terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Não há nada que dure para sempre...

Sempre acreditei o contrário. Nunca tinha visto a vida acabar. Mas agora, havia uma despedida, e eu tinha de aceitar que Miguel dizia-me a verdade. Nesse dia, a dor casou-se com o sofrimento. Perdi o amanhecer, não dei conta da noite.
Mais do que a dor da despedida, roubaram-me a eternidade. Viver debaixo deste postulado, determinando que tudo tem um fim, fez do meu mundo um corredor estreito.
Começar tudo de novo. O tempo foi definido em intervalos. O dia acaba. A noite finda. Uma largarta morre. Uma borboleta nasce. "Tudo acaba um dia". Foi com essa afirmação que o meu corpo quase assumiu o seu fim.
O dia se prolonga na noite, todos os dias. Umas vezes fria e escura, à espera da cor no dia seguinte. Noutras quente e suada, pede o fresco do amanhecer. Muda a cor, muda a temperatura e é dia e noite todos os dias. Na Primavera, Verão, Outono, Inverno e de novo a Primavera o dia é sempre dia. A lagarta cresce bem devagar até ganhar a asas da borboleta.
Meu mundo cresceu, lá fora o dia é dia de novo. A borboleta nasce e morre. Entre nascer e morrer, voa.

Fosse a vida finita
com um início e um fim
o pecado seria só um
acreditar que a vida
não tem fim

quando tudo parece findar
nasces de novo
sem dares por isso

sorriso que prolonga no riso,
antes o pranto
outro sorriso de novo

entre inspirar e expirar
respiras
entre amanhecer e anoitecer
é dia

Quando voltar a ver Miguel, com um abraço, segredo bem de mansinho:

- A vida não existe sem mudança...

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