domingo, 3 de outubro de 2010

Al-Biruni


Nascido por volta de 973, na região de Khwarezmia iraniana, ele levaria a cabo uma actividade de observação científica que seria muito útil para a elaboração de calendários e da cronologia das nações. Mas foi a sua obra sobre a Índia (Kitab al-Hind), finalizada por volta de 1030, que lhe trouxe grande notoriedade. Foi o primeiro a falar claramente da epopeia guerreira de Mahabharata, tal como se pode constatar nesta passagem retirada do Livro da Índia: «É uma obra particularmente venerada pelos hindus. Eles procuram que encontremos aí tudo o que está nas outras obra, para além de outras informações que não podem ser encontradas em mais lugar nenhum. Este livro, o Maha-Bharata, organizado por Vyasa, filho de Parashara, durante a grande guerra entre os [Pandava] filhos de Pandu, e os de Kuru». A seguir, o leitor pode ler a descrição detalhada das dezoito partes que constituem o Mahabharata. Al-Biruni morreu por volta de 1050, sem dúvida, na sua terra natal de Khwarezmia.
O caso de Al-Biruni é exemplar. Eis um sábio completo, versado no enciclopedismo, que provou a necessidade de aprender o sânscrito e o hinduísmo, que traduziu obras sânscritas para árabe e as suas próprias obras para o sânscrito. Chamado respeitosamente AlUstad, «o Professor», Al-Biruni tanto era sábio no domínio dos idiomas e da religião, como no domínio da geometria euclidiana, da filosofia e da astronomia. No seu Livro da Índia, Al-Biruni faz referência à total imparcialidade que todo o bom historiador deve ter: «Foi para isso que escrevi este Livro da Índia, sem difamar pessoas que têm crenças contrárias às nossas e sem me esquecer de citar as suas próprias palavras. Se o que eles crêem ser a sua verdade difere da nossa, mesmo parecendo ela abominável para os muçulmanos, que assim seja! Apenas direi: "É nisto que os hindus acreditam e é esta a sua forma de ver!" » (p.42).

Malek Chebel, O Islão Explicado, 2010, Europa-América, Mem Martins, pp.127-128

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