Ama o Céu cá na Terra e diz que é magno o teu fogo
Não digas a ninguém que o amor é um engenho de criar bichos
que as mulheres e os homens podem sair a correr das suas camas
tão aflitos como o silêncio que nos pariu
Fala como se o vento dividisse a força contigo
e lança o pedregulho para embater no satélite mais afastado
Mas nunca deixes de amar como uma mosca que poisa no casaco
sem o ruído das forquilhas
sem tropeçar na canção que duas línguas produzem
É sabido que o coração é um botão preso por uma linha
ou talvez
um velho armante
a julgar-se capaz de tapar uma ferida com o dedo largo
Não deixes que a fome de atirador prevaleça
nem cuspas nas mãos para aqueçê-las
pois este frio é antigo
marmóreo nos sulcos das veias
sem boletim de vacinas
O amor saberá esperar pela calada de um bosque
A guerra não deixa corar os sexos - Disse um dia um soldado antes de pisar o excremento
Se um dia me vieres visitar não tragas lenha nem lanche
Evita meter conversa com as aves de rapina
E vem direitinha a mim numa velocidade de naufrágio
Saberás que os filhos que programámos também dormem na areia
Pois é de nós ensinar a somar todos os fenómenos com crepúsculos
Se mesmo assim a casa não se levantar ou um Deus vier
Contar a mesma história
Eis que as pedras se unem para fazer os dias
2 comentários:
Caro Flávio, não tinha ainda lido com atenção mais este seu poema tão comovente de belo e profundo... Pense em enviar alguns para esta revista, por favor.
viva Paulo Borges!
ok. grato pelo convite. serei muito breve em fazê-lo. abraço
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