quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Cultura ENTRE Culturas: uma revista diferenTre (a sair em final de Março)
Matriz
A revista Cultura ENTRE Culturas assume-se como matriz dialogal enTre experiências e razões, culturas e saberes, religiões e espiritualidades, tradições e civilizações, bem como enTre elas e o indizível que as possibilita e transcende.
O nome exprime a vocação de suscitar ou desvendar pontes, elos e armilas enTre domínios ilusoriamente distintos e afinal intimamente ligados, convertendo fronteiras em pontos de passagem, termos em mediações, limites em limiares.
Cultura ENTRE Culturas, lugar do não-lugar, vislumbra-se um ponto de equilíbrio/desequilíbrio entre os modos oriental e ocidental de percepção e vivência do real: algo enTre a diversidade evolutiva ocidental e a instantaneidade intuitiva oriental que a uma e outra reúna no trânsito para além/aquém de ambas. Lugar insituável do inter-valo entre isto e aquilo, nele tempo-eternidade, espaço-vacuidade, palavra-silêncio, discurso-percurso respiram e singram de mãos aliadas.
Estruturada sistemicamente, tal clareira de reflexão holónica e integral, a revista é um organismo vivo que evoluirá plasmando o que da realidade em cada momento se desvela e re-vela, pois a verdade se dita pelo olhar sobre ela lançado.
Cultura ENTRE Culturas terá periodicidade semestral e alternará entre ser predominantemente dedicada a temas e autores. Incluirá cada número estudos e ensaios sobre espiritualidade, filosofia, arte, literatura e ciência, prezando-se a publicação de autores nacionais e estrangeiros, bem como de inéditos. Haverá ainda um ou mais cadernos onde conviverão poesia e fotografia, porventura as linguagens de mais despojada e depurada apreensão, vivência e transfiguração do real. Não se trata de poesia + fotografia, mas antes de entender tais linguagens como duas possíveis asas da "theoria" e da "pragmática" do real, qual o vemos e recriamos, rasgando os limites de cada domínio de linguagem para o ilimitado que lhe subjaz.
O real não tem linguagem e nesse sentido nem real é. Somos nós que o lemos/criamos através da diversidade de modos e códigos por que a linguagem o/se configura. Nisso o/se faz presente-ausente nesse algo indizível que nos visita tanto quanto se nos furta. É enTre essa presença e ausência, no hífen que une-cinde presença-ausência, que Cultura ENTRE Culturas habita: terra de todo o mundo-ninguém, sempre virginal e fértil matriz onde entrelaçado tudo germina, floresce e frutifica e aonde tudo entrançado regressa e repousa: indivíduos, povos e nações, cultos, culturas e civilizações, saberes, artes e espiritualidades.
Propósitos
Cultura ENTRE Culturas elege-se pelos seguintes propósitos:
1. Contribuir para o desenvolvimento de uma consciência-experiência integrais, multidimensionais, inter e trans-disciplinares do real e do que possa haver além-aquém do que como tal se designa, enriquecendo criativamente a vida e a existência mediante a compreensiva realização das suas supremas possibilidades.
2. Explorar antigas e novas possibilidades espirituais, mentais, éticas, artísticas, científicas, educativas, ecológicas, comunicacionais, sociais, políticas e económicas, alternativas à crise e declínio do paradigma civilizacional ainda dominante e que obedeçam ao soberano critério do melhor possível para todos os seres sencientes, humanos e não-humanos.
3. Promover o conhecimento e diálogo entre culturas, civilizações, religiões e espiritualidades, bem como entre estas, o ateísmo e o agnosticismo, no espírito da mais ampla imparcialidade e universalismo.
4. Contribuir para a harmonia e a não-violência na relação do homem consigo, com a natureza e com todos os seres sencientes, ou seja, capazes de sentir dor, prazer e emoções.
5. Despertar e orientar para estes fins a cultura e a sociedade portuguesas, bem como a comunidade lusófona, valorizando e promovendo as tendências nelas latentes que mais apontem neste sentido.
Reclamando-se desse sempre insituável enTre cada coisa e cada outra, enTre cada coisa e tudo/nada, este projecto vislumbra essa terra de todo-o-mundo-ninguém que é a pátria dos anjos do real, evocada por Sophia de Mello Breyner – a pátria daqueles que, nada almejando para si, passam pela vida dando o que a si mesmos ultrapassa e não pertence.
EnTre os muitos anjos do real planetários estão, insuflando as velas da nossa cultura, homens como Luís de Camões, Padre António Vieira, Antero de Quental, Teixeira de Pascoaes, Leonardo Coimbra, Fernando Pessoa, Almada Negreiros, José Marinho, Agostinho da Silva e Vergílio Ferreira, decenário de Anjos do Real em vida, respiração e dádiva tão diversas quanto unas. Eles nos inspiram e movem, enTre tantos outros.
EnTre a lusofonia, que em abertura ao universo nos congrega, e a luso-fania que a cada um e todos pode libertar, se faz a viagem do presente projecto. Porque não nasceu de si, também em si se não esgota. Parcerias poderão acontecer, tornando mais fértil e diversa a disseminação do paradigma que aqui germina.
Um paradigma Armilar, como a Esfera que se entrelaça e tremula numa das muitas bandeiras do mundo, simbolizando todas e nenhuma.
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