quinta-feira, 26 de novembro de 2009

combate mítico do herói consigo mesmo


3 comentários:

Donis de Frol Guilhade disse...

Como golpe que decepasse o que nos encobre,
desencobre-se-nos a treva que nos vemos,
contra o fundo que nos é isso:
apenas fundo - de ser apenas.

Somos a sombra em que a luz se nos adormenta:
somos rosto, cara e caravela;
somos estar, estandarte e a arte disso;
somos nisso a vela que nos revela e acorda disso,
em sempre desacordo connosco.

Quando a lança for o que a lança,
e o mesmo alvo que se almeja nela,
vencer-se-nos-á o combate:
seremos em tudo herói vencido -

no "combate mítico do herói consigo mesmo":
ven-seremos!

Paulo Borges disse...

Não será já uma derrota, encontrar em si o que combater?

fas disse...

É uma representação, Paulo e o poema do Donis parece-me que reverte ou reconverte a representação numa aspiração à re-união. Pensei primeiro em outro título: «Jacob e o Anjo». Há um momento no caminho, instante dramático e passagem, em que essa representação é vivida. Levada 'a sério' (como se fosse mesmo um combate) apenas nos deixará exaustos e é, à partida, uma derrota, como dizes.
Os vossos comentários são seminais. Obrigado.