"Sabeis o que é religião? Não é cântico, não é execução de puja ou outro ritual, não é adoração de deuses de lata ou imagens de pedra; ela não se encontra nos templos e igrejas, nem na leitura da Bíblia ou do Gita; não é a repetição de um nome sagrado ou o seguir de qualquer outra superstição inventada pelos homens. Nada disso é religião.
Religião é o sentimento da bondade, daquele amor semelhante ao rio – que é um movimento rico eterno. Naquele estado, vereis chegar um momento em que não haverá busca de espécie alguma; e esse findar da busca é o começo de algo totalmente novo. A busca de Deus, da Verdade, o sentimento de se ser integralmente bom (não o cultivo da bondade, da humildade, porém o buscar, além das invenções e dos artifícios da mente, uma certa coisa – e isso significa ser sensível a essa coisa, viver nela, sê-la) isso é que é a verdadeira religião. A vida cuidará então de vós, de uma maneira surpreendente, pois, de vossa parte, nada haverá para cuidar. A vida, então, vos levará aonde lhe aprouver, porque sereis uma parte dela; não haverá mais problemas concernente à segurança ou ao que “os outros” digam ou não digam. E esta é que é a beleza da vida."
Krishnamurti, A Cultura e o Problema Humano , S. Paulo, Cultrix, 2ª edição, p. 133.
"E eu me pergunto que papel representa a religião na vida daqueles que estão aqui. Por religião, eu agora me refiro a uma coisa completamente diferente, algo que é tão importante - se não muito mais importante - do que ganhar o pão de cada dia. Para mim, religião é algo a que você entrega todo o coração e a mente e o corpo, tudo o que você tem. Não é algo a que você se volta como passatempo, ou para adotar quando estiver velho, com um pé na cova, por não ter nada melhor que fazer, mas sim algo que se torna vitalmente importante, algo intensamente necessário, como um completo modo de vida, a partir do momento em que você acorda até o momento em que vai dormir, de modo que cada pensamento, cada ato, cada movimento do seu sentimento é observado, considerado, ponderado. Para mim, a religião abrange o todo da vida. Ela não está reservada aos especialistas, aos ricos ou aos pobres, à elite ou ao intelectual. Ela é como pão, algo que você precisa ter. E eu me pergunto quantos de nós a levam a sério desse modo - o que não significa ser briguento, dogmático, excludente, sectário, ou alguém muito especial. A religião exige, não conhecimento ou crença, mas uma extraordinária inteligência, e, para o homem religioso, tem de haver liberdade, completa liberdade."
Krihsnamurti, Palestras em Saanen (1963), http://www.krishnamurti.org.br
Sem comentários:
Enviar um comentário