domingo, 1 de novembro de 2009

Mosaico



São flores e aves ricamente vestidas
No corpo das arcadas;
No mármore azul da Líbia do olhar:
Um olhar como um pássaro, sem deixar rasto
Move-se na brandura dos céus de Constantinopla.

Há um grito engolido pelo vento
Vem do mar como se de gaivota fosse
o grito: uma memória de ébano nos cabelos
E Dimena é uma flor branca no mosaico dos dias
Para que haja som no silêncio dos passos.

Um sino recolhe as asas para o outono longe
Pentear as almas como quem se veste
De linho e de perfumes da remota Istambul
da alma. Da renda do mármore no oiro da verdade
E a Verdade são as vides que se estendem nos muros

As romãs abertas da Saudade e tu, pomba de mim,
roças as asas na brancura das águas
Na imagem da pintura de uma catedral
De mar aberto: oração de vento e brisa e conchas
Saudade do coração do trigo, do pão do espírito

O claro escuro do dia e da noite!
A eterna chama entre os espaços adentro
da entre-aberta porta, do entreaberto plano
A sístole e a diástole deste ser e não ser
O negro véu da noite e a espuma branca

A subir e a descer o peito das arcadas!

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