segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Às seis da manhã
quando a brisa é fresca abro a janela
para que meu corpo quente se aquiete

quero falar sobre o vento
que de mansinho invade meu quarto.
depois desisto.

A sensação deste ar que se espalha
entre meu ombro direito e a anca esquerda
mal daria para um verso de 17 sílabas.

Se eu soubesse suspender o momento
desenhava a curva e seus pontos de fuga,
tacteava a superfície generosa e lisa
desse presente que se escapa.

Se eu soubesse suspender esse tempo
meu texto não seria mais que um sopro
dessa brisa que me acorda todos os dias
às seis da manhã.

Nesse sopro eu escreveria a eternidade.

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