sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Pessoa?

Resistindo, dir-se-ia, persistindo modernamente, sempre sem descarrilar, no trilho enigmático do conhece-te-a-ti-mesmo apolíneo, parece ter sido o veredicto de Rimbaud o que não obstante também tomou por preceito.
Foi assim, materializando tudo quanto lhe atravessava o espírito em torno de heterónimas ou ortónimas mas sempre distintas autorias, que à letra levou a consciência fragmentária sua contemporânea: formando, afinal, diversas unidades estilísticas e, com elas, unidades correspondentemente diversas da própria experiência do seu ser Pessoal.

9 comentários:

  1. Este pequeno texto é muito mais perspicaz do que parece, ao primeiro olhar.

    Cito Rimbaud:
    "Para vós a minha sabedoria é tão desprezível como o caos. Que é o meu nada, comparado ao horror que vos espera?" ("Iluminações", Vidas I)

    E cito Pessoa:
    "A verdade para ser humana tem de ser erro" ("O Vencedor do Tempo")

    Não há em nós (senão na base de um puro e simples auto-ilusionismo que se julga lúcido) qualquer coisa a que se possa chamar "ser pessoal".

    Ser e pessoa são dois erros numa qualquer tabuada. A pessoa é precisamente o palco - pungente, embora - de tal impossibilidade.

    O que há é a obstinada resistência a não sermos o que isso que somos não é.

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  2. Sim, digamos, ainda que o ser ou o não-ser seja ou não seja mesmo tudo quanto de não pessoa e sim indeterminado somos.
    Simplesmente, meteoritos, é logo num primeiro olhar que se pode ver isso. Nem mesmo as más pessoas são assim tão estúpidas. E segundos olhares desvirtuados e irrealistas são, bastas vezes, os que desdenhosamente se envaidecem e se fecham nessa certeza. Não há nada pior, como certo alguém dizia, do que defender as causas certas pelas razões erradas.
    El Dani

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  3. «Conhece-te a ti mesmo»...

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  4. "Je est un autre", dijo Rimbaud. O sea que tampoco es propio limitarse a la venganza de la propia miseria.

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  5. F. is back!
    (Estou tão emocionado!!)

    Louvado seja (sei lá!) o deus cornífero, enquanto a grande deusa não põe isto na (des)ordem.

    Atenta a aventaleira para o pitéu rançoso da ignomínia demo-craticida, enquanto a assembleia dos sornas de São Bento (ou aqui de Santo Entre) for hemiciclo, e não círculo, deve ser difícil a coisa ir. Isto é, desandar(em). Perdão, armilarem.


    P.S.
    A "anónima" criatura deve estar a perguntar-se o que é que isto terá a ver com alguma coisa...
    Nada.
    Ainda bem!

    (Vai uma citaçãozinha, para aquecer os calos da mioleira?!)

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  6. Vai "às mijinhas" também, como os Anónimos vêm:

    Não defendo causas, nem mesmo as consequências.
    Sou causa: conforme se vê. Ainda que isso seja mera consequência.

    Adios!

    P.S
    Nunca tinha pensado - que vício: pen(s)ar! - que não más pessoas pudessem ser assim não tão estúpidas, ou tão não estúpidas.

    Em geral, parecem o que são. Isto é, acabam por ser. Que é o mesmo: só que, como é a andarem no mesmo sítio, nota-se menos.

    (Vou reler o grande Góngora, para dar assim uns remates giros também, na língua de... Saramago)

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  7. A terceira, que faltava para fazer "pendant" com F. de IR:

    MeTheOros, para MeTheOros: "Conhece-te a ti mesmo!".

    MeTheoros, para MeTheOros: "Quem?!"

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  8. Ora, pois, bem, sim..: ora, mas quem?!
    Mesmo quando nem um só Zé é ninguém..:
    Só tu sabes o que queres ser, porém.
    E os meteoritos querem-se rochas singelas e verdadeiras como o ouro que penetrando a terra ainda não brilha e já não se engana.

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