sábado, 5 de fevereiro de 2011

Da Lira, por Isabel Rosete


Orfeu! Ah, Orfeu!
Tu, ó deus da lira e do canto,
Da katarsis musical,
Que me moves o corpo
E adoças a alma
Nos desígnios do Amor
Puro e leve,
Trágico e terrível.
Sempre presente
Estiveste, ó Orfeu, saudado e desejado,
No reino dos vivos e dos mortos,
Amando, sofrendo,
Lamentando-te pelo Amor perdido.
Orfeu! Ah, Orfeu!
Tu, ó grande dádiva de magia
Que até os rochedos comovias.
Não tens limites,
Ultrapassas todas as fronteiras,
Infindas, que só a arte das Musas alcança.

Orfeu! Ah, Orfeu!
Como me revejo nesse teu Amor
Des-graçado, penitente, nunca recuperado.

Também eu des-pedaçada,
Não pelas mãos das Ménades
Embriagadas por Diónisos,
Mas pelas garras dos amantes
Que não me amaram,
Dos amantes que me possuíram
E nunca me conquistaram.

Isabel Rosete



2 comentários:

  1. E se fosse eu
    quem estivesse por ser
    conquistado?

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  2. Ainda bem que este texto está assinado três vezes em míseros dez centímetros quadrados: não fôssemos nós ter dúvidas quanto à sua autoria.

    É bem não desautorizar ninguém.
    Autorizemos, pois.

    Entre-tanto, d-estaca-se, por de-mais, pel'a e-vidência:

    "Também eu despedaçada"

    (sem o des- acen-tu-ado, que fica pros-ai!-co)

    P.S.
    Quando o eu poético (quando o haja) jamais nos convence que não é apenas o eu que grita na fala, fica apenas fala que grita.
    Que pena!

    "Orfeu! Ah, Orfeu!"

    (Os epígonos helenizantes já tiveram melhores dias: e piores também!)

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