terça-feira, 5 de janeiro de 2010



Ascende ao profundo

a epiderme do mundo

a ilusão da distância

a música o silêncio

na morte a culminância

a ferida de tudo ao rubro

transfiguração

de mãos dadas antes de ter

se nada se agarra nada se perde

sonhar é o avesso de ter que viver

nada se tem nada extravasa a promessa

de nos vermos soltos de querer

não ter pátria outra que a Perdição

a vida revolta de dentro feita canção

a seiva a voz sempre recém-nascida

não pode ser colhida

nectarina pura e bela

bebida na fonte

com a frescura de não ter sido

no Longe a festa não é um fim

o beijo em visão

a esperança em agonia

resumo de toda a presença

na percuciência da luz

instantes de esquecimento

sem espaço ou tempo ou demora

o impossível a ser agora

impreterível e abrupto

4 comentários:

platero disse...

reconheço-te com agrado desde as primeiras palavras

abraço

Paulo Borges disse...

Belo poema, Paulo! Vou divulgar no Facebook.

Paulo Borges disse...

E bela homenagdem a uma artista transcultural! Que permaneça na Luz!

Cristina Castro disse...

Gosto! Vou partilhar! Obrigada!