Alfabeto vegetal
(Dedicado a Inês Borges e a Paula Toscano)
As nervuras, as folhas e os veios
Do que à mais luminosa luz se mostra
É o que mais na sombra se desnuda e cala
Rosa entre todas és cega de ti
Em jardins de asas.
Entre rosas e rosas se ergue um muro
E o muro cheira a madressilva e a canela
E no desenho do muro um verso vegetal
Um rio de margem infinita e terna: árvore
Entre a rosa e a Rosa.
Entre mim e mim,
A forma aérea do vento: a árvore, a casa
A claridade de uma pedra acesa…
Uma palavra basta para incendiar o mundo
Nos lábios que tocam a beleza sublime
Do perfil de um mar adocicado e puro.
Uma lira a tocar dentro de um traço
Um gesto de quem desenha o universo
de um só único traço
Traça um rosto devoto, dedicado,
Como quem segue um labirinto em círculos
Que se completam em arcos
como um verso.
(Maria Sarmento)
Maria, não tenho palavras para te agradecer a dedicatória deste "Alfabeto Vegetal", que é duma delicadeza subtil imensa, duma poética grandiosa, que a tua Alma generosa me ofertou. Foi uma surpresa imensa ver o teu poema sugir a partir dum post Caligráfico, ilustrativo dum alfabeto Vegetal, creio que no Facebook. E, ver a evolução deste texto que foste tecendo ao longo do tempo, como uma tecelã mistica, trouxe-me a rosa...as Rosas. Beijo no teu coração Maria.
ResponderEliminarTb adorei, lindo, Maria! Abraço
ResponderEliminarO silêncio mais sopra entre as brisas das árvores, mais fundo cala a voz do vento do que o bordado das palavras. Uma palavra nada diz das rosas. Seria preciso o aroma dos frutos e do Silêncio que fala o seu Mistério, nas noites em que o som do mar bate nas janelas da alma e o rumor da voz é ante-visão da Voz que não sei ainda "ler", mas aprendo convosco. Sou uma aprendiz dos sons e de tudo o que ilumina as rosas. Um jardim abandonado e muito atento ao que vem, se vier, que já veio. Saiba-o eu guardar nas vossas mãos confiada.
ResponderEliminarGrata pelas vossas palavras e comentário. O que é oferecido não é meu, é vosso, e não é para agradecer.
Abraço.