Como golpe que decepasse o que nos encobre, desencobre-se-nos a treva que nos vemos, contra o fundo que nos é isso: apenas fundo - de ser apenas.
Somos a sombra em que a luz se nos adormenta: somos rosto, cara e caravela; somos estar, estandarte e a arte disso; somos nisso a vela que nos revela e acorda disso, em sempre desacordo connosco.
Quando a lança for o que a lança, e o mesmo alvo que se almeja nela, vencer-se-nos-á o combate: seremos em tudo herói vencido -
no "combate mítico do herói consigo mesmo": ven-seremos!
É uma representação, Paulo e o poema do Donis parece-me que reverte ou reconverte a representação numa aspiração à re-união. Pensei primeiro em outro título: «Jacob e o Anjo». Há um momento no caminho, instante dramático e passagem, em que essa representação é vivida. Levada 'a sério' (como se fosse mesmo um combate) apenas nos deixará exaustos e é, à partida, uma derrota, como dizes. Os vossos comentários são seminais. Obrigado.
3 comentários:
Como golpe que decepasse o que nos encobre,
desencobre-se-nos a treva que nos vemos,
contra o fundo que nos é isso:
apenas fundo - de ser apenas.
Somos a sombra em que a luz se nos adormenta:
somos rosto, cara e caravela;
somos estar, estandarte e a arte disso;
somos nisso a vela que nos revela e acorda disso,
em sempre desacordo connosco.
Quando a lança for o que a lança,
e o mesmo alvo que se almeja nela,
vencer-se-nos-á o combate:
seremos em tudo herói vencido -
no "combate mítico do herói consigo mesmo":
ven-seremos!
Não será já uma derrota, encontrar em si o que combater?
É uma representação, Paulo e o poema do Donis parece-me que reverte ou reconverte a representação numa aspiração à re-união. Pensei primeiro em outro título: «Jacob e o Anjo». Há um momento no caminho, instante dramático e passagem, em que essa representação é vivida. Levada 'a sério' (como se fosse mesmo um combate) apenas nos deixará exaustos e é, à partida, uma derrota, como dizes.
Os vossos comentários são seminais. Obrigado.
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