo...":)

Informo ainda que não me desiludo com facilidade, tento não me iludir... às vezes consigo outras, não...

P.S. Já fizemos o nosso trabalho de divulgação do curso :)

Um abraço cordial, Fm-RA.